Capítulo 24

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Minha mãe estava sentada na mesa da cozinha, um pouco pálida e coloquei um copo de água gelada na sua frente. Deveria oferecer um calmante também depois disso, coitada. Ela pegou o copo e bebeu de uma vez.

- Mãe, desculpa. - Eu disse sem jeito.

- Tudo bem, filha. Só começa a trancar as portas, tá?

- Eu... Eu não estava te esperando, desculpa.

- Eu te avisei na semana passada que eu viria.

Puta merda, ela tinha me avisado mesmo mas fiquei tão distraída com tudo o que aconteceu que até me esqueci. Dei um tapinha na minha própria testa.

- Nossa, é verdade. Mãe, me desculpa mesmo.

- Então... É sua amiga nova? - Ela perguntou ainda chocada mas aliviada, sem saber outra forma de perguntar.

Minha mãe sempre teve um pé atrás achando que eu gostava de mulheres quando era adolescente pelo meu jeito de ser, a gente nunca teve realmente uma conversa sobre isso depois que eu fiquei mais velha mas acho que ela não estava esperando descobrir desse jeito. Eu sempre fazia piadas de duplo sentido e acho que ela sempre imaginava alguma coisa mas ver a situação, definitivamente a pegou de surpresa. A gente não conversava muito sobre essas coisas e é ainda pior quando se é mais velha. Abri a boca para negar mas a fechei antes de dizer algo.

- Olha... Eu não vou negar porque, bom, não tem como negar a essa altura porque você viu ela pelada e nós duas estamos sozinhas aqui. - Os olhos da minha mãe se arregalaram e ela assentiu com a cabeça me ouvindo com atenção. - A gente tá se conhecendo.

- Ok.

Ela começou a tentar digerir a informação.

- Faz tempo?

- Não muito. Eu ia te contar mas eu não tive tempo ainda...

Antes que eu pudesse continuar, Malu apareceu na cozinha completamente vestida, graças a Deus.

- Muito bom dia! - Ela disse daquele jeito único dela ainda parecendo um pouco envergonhada com a minha mãe. - Desculpa por antes viu, dona Gerloff.

Eu apertei meus lábios tentando não rir.

- Pode me chamar de Eliane. Que bom que você encontrou suas roupas.

Minha mãe a olhou dos pés a cabeça. Malu era linda de morrer mas para quem não a conhecia ela parecia uma figura intimidadora. As tatuagens, os piercings e as roupas geralmente consideradas masculinas, não acho que era algo que minha mãe estava acostumada. Eu sabia que minha mãe estava a julgando pela aparência.

- Muito prazer! - Ela forçou um sorriso simpático e se aproximou mais de mim falando baixo. - Eu tenho que meter o pé, tá?

- Uhum.

Concordei com a cabeça.

- Depois te mando mensagem. Um bom dia pra vocês.

- Tá bom.

- Muito prazer de novo viu, dona Eliane. - Ela acenou tímida e minha mãe acenou de volta.

Maria Luz beijou meu rosto e saiu caminhando tímida sob os olhos atentos da minha mãe.

- Para de julgar, ela é uma ótima pessoa! - Eu falei quando fiquei sozinha com a minha mãe. - Você só tem que conhecer ela melhor.

- Ela é bem tatuada, não? E meio maloqueira, né?

Eu tinha que concordar.

- É mas ela tem ótimas qualidades! Eu juro!

- Você já contou pro seu pai?

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora