Os últimos dias haviam sido de pura ansiedade, a gente não desgrudava do celular a espera de uma ligação e cada dia que passava era mais angustiante. Saíamos correndo cada vez que o telefone tocava e não estava próximo. Malu acabou voltando a trabalhar para se ocupar mas eu não tinha muito o que fazer a não ser aguardar pois meus compromissos só começariam novamente dali alguns dias, nós acabamos desistindo de voltar para a casa do meu pai para ter que voltar em seguida caso nos ligassem. Meus dias se resumiam a ficar em casa procurando algo para me ocupar, lendo e estudando sobre o processo de adoção.
Eu não sabia o quanto eu queria isso até ter que ficar nessa espera torturante, eu não conseguia parar de pensar... Seria um menino? Seria uma menina? Seria um bebe ou uma criança mais velha? Nós seríamos boas mães? Eu simplesmente não conseguia parar de pensar mas independente de tudo, eu sabia que existia uma criança por aí que seria nossa e só nossa.
Maria Luz tentava trabalhar de casa alguns dias para me fazer companhia mas outros ela ficava o dia todo fora, em um desses dias eu aproveitei e peguei o quarto de hospedes ao lado do nosso e fiz uma revolução para recomeçá-lo do zero para decorar para o nosso filho. Eu nem percebi a hora passar e que já era tão tarde quando ouvi a voz da Malu atrás de mim.
- Vida? - Malu me chamou e me virei surpresa.
Ela estava parada na porta do quarto com um sorriso curioso, olhando o quarto vazio e que eu já havia o preparado para começar a pintar as paredes.
- O que aconteceu?
- Eu me senti inspirada. - Respondi com as mãos na cintura fazer ela rir.
Malu entrou no quarto e beijou o topo da minha cabeça, olhando para os pequenos baldes de tinta espalhados ao redor.
- Tu tirou tudo daqui sozinha?
- Sim! Não duvide da capacidade de uma mulher inspirada. Passei o dia todo fazendo isso.
Ela deu risada e se agachou para olhar as cores de tintas que escolhi.
- Eu não sabia qual escolher então peguei amarelo, verde e azul para ver qual fica melhor. - Expliquei e vi ela sorrir. - Queria uma cor alegre e que iluminasse o ambiente sabe, acho branco muito... Não sei...
Malu ficou em silêncio por um momento e se levantou, se aproximando mais de mim.
- Vida, eu sei que tu teve a melhor das intenções e sei que tá tão ansiosa quanto eu mas a gente combinou de não criar tanta expectativa, não é? - Ela falou com cuidado. - O mesmo motivo que nem contamos isso pra ninguém, pô. A gente nem recebeu a ligação ainda e talvez nem vá antes do prazo vencer, então vamo te que começa tudo do zero de novo.
Perdi o sorriso do rosto com o balde de água fria que ela me jogou.
- Desculpa se eu quis fazer algo para me ocupar ou pelo menos deixar tudo preparado.
- Não to dizendo que é uma coisa ruim, vida. Só tô falando pra tomar cuidado pra gente não se machucar, entende? Muita expectativa também é ruim...
- Expectativa? Malu, a partir do momento que a gente decide ter um filho, expectativa é o que mais se tem. Como você quer trazer uma criança pra cá sem ela não ter nem onde dormir?
- To querendo dizer que essas coisas levam tempo e a gente nem sabe se vai dar certo.
- Com esse teu pensamento negativo não vai mesmo. - Disparei. - Quer saber? Deixa isso para lá, é melhor eu não criar expectativa mesmo.
- Vida... - Ela disse com calma e eu me virei para sair.
- E obrigada pela maravilhosa primeira semana de casamento, tá? - Aproveitei para alfinetá-la. - Definitivamente você conseguiu superar meu antigo casamento!
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era uma vez // LUÍSA SONZA
Fiksi Penggemar''contigo eu tô tentando arrumar minha vida e bagunçando ela embaixo dos lençóis.''