Capítulo 53

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A notícia sobre a mãe da Malu mudou tudo, a nossa briga parecia totalmente insignificante naquele momento. Tudo aquilo foi derrubado e deixado de lado porque eu sabia que precisava estar lá para ela naquele momento, assim como para o L7. Eu não conseguia imaginar a dor que os dois estavam sentindo, mesmo que tivessem uma relação conturbada com a mãe isso não mudava o fato de que era a mãe dos dois e ela havia se ido de maneira tão trágica graças a mesma coisa que a atrapalhou durante toda a sua vida, o vício.

Cancelei todos os meus compromissos pelos próximos dias, Ludmilla e Brunna também fizeram o mesmo. Tia Silvana não saiu do lado dos dois em nenhum momento e eu fiquei feliz de ver que os dois tinham tantas pessoas que os amavam e cuidaram de todas as coisas legais, eu ajudei da melhor forma que pude também. Meus pais voltaram para Rio com a notícia para ajudar também, eu sabia o quanto os dois também se importavam com a Malu e a consideravam família. Até a Gabriela apareceu pra prestar seus respeitos e foi algo que eu admirei, deixar tudo de lado naquele momento difícil.

L7 estava triste como qualquer filho que perde a mãe mas ele parecia lidar melhor com toda aquela situação ou pelo menos se abrir mais com as pessoas, já a Maria era o completo oposto. Até nisso eles eram tão diferentes. A luz dos seus olhos tinha desaparecido, assim como a luz que emanava dela naturalmente. Ela nem mesmo se parecia com a mesma pessoa, sua aparência estava completamente abatida, olhos baixos e sua voz rouca era quase um sussurro, seu rosto estava sempre vermelho ou molhado pelas lágrimas. Parecia que toda a sua luz havia partido junto com a mãe. Ela tinha se fechado dentro de si mesma com aquele luto. E eu entendia, acho que se eu perdesse a minha mãe eu também ficaria completamente perdida.

Depois da cerimônia, todos fomos para o apartamento do L7 na companhia dos amigos mais próximos deles. Malu continuava inconsolável e distante e eu não sabia o que fazer, ela estava debruçada sobre a sacada enquanto meu pai estava do seu lado lhe dando palavras de conforto e acariciando as suas costas com a mão.

- Amiga, você tá bem?

Lud perguntou do meu lado me vendo sozinha, abraçando meus braços ao meu redor e observando a distância.

- Na medida do possível e você?

- O mesmo.

- Eu me sinto impotente. Eu sinto que não posso fazer nada para ajudá-la. Que palavra de conforto que eu posso dizer que vai consolar um filho que perde a mãe?

- Acho que no momento palavras não são tão importantes, mas a sua presença e o seu apoio é. Talvez seja o que ela mais precise agora.

- As vezes eu sinto que ela nem mesmo se dá conta da minha presença, é como se toda luz de dentro dela tivesse se apagado. Ela quase não come ou dorme, muito menos fala comigo.

- Claro que ela dá, ela está sofrendo. Você tem que ser paciente nesse momento e estar lá para ela, eventualmente e com a ajuda das pessoas ela vai conseguir passar por isso.

- Eu espero que sim. - Falei preocupada.

- Ela vai, confia. - Lud apertou meu ombro de maneira descontraída e dei um sorriso de canto cheio de esperanças.

Maria Luz não estava se sentindo muito no clima de socializar e saiu do apartamento com a desculpa que iria tomar um ar. Eu tinha a sensação de que todas essas pessoas ao redor mais a incomodavam do que a ajudavam. A frente fria que chegou e ficou no Rio não quis mais ir embora, a noite estava caindo e ela ainda não havia voltado. Peguei um moletom e desci a sua procura, andei por todo o quarteirão do prédio atrás dela e não a encontrei mas bastou atravessar a rua pra ver uma pessoa sentada sozinha na areia da praia vazia.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora