Capítulo 39

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Eu disse que iríamos nos atrasar e realmente nos atrasamos um pouco. Malu dirigiu toda ansiosa e animada pra Duque e eu tava ansiosa junto, contando os quilômetros no GPS até a gente chegar. Ela fez questão de me apresentar toda a região onde ela cresceu e me mostrar tudo, era incrível como todo mundo ainda a conhecia ali apenas como ''Maluzinha'' e todo mundo, todo mundo mesmo até os cachorros da rua ficavam felizes em ver ela.

- É aquela casa ali. - Ela apontou com a mão livre e segurando a minha mão com a outra. - A Lud morava nessa casa aqui.

A casa onde ela cresceu e a sua mãe vivia até hoje era a mais bonita da rua, era simples mas aconchegante, uma gracinha. Maria e o Lennon podiam não ser muito próximos da mãe mas eles definitivamente ainda cuidavam dela a distância e garantiam o seu conforto.

- Então foi aqui que você cresceu?

- Aqui mesmo! - Ela sorriu ao falar. - Altas histórias nessa rua com a Lud e meu irmão, perdi altos tampão do dedão aqui também jogando bola.

Malu me confidenciou me fazendo rir.

- Eu consigo imaginar!

Ela parou na frente do portão e vi ela pegar uma chave para abrir, me indicando o caminho. Eu estava bastante envergonhada e a esperei para caminhar junto dela.

- Tá pronta? - Perguntou sorrindo.

- Não! Quer dizer, sim! Tô, calma! - Ajeitei meu cabelo e respirei fundo.

- Tá linda, vida! - Malu roubou um beijo dos meus lábios me fazendo rir.

Eu a segui segurando sua mão mas não pude deixar de notar o cenário da área de entrada, haviam várias latas, garrafas de bebida e bitucas de cigarro espalhadas ao redor como se alguém tivesse dado uma festa de arromba ali na noite anterior e acho que Malu também notou, ela olhou com as sobrancelhas cerradas para a imagem e abriu a porta mas parou antes de entrar. Ela se virou e me encarou parecendo um pouco aflita, toda aquela alegria que estava no seu rosto antes desapareceu num piscar de olhos.

- Vida, espera aqui só um pouquinho, tá? - Ela pediu segurando meus ombros. - Eu já volto.

- Tá bom, amor. Tranquilo. Tá tudo bem?

- Sim, só espera aqui, por favor.

Fiquei parada na porta e ela entrou deixando a porta aberta, fiquei esperando o seu retorno em silêncio e começando a ficar preocupada. Eu fiquei mais aflita ainda quando passaram alguns minutos e ela não voltou, eu sei que não deveria mas fiquei preocupada com medo de estar acontecendo alguma coisa e entrei. Lá dentro da casa a bagunça estava pior, alguém realmente havia dado uma festa. O chão estava grudento como quando cai muita bebida no chão e o cheiro de cerveja e álcool estava inundando o ambiente, assim como um forte cheiro de vômito. Eu segui andando até chegar na sala e vi uma mulher apagada no sofá, seus cabelos longos e cacheados parecidos com o da Malu estavam cobrindo seu rosto. Bem do lado do sofá havia uma poça de vômito no chão. A mesa de centro era uma bagunça de latas, garrafas, um cachimbo e restos evidentes do que eu acreditei ser cocaína.

- Eu pedi pra você ficar lá fora!

Ouvi a voz da Malu e levantei meu rosto, ela veio caminhando na minha direção e me empurrando de volta para fora, seu tom de voz estava irritado e sem paciência, de um jeito que ela nunca falou comigo ou um comportamento que eu achei que ela pudesse ter.

- Eu... eu... - Eu gaguejei olhando pro seu rosto. - Desculpa, amor. Ela tá bem? Sua mãe tá bem?

- Tá melhor do que a gente, pô. - Ela respondeu grosseira. - Tomou todas e curtiu a noite inteira.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora