Capítulo 37

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Os dias foram bem melhores depois que eu e Malu não precisamos fingir mais nada, sabíamos que os dias estavam contados então aproveitamos para fazer de tudo. Falar a verdade pro meu pai deu até mais liberdade para os dois criarem uma relação mais forte de amizade e se aproximarem mais, aquilo evoluiu tanto que Malu já tava até zoando e enchendo o saco do coitado do meu pai pelo tamanho dele junto com a minha irmã.

Nós estávamos andando juntas pelas ruas da cidade, tomando sorvete enquanto eu lhe apresentava todos os lugares.

- Eu estudei ali! - Apontei para a escola do outro lado da rua. - E aqui é a praça da igreja onde tem todos os eventos importantes da cidade, tá?

Ela riu do meu modo guia turística.

- Altas festinhas, cê fala vida?

- Lógico, quando eu era mais nova essa pracinha aqui ficava pequena. - Fiz ela rir. - Ali atrás de igreja foi onde eu dei meu primeiro beijo.

A boca dela se abriu com a surpresa.

- Atrás da igreja? Vida... - Ela me olhou indignada. - Tú sempre foi safada, né!

- Que safada o que, me respeita! Mas sim, depois da catequese ainda, tinha um menininho que eu gostava lá.

Dei de ombros de maneira inocente.

- Meu Deus vida, cê vai pro inferno mesmo! - Malu negou com a cabeça e chupou seu sorvete.

- Sim, já ouviu aquele ditado tá no inferno abraça o capeta? - Falei séria fazendo ela rir.

- Cê é muito safada!

- Eu?!

- É, tu mesma!

- Não sou, quando eu fui safada Maria? - Perguntei brava.

Ela se inclinou na minha orelha e sussurrou todo o tipo de putaria que eu falei levada pelo tesão do momento me fazendo rir. Dei um tapa nela a afastando para longe e ela riu.

- Te falei, mó safada!

- Eu falei isso no calor do momento. Você também é, tá?

- Vem cá. - Malu me chamou com a mão assim que acabou seu sorvete.

Ela atravessou a rua correndo e eu a segui, ela foi exatamente para o lugar atrás da igreja e se encostou na parede, escondida por uma grande árvore que havia bem ali.

- Tu tá no maior ponto de azaração de Tuparendi agora! - Falei me aproximando e ela riu. - Vai, me dá seu papo!

- Sério mermo? Agora? - Cruzou os braços posturada e toda marrenta.

- Exatamente, como se tivesse me vendo pela primeira e quisesse ficar comigo, vamos ver! Como você chegaria em mim?

Ela riu do meu desafio e manteve a postura relaxada me olhando por um momento.

- Primeiro ia te dar uns olhar né vida, pra tu saber que to na intenção. - Ela me explicou sua jogada com calma. - E se tu me olhasse de volta do jeito que tá me olhando agora, eu sabia que tava querendo.

Mordi meu lábio inferior pra conter um sorriso.

- Te olhando como?

- Desse jeito aí. - Malu apontou pro meu rosto. - Com esse sorriso covarde e essa cara de anja safada, cheia de maldade.

Escondi meu rosto com as mãos e ela riu.

- Cê me olhar de volta desse jeito, já sei qual é. - Deslizou a ponta da língua entre os lábios e eles ficaram ainda mais atraentes e iluminados. - Daí eu ia esperar o melhor momento pra chegar em tu, de preferência uma hora que tivesse sozinha pra ninguém atrapalhar e a gente poder trocar uma ideia.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora