A gente nem viu o resto da viagem passar, porque continuamos conversando e parece que o tempo voou. E eu percebi que não foi uma coisa só daquela primeira madrugada que passamos juntas, eu adorava conversar com a Maria Luz. Eu adorava ouvir suas histórias, sua risada, ouvir sua opinião sobre as coisas. Eu não conhecia tanta coisa que ela me falava e me ensinava do mesmo jeito que eu tava sempre ensinando coisas para ela, e mesmo assim a gente parecia se dar muito bem mesmo de mundos e culturas diferentes. Se eu ainda tinha dúvidas, tudo me indicava que isso era uma coisa boa.
Assim que chegamos na casa de praia, o caseiro veio receber a gente com a chave e explicar algumas coisas. Depois voltamos para pegar as malas do carro.
- Nossa Bru, que que cê trouxe aqui? - Ludmilla perguntou puxando a terceira mala da Brunna, a maior de todas até agora. - Maria, me ajuda aqui viado!
Maria Luz riu e foi ajudar Ludmilla enquanto a Brunna observava as duas com deboche.
- Ué, eu trouxe várias coisas eu gosto de ter opções, não sei o que vamos fazer ainda.
- Eu ajudo vocês.
Fui na direção delas e as ajudei a levar as malas para dentro. A casa era espaçosa e aconchegante, com jardim e piscina e era só um quarteirão do mar.
- Esquecemos de passar no mercado. - Lud falou.
- Não tem problema, a gente pede algo para comer hoje.
- Não tem nem água na geladeira, Luli. - Ludmilla disse abrindo a geladeira. - Cê vai fica bebendo água quente da torneira?
- É vida, tem que pega pelo menos umas coisinha. Amanhã fazer um café da manhã daora também. Vamo todo mundo lá rapidão. - Malu disse.
- Aí gente, to cansada. Eu não vou não. - Brunna disse de mal humor.
Eu fiquei entre a cruz e a espada.
- Vão lá vocês duas, eu vou ficar aqui pra Brunna não fica sozinha.
Maria me deu um olhar esperando a minha confirmação e assenti para ela.
- Rapidinho, nós já voltamos.
Ludmilla deu um beijo na bochecha da Brunna e as duas saíram nos deixando sozinhas.
- Tá cansada mesmo ou tá bicuda? - Perguntei me sentando com ela no sofá.
- Amiga, não vou ficar falando até porque nem é da minha conta mas to te avisando agora para você não se machucar depois. Não se ilude com ela, não vai no papo dela.
Fiquei em silêncio por um momento ao ouvi-la falar.
- Você já tentou sentar e conversar com ela? Porque ela é muito legal comigo e ela me trata muito bem.
- Lógico que ela é legal com você, quer te comer. - Brunna até se exaltou ao falar com tantas emoções.
Ela deu uma boa olhada para a minha cara quando fiquei quieta.
- Já deu, né?
- E dar virou crime agora? - Perguntei de volta no mesmo tom. - O povo fala que eu dou pra tanta gente na internet pelo menos se falarem agora é verdade.
Isso fez a Brunna rir.
- Lu, amiga, sério... Toma cuidado, tá? Eu sei o quanto você sofreu e sei que você merece alguém que te trate muito bem.
- Eu vou mas você também tem que se esforçar. Não só por mim mas pela Ludmilla também, tenta pelo menos ter uma conversa humana com ela pra ver... Se sua opinião continuar a mesma depois disso então eu lavo minhas mãos.
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era uma vez // LUÍSA SONZA
أدب الهواة''contigo eu tô tentando arrumar minha vida e bagunçando ela embaixo dos lençóis.''