Capítulo 58

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- Cinco! - Malu passou o braço sobre meu ombro na minha frente e gritou pro garçom que foi atender seu pedido na hora.

Olhei pra frente novamente e fechei a cara, fingindo não vê-la.

- Eu posso pegar a cerveja sozinha. - Resmunguei baixo.

- Só tô tentando te ajudar, pô. - Ouvi sua voz baixa e bem próxima a mim.

- Não preciso da sua ajuda, Maria. - Respondi friamente me virando para olhá-la e ela assentiu de cabeça baixa. - Além do mais, você nem tá bebendo.

- Não custa ajudar. 

- Porque não tá bebendo ou fumando hoje? Decidiu pagar de boa moça? - Perguntei ácida e me virei para encará-la.

Ela apertou os lábios para não sorrir.

- Não tô tentando ser boa moça, isso aí eu nunca fui. - Maria Luz levantou os olhos e me encarou com malícia. - Mas quando deixa de ser daora pra ser um problema, é melhor dar um tempo.

Fiquei em silêncio a encarando fixamente enquanto o garçom colocava as cervejas dentro das camisinhas pra levarmos. 

- Você parecia bem despreocupada com isso no aniversário do Ryan.

- Eu sabia que você ia trazer isso a tona. - Ela cruzou os braços e sorriu confiante, olhando pra qualquer coisa que não fosse eu. - Bora lá, pode joga na minha cara memo. 

- Não, não to jogando nada na sua cara e nem trazendo a tona, só fiz um comentário. Eu estive em uma relação com você, ainda tenho esse direito, não tenho?

- Passei o dia todo gravando com o Ryan e acho que seria chato não ir no aniversário dele na mema noite, não fui lá pra beber e nem pra fumar, fui lá pelo meu amigo. E a mina que falaram que eu tava dando ideia, só pra você ter noção é a mulher do Don Juan. - Ela sorriu mais ainda pra expressão no meu rosto. - A gente tava conversando porque éramos as duas únicas minas ali naquela hora, uma foto tirada em um ângulo errado e uma história mal contada faz bastante estrago mas pensei que o que a gente tinha era bem diferente disso aí. 

Soltei um suspiro frustrada e vi ela começar a pegar três das garrafas sobre o balcão para levar de volta pra mesa, Malu me deu mais uma olhada e voltou pra trás. Peguei as duas outras garrafas que sobraram e voltei pra mesa também, colocando-as sobre a mesma. Olhei ao redor me sentindo ridícula a procura da Maria e vi ela de longe atravessando a rua de volta pra praia. Fui na mesma direção e dei uma corridinha para alcançá-la enquanto ela se afastava rapidamente, ignorando os chamados da Brunna atrás de mim.

- Olha, desculpa! - Pedi em tom baixo do seu lado quando finalmente a alcancei.

Ela cruzou os braços e se virou pra me olhar de cara fechada.

- Tu pensou o que? Que porque nós largou eu ia meter o louco? Larguei porque não queria te machucar, vida. Tô ligada que tava vacilando, agindo mal, que não tava com a cabeça no lugar, porra... Te machuquei. 

Malu me olhou chateada e tocou minha testa com a ponta do dedo indicador onde nem havia mais sinal do machucado. 

- Tu pode ficar com raiva mas fiz o que achei que era a coisa certa naquele momento, pô. Pra que fica dando murro em ponta de faca? Pra gente se machucar mais? Não tem sentido, porra. A gente sempre foi melhor que isso. Muita coisa de uma vez fritando minha cabeça, aquele porra do teu ex e perder minha mãe e depois isso... Todo dia meu nome em um site de fofoca, cara. Sei que não é tua culpa mas fiquei pilhadona. Pô, me desculpa se eu te fiz entender tudo errado, tá ligada? Cada momento contigo foi precioso mas é melhor como, nós usar a razão dessa vez. Pro teu bem, tendeu?

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora