Capítulo 62

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1 ANO E 6 MESES DEPOIS


Ouvi o som da minha campainha e me levantei do sofá, vestindo apenas uma calça de moletom grande e um top, de cara limpa e descalço fui até a porta da frente saltando animada esperando pelo meu sushi mas assim que a abri, perdi o sorriso do rosto.

- Você não tem nada melhor pra fazer numa sexta-feira a noite?

Xamã sorriu charmoso encostado no batente da porta, com uma rosa presa entre os dentes e uma garrafa de vinho na mão.

- Cara, com todo respeito mas tu tá a maior baranga e com certeza eu tenho! - Abri espaço para ele entrar sem ser convidado me entregando a rosa e a garrafa. - Mas eu gosto de dedicar meu tempo livre a te infernizar, é como meu hobby.

- Suas namoradas não ficam com ciúmes de você, não?

Empurrei a porta e ele já foi se acomodando indo direto pro sofá, pegando a minha taça de vinho para beber e tirando os tênis para colocar os pés na mesa de centro.

- Ah, elas ficam. - Deu um gole e deu de ombros sem se importar. - Mas elas sempre voltam, elas gostam do malvadão.

- Eu não sei como alguém ainda cai nesse papo de malvadão. - Peguei a taça da sua mão e me sentei do seu lado.

- Aí! Eu sou um cara charmoso, tá? Fica na tua! - Ele pegou o controle e já foi deslizando entre os filmes. - E aí, o que a gente vai assistir hoje?

Soltei um suspiro cansada e revirei meus olhos mas ainda peguei mais uma taça para ele pois sabia que não ia me livrar com facilidade.

- Você tem que parar com isso, já faz mais de um ano.

- Com o que? - Ele perguntou fingindo prestar atenção no filme que havia acabado de começar.

- Com isso! Você fica me vigiando e desperdiçando suas noites comigo porque acredita que eu estou depressiva.

- Ah, você tá meio depressiva sim!

- Não to não, cala a boca. - Falei brava e ele riu.

- Somos amigos, qual é? É o único jeito que eu encontro de passar tempo com você. Você tá sempre ocupada e raramente quer sair comigo.

- Geizon, porque diversão pra mim não é ir jogar futebol com você e seus amigos ou ir pra balada pegar mulher. - Falei o óbvio.

- Odeio que chama de Geizon. Você tem que expandir seus horizontes, você costumava ser bem mais legal.

- Tenho passe livre pra te passar de Geizon. Eu sou legal. Eu só gosto de outras coisas, tô ficando velha.

- Tem quem discorde. - Deu um gole e disse com ironia me fazendo rir. - Você nem fez vinte e cinco anos ainda!

- Mas vou fazer logo.

- Bem lembrado! O que a gente vai fazer pro teu aniversário? - Ele esfregou uma mão na outra e me olhou de maneira diabólica. - Drogas, sexo e rock n' roll?

- Não. - O olhei indignada. - Nem começa, eu quero algo tranquilo com a minha família.

- Porra... - Ele bufou entediado. - Você é muito triste.

- É meu signo, fui feita pra sofrer. - Sorri e ele me olhou de cara feia. - Eu encontro conforto na minha tristeza, eu até meio que gosta dela. Aprendemos a nos darmos bem.

- Maior papo de emo gótica.

- Você é ridículo. - Me virei pro filme e dei um gole.

- Obrigado! - Ele riu orgulhoso.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora