Capítulo 70

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- Gisele, as mães já voltam. - Soprei um beijo pra ela que ficou me olhando de cima do sofá. - Não bate nas suas irmãs e não abre a porta pra ninguém.

Malu ficou me olhando da porta como se eu fosse doida e me esperou para sairmos juntas.

- Que foi? - Perguntei e dei um sorriso nervoso. - Eu fiquei muito tempo sozinha no último ano.

- Percebi, vida. - Ela riu do meu jeito e passou seu braço sobre meus ombros.

Nós fomos caminhando de mãos dadas pela frente de casa até a rua, eu estava tão encantada e sem conseguir parar de olhar pra Malu que só percebi quando chegamos na rua.

- Ué, cadê seu carro?

- Tá em casa. - Ela continuou andando até uma moto imensa estacionada bem na nossa frente e pegou um dos capacetes que repousava sobre o banco, me oferecendo um.

Peguei da mão dela e continuei olhando-a e ela sorriu pra minha expressão.

- Vida, eu sei que cê é uma menina do interior e não deve saber disso mas... Não dá pra subir o morro de carro não. - Ela deu uma risadinha.

- Ah tá! Entendi! - Assenti positivamente.

Meu Deus, que lerda.

- Vem cá. - Me chamou pra mais perto com a mão. - Coloca seu pé direito aqui.

Ela apontou pra uma pedaleira na moto ainda segurando a minha mão.

- Pode subi, não vou deixar tu cair.

Olhei pra ela de novo e fiz o que ela falou, me dando apoio pra eu me sentar na parte da trás da moto.

- Acho melhor cê prender seu cabelo.

Fiquei confusa mas fiz o que ela falou e prendi meu cabelo em coque alto antes de colocar o capacete, Malu subiu na moto em seguida e colocou seu próprio capacete. Ela colocou suas mãos para trás procurando as minhas e colocou meus braços ao redor do seu corpo.

- Segura firme. - Ela disse rindo com a voz abafada pelo capacete.

Ela deu partida na moto e só o barulho me convenceu a apertar mais meus braços ao seu redor. Eu não faço o tipo medrosa e até adoro adrenalina mas andar com a Maria Luz sobre duas rodas era adrenalina demais até pra mim, quase a esmaguei com meus braços cada vez que ela cortava entre os carros e quase deitava aquela moto a cada curva ou passava voando entre as vielas quando começamos a subir o morro.

- Você quer me matar?

Gritei quando ela finalmente podia me ouvir ao desacelerar.

- Te matar? Só se for de foder. - Ela respondeu rindo ainda tirando uma com a minha cara.

- Eu não sei se você percebeu mas você quase me deixou ali atrás porque eu quase voei pra fora dessa moto.

- Por isso que te mandei segurar firme, vida. Pô, nem te coloquei medo de verdade. Relaxa, a gente já tá chegando.

Não demorou muito para chegarmos mesmo, Malu estacionou a moto junto com uma fileira de motos a se perder de vista na subida do morro e dali eu já podia ouvir a música alta e a movimentação. Ela desceu da moto primeiro e tirou seu capacete, me oferecendo as mãos para me ajudar a descer.

- Vem, cuidado com o escapamento.

Malu me ajudou a tirar meu capacete e o colocou na moto junto com o outro.

- Entendi porque tu me mandou prender o cabelo. - Falei soltando meus cabelos e ela sorriu.

- Bora, vida.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora