Capítulo 83

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O dia mal tinha amanhecido e eu estava agachada ao lado da cama observando a Malu dormir profundamente, quase me mordendo de ansiedade.

- Amor? - Chamei baixinho e ela não acordou. - Vida? Amor da minha vida?

Tentei se novo e dei um beijinho na ponta do seu nariz. Malu cerrou as sobrancelhas incomodada e se remexeu.

- Vidinha? - Sussurrei com meu rosto a centímetros do seu.

Ela abriu um pouco os olhos e piscou algumas vezes fazendo meu sorriso aumentar.

- BOM DIA MEU AMOR! - Falei sem conseguir conter minha animação. - Você sabe que dia é hoje?

Malu começou a rir com os olhos ainda fechados e eu pulei em cima dela na cama fazendo ela gemer, me levantei na cama e comecei a pular na mesma do seu lado fazendo ela rir e despertar.

- NÓS VAMOS SER MÃES! - Eu cantarolava enquanto pulava em cima da cama. - NÓS VAMOS SER MÃES!

Maria Luz se sentou na cama me olhando e sorrindo até me derrubar na mesma me fazendo dar um gritinho.

- Bom dia, mamãe! - Ela falou me enchendo de beijos enquanto eu gargalhava.

Os últimos dias do processo de adoção passaram num piscar de olhos e hoje era o dia oficial que iríamos buscar Antonella pra ela vir para a casa de vez e eu não conseguia conter a minha ansiedade, mal havia dormido a noite e contei os minutos até o sol nascer para acordar a Malu. Eu sabia que pra quem já esperou tanto tempo só mais algumas horinhas não seriam nada demais mas eu mal conseguia me conter.

Hoje eu finalmente conseguia enxergar com mais clareza com todos os obstáculos do caminho com tudo o que a gente passou, com as brigas, com meus defeitos, meus traumas, minha imaturidade, a ansiedade... O quanto a gente tinha mudado e evoluído e crescido junto com esse amor. O quanto a gente aprendeu e transformou isso nessa história, a Malu era a mulher da minha vida. O amor dela me salvou mesmo quando nem eu sabia que era amor, ela me ensinou tanto sobre amor. Um amor tranquilo, descomplicado, sem pressa, estável, consistente, com alguém que tinha certeza de mim e que eu tinha certeza dela, hoje eu podia ver isso. Não quer dizer que não teríamos mais problemas e obstáculos no caminho mas agora eu entendia, que a gente ia enfrentar isso juntas, nada era maior que meu amor por ela e a certeza de que eu queria passar o resto da minha vida com ela.

Podia ser uma frase clichê e ridícula mas esse amor cresceu tanto dentro da gente e do nosso lar que já não cabia mais só entre nós e a gente precisava dividir entre mais pessoas. Quando eu a conheci eu tinha certeza absoluta que eu era melhor sozinha, hoje eu tinha certeza absoluta que não.

Malu estava fazendo ovos mexidos na cozinha vestindo apenas boxers e regata justa, cantando e dançando usando a espátula de microfone enquanto eu colocava o resto das coisas para o nosso café da manhã sobre o balcão.

- Você consegue acreditar que de hoje em diante a nossa vida nunca mais vai ser a mesma?

- Pô, claro que vai. - Ela se virou para me olhar. - Vai ser a mesma mas ainda melhor!

Pensei por um momento.

- Verdade, você tá certa! - Concordei fazendo ela sorrir.

- Tô sempre certa.

Ela resmungou voltando sua atenção para a frigideira me fazendo rir.

- É dona Luísa Sonza... Quem diria.

- O quê? - Perguntei me aproximando dela.

Maria Luz abriu um largo sorriso antes de responder.

- Foi me dando corda, caindo no meu papinho, me deixando entrar na tua casa de madrugada, dormindo com ficante... Olha hoje aí pô, casada e com filha. Quem te viu quem te vê.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora