Capítulo 65

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O seu cabelo estava maior do que eu me lembrava e bem mais escuro também, seus olhos castanhos ainda eram os mesmos, doces mas absorviam tudo e não devolviam nada. Seu sorriso ainda era como uma lâmina no meu coração e fazia meu estomago revirar, mas ele parecia mais afiado do que antes. Seu rosto não parecia ter envelhecido nada mas ainda assim, ela parecia mais velha, mais madura, ela parecia mais uma mulher do que a menina de sorriso fácil que eu me lembrava. Os braços estavam escondidos por um jaqueta de couro e eu não podia saber se haviam mais novas tatuagens. Mas a verdade inegável é de que ela continuava tão bonita quanto sempre foi.

Ela estava cumprimentando amigos e sorrindo, exibindo presas feitas de ouro e cercada de pessoas como se fosse uma joia preciosa demais para qualquer um se aproximar. L7nnon estava do seu lado direito e Orochi do seu lado esquerdo dentro do circulo que os cercava. Não havia quem não olhasse. O círculo foi quebrado por velhos amigos animados pela chegada dos três. Não consegui desviar meus olhos e esperei ansiosamente pelo momento que ela fosse me procurar na multidão como eu a procurava, ficando cada vez mais aflita pela demora.

- Ou! - Xamã estalou os dedos na frente do meu rosto me trazendo de volta pra realidade.

- Oi. - Olhei pra ele por um momento.

- Falei pra gente ir lá falar oi.

- Não. Não é estranho?

Olhei de novo e percebi que ela não me procurava como eu esperava, continuava ocupada demais com as outras pessoas.

- Você tem que falar com ela em algum momento.

- Bom, se ela quiser ela pode vir falar comigo então porque eu não vou sair daqui.

Firmei mais meus pés no chão e Xamã riu.

- Vai ficar esquisito se não falar com ela.

- Bom... - Gaguejei. - Ela também pode falar comigo, não é?

Eu não pude deixar de reparar que havia uma garota bem próxima a ela, seguindo-a como uma sombra e falando com todo mundo que Maria Luz falava também. Ela era linda, eu não podia negar. Cabelos pretos longos e lisos, um sorriso e uma boca comprada que deve ter custado muito caro. Ela exibia um corpo desenhado em um vestido preto bem justo. Elas pareciam próximas, muito próximas.

- Não tire conclusões precipitadas. - Xamã disse vendo o olhar no meu rosto. - Você é profissional nisso.

Soltei um suspiro cansada.

- Vamos lá? - Ele insistiu.

- Temos a noite toda pra isso, não quero ir lá como se estivesse desesperada.

- Você não está desesperada, o quanto antes a gente acabar com isso melhor vai ser pra todo mundo.

- Você reparou que ela não olhou ao redor uma única vez?

- O que você quer dizer?

- Ela não... - Abaixei meus olhos e fiz uma pausa ao falar. - Acho que a ideia de me ver aqui hoje nem passou pela cabeça dela. Eu sou uma idiota.

Eu era ridícula, já fazia tempo demais e eu era a única que ainda estava nessa como eu imaginava. A sorte é que eu me poupei desse papel e não fui lá na hora correndo só pra humilhação ser ainda maior, eu sabia que ter vindo aqui nessa noite era uma má ideia.

- Acho que vou pra casa. - Falei olhando pro rosto dele. - Ou acho que vou vomitar.

- Quê? Vomitar? Agora?

- Uhum.

E eu realmente sentia como se fosse vomitar de tanta ansiedade.

- Vamos sair daqui e ir tomar um ar.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora