Capítulo 60

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Eu estava deitada sobre o corpo da Malu e encaixada entre suas pernas, minha cabeça descansando no seu peito e seus braços me segurando perto, ela fazia um carinho delicioso com a ponta dos dedos nos meus cabelos que me deixava sonolenta e ocasionalmente depositava um beijo na minha testa. Seu pescoço estava a pouco centímetros de mim e eu podia inspirar seu cheiro que eu tanto amava. Nós já estávamos em silêncio a um bom tempo e eu amava isso nela, ela era como uma casa pra mim. Nós poderíamos apenas ficar em silêncio sem ser um problema.

Levantei meu rosto para encará-la e dei um sorriso, o jeito que seus olhos me fitavam me roubavam o ar do pulmões.

- Cara, você tem que parar de me olhar assim! - Falei fingindo estar brava e ela sorriu, escondendo os próprios olhos com uma das mãos.

Me lembrando daquela primeira noite na minha casa, onde ela não parava de me olhar até comendo ovos mexidos gelados.

- Assim? - Sugeriu.

Tirei sua mão dos olhos e sorri.

- Você acha que fomos precipitadas? Nós nunca pensamos sobre o risco, nós entregamos de cabeça nisso cedo demais sem pensar nos riscos da intensidade.

Malu deu um sorriso de canto.

- Não tô no mundo pra joga do lado seguro, só aposto alto, pô. - Ela falou confiante. - A recompensa é sempre maior.

- Eu sei! - Concordei com um sorriso. - Mas quero dizer, nós duas viemos de situações fodidas e relacionamentos com fins horríveis... Não deveríamos ter tirado algum tempo pra resolver essas questões?

Ela ficou pensativa por um momento e mordeu a parte de dentro da sua bochecha.

- As vezes o que a gente realmente precisa... É só de alguém que entenda a gente e isso é o suficiente, né? Casal mais foda, eu e tu. Tentaram nos foder só que nós fode mais ainda. - Ela disse com malícia me fazendo rir baixo.

Concordei com a cabeça e ela me apertou nos seus braços, beijando o topo da minha cabeça.

- Aí vida, vem cá... Qual que é a tua com o Xamã? - Ela perguntou suspeita.

- Precisava de alguém pra te substituir, ele é meu dublê de marido. - Falei de maneira natural e Maria Luz arregalou os olhos me fazendo rir. - To brincando com você, ele é só meu amigo. Ele é muito legal, pra falar a verdade.

Maria Luz continuou me olhando desconfiada.

- Na noite que eu soube do aniversário do Ryan... - Expliquei desenhando os traços da suas tatuagens no braço com a ponta do dedo indicador ao falar. - Fiquei irritada e tirei todas as conclusões erradas, então liguei pra ele querendo dar a volta por cima.

- Cê ia ficar com ele? - Ela perguntou aflita.

- Ia. - Respondi sincera. - Mas ele teve a decência de me rejeitar mais vezes do que é possível falar.

Falei fazendo Maria Luz rir e sorrindo um pouco também.

- Mas ele foi um ótimo amigo, ficou lá por mim e aguentou a minha choradeira sem fim e até limpou meu vomito. Ele é um cara muito legal. E por favor, para de rir da minha tragédia, tá?

Ela continuou rindo da minha história.

- Tô rindo não! - Ela tava rindo sim. - Ele é um cara muito foda memo. Como é que cê pode pensa uma coisa dessas, vida?

Maria Luz segurou meu rosto com uma mão e me fez olhar pra ela.

- O quê?

- Que eu vou querer outra, cara. Porra, você é dona de mim, do meu amor, do meu tesão. - Sorri ao ouvi-la falar.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora