Capítulo 27

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A casa da Malu não era muito longe dali, na verdade, não era nada longe de onde estávamos. Ela morava em um dos prédios de frente para a praia, o que explicava porque ela ia tanto a praia agora. Nós entramos pelo elevador da garagem e fomos direto pro seu apartamento, Malu abriu a porta e me deixou entrar na frente ao acender as luzes.

- Será que é agora que vou encontrar uns esqueletos no teu guarda-roupas? - Perguntei com sarcasmo ao entrar e ela riu.

- Fica a vontade pra procurar, pô.

Seu apartamento era bastante arejado com uma sacada panorâmica na sala mas ainda não estava completamente mobiliado. As únicas coisas que haviam na sala eram uma grande mesa com um computador e um notebook e mais um monte de equipamentos de som ao redor e uma cadeira como um estúdio improvisado. Havia um suporte com três guitarras e um violão em um canto e no outro havia uma prancha de surf e mais 2 skates. Uma luminária de neon na parede com a imagem de uma folha de maconha sorridente, é claro.

- Eu me mudei pra cá a pouco tempo e ainda não tive tempo de comprar os móveis. - Ela me explicou meio sem jeito me fazendo sorrir. - Acho que deu pra tú notar.

- Eu não me importo. É aconchegante, apesar de tudo. 

Continuei explorando o seu espaço pessoal com cautela e ela me deixou a vontade, abri as portas de vidro da sacada e espiei do lado de fora. Havia uma pequena mesa redonda de café da manhã com um cinzeiro e uma plantinha no centro, a brisa do mar que batia ali era ótima. Voltei para dentro e continuei explorando.

- Tá procurando os esqueletos ainda?

- Sim. - Falei com sarcasmo e ela riu.

- Vou pegar uma breja pra você.

Ela saiu em direção a cozinha e me deixou livre para explorar. O lugar cheirava bem, era um misto de limpeza, maconha e seu perfume. Segui explorando, encontrei um quarto e um escritório vazio, Malu era muito organizada. A porta do seu quarto estava aberta e eu entrei. Sua cama estava arrumada com lençóis negros, havia uma TV na parede, uma poltrona no canto e uma mesa de cabeceira. Uma porta de vidro dava acesso a sacada por ali também. Segui em direção ao seu closet e entrei.

Ouvi que ela colocou uma música ambiente, ela deu preferência pelo R&B americano. Suas roupas estavam perfeitamente organizadas e separadas por cores, da mais clara até a mais escura. Ela tinha muitos pares de tênis, Jordans de toda as cores perfeitamente organizados. Puxei a manga de um dos seus moletons e a cheirei para sentir seu cheiro gostoso que eu já estava familiarizada.

- E aí, já achou quantos?

Ela entrou no closet comigo e me estendeu uma garrafa de Corona já aberta.

- Uns oito, tú acredita?

Ela sorriu do meu jeito.

- Matou sua curiosidade?

Perguntou dando um gole e me seguindo de volta pra sala.

- Matei. Tava escolhendo qual das suas roupas eu vou pegar pra mim. Então, é aqui que a mágica acontece?

Apontei pra mesa de equipamentos.

- Parte dela. - Ela respondeu colocando um beck na boca e o acendendo. - Tem dias que bate a inspiração fora do estúdio, cê faz música, sabe como é, pô.

- Sim. - Concordei.

Me encostei na mesa e dei mais um gole na minha cerveja, a observando fixamente enquanto Malu fumava e bebia. Ela se encostou na parede do outro lado, a tua postura ao mesmo tempo marrenta e relaxada me atraia naturalmente.

era uma vez // LUÍSA SONZAOnde histórias criam vida. Descubra agora