Capítulo 69

720 60 43
                                    

Olá...



Inês desceu do carro e caminhou até seu alvo.

Alguns minutos depois, Santiago estava nervoso ao ser comunicado que Inês já estava na clínica. De fato, ela havia cumprido o combinado que tiveram por uma ligação. Ela estava ali depois dele ter acreditado que jamais a veria outra vez.

Ele alisou o queixo lembrando do que Victoriano o tinha feito há alguns dias. A agressão que havia sofrido, ainda estava nítida em seu rosto, o que o fazia ficar mais recluso em sua sala por todos aqueles dias passados, entretanto nada mais importava. Inês estava ali e ele sabia o porquê. Ela queria esclarecimentos, queria um confronto e ele daria isso a ela, contanto que a tivesse por alguns minutos de frente a ele.

Batidas leves se ouviram na porta. Santiago saltou de sua mesa para atender. Quando abriu a porta, viu sua secretária e logo atrás Inês. Ele suspirou. Ela tinha os cabelos negros soltos como sempre, usava batom e vestia preto. Estava simplesmente linda do seu modo.

-Santiago: Confesso que não acreditei muito que de fato viria, Inês.

Santiago então não aguentou e foi o primeiro a falar. Ele escancarou mais a porta, e Inês antes de dar uma última olhada na secretaria que os deixaria, encarou o interior do consultório de Santiago e foi direta.

-Inês: Passarei por essa porta apenas se ela seguir assim, caso contrário darei meia-volta Santiago.

Ela o encarou depois de falar. O sorriso que escancarava no rosto do médico, se foi e em tom mais sério ele disse.

-Santiago: Será como quiser, Inês. Não se preocupe, a porta seguirá aberta.

Inês suspirou e só depois entrou na sala. Santiago deixou a porta como estava, descansou uma mão no bolso de seu jaleco e a outra, apontou para a cadeira que estava à frente de sua mesa, e disse.

-Santiago: Sente-se, vou pedir que nos tragam um café, ou chá se preferir.

Inês girou corpo para olha-lo e o respondeu.

-Inês: Quero chá, por favor.

Santiago deu um curto sorriso, foi ao telefone posto na mesa, discou um número e depois verbalizou o que queria.

Inês pôs a bolsa que trazia com ela, ao lado em uma cadeira, depois sentou e cruzou as pernas. Ela então visualizou Santiago ajeitando seu jaleco antes de sentar na cadeira à frente dela, e só então ela disparou.

-Inês: Por quê? Por que fez aquilo de me beijar, enquanto eu estava tão vulnerável? Por que violou sua conduta como médico e homem ao fazer o que fez com uma paciente, mulher e que de outra maneira nunca teria tido a chance que teve, Santiago?

Santiago pigarreou pegando na gravata que tinha abaixo de seu pescoço. Não esperava que começariam aquela conversa assim, entretanto, sabia que Inês não teve por si só sua chance de defesa, não tiveram a conversa que parecia que iam ter. No final, o confronto que ela havia ido buscar não se tratava apenas das ações ocultas do marido. Santiago então inclinou-se para lhe mirar bem nos olhos, e decidiu não esconder mais o que trazia consigo por tantos anos.

-Santiago: Me apaixonei por você, Inês. Não consegui separar a relação que tivemos entre médico e paciente. Sei que errei e me arrependo profundamente do que fiz. Me perdoe.

Inês torceu os lábios de lado. Sua indignação pela ação de seu médico se mantinha e se matinha mais firme diante de sua confissão. Havia perdido seu psiquiátrica, alguém que confiou seus anseios e bem-estar por ele não saber separar o que os uniam. Era ciente que precisava dele, também ciente que mesmo assim, tinha que se manter distante daqueles sentimentos que não aprovava e que foi sujo quando a abordou em uma maneira que não poderia se defender. Olhar a face de Santiago àquele momento, trazia em Inês mais alívio por perceber mais uma vez que Victoriano tinha feito a ele o que ele mesmo buscou. Contudo sentia apenas lástima com as consequências que resultaram as ações do médico.

Amor Sem Medidas Onde histórias criam vida. Descubra agora