Inês tinha a respiração irregular, seu rosto estava todo sério e seu corpo tenso. Não queria ninguém naquele sótão, ainda mais se esse alguém fosse Constância. Que assim, depois da jovem ter notado a presença dela, Inês se aproximou mais e perguntou séria.
- Inês: O que leva escondido atrás nas costas, Constância? Por que estava aqui?
Constância girou o corpo para Inês não ver o que tinha nas mãos. Era avisada para não estar ali mesmo sabendo que por trás daquela porta podia estar o motivo que fazia a mãe dela ser quem era. E agora foi pega no flagra e pelo olhar que recebia de Inês, Constância tinha consciência que não seria perdoada fácil. E ela quis chorar. Estava tudo bem há uns dias. Tinha um pouco de mais atenção de Inês, mas o que não foi suficiente para fazê-la esquecer das dúvidas que não só ela tinha, mas também suas irmãs, mas que Constância sentia que por algum motivo maior ela era a mais afetada.
E então ela ficou toda vermelha, chorou e explodiu, dizendo alto.
- Constância: Eu queria saber o que há por trás dessa porta mamãe! Nunca fala! Mas tenho minhas dúvidas do que seja!
Inês torceu os lábios e ergueu a cabeça depois de ouvir Constância falar alto demais com ela colocando-a contra a parede. E ela com seus nervos abalado sentiu todo seu corpo tremer mais. E como Constância tinha mostrado as mãos ao falar, Inês viu a ferramenta que ela tinha nas mãos e puxou dela, dizendo.
- Inês: Quer saber o que tem por trás dessa porta? Eu vou dizer e depois disso não quero voltar a vê-la por aqui!
Constância limpou o rosto das lágrimas que desceram e não paravam . E disse, de coração aos pulos como que se sentisse o que iria ouvir não seria bom. Mas que mesmo assim não voltaria atrás pra não saber.
- Constância: Quero! Quem sabe o que tem aí, explica o porquê não me ama!
Inês respirou fundo vendo que Constância estava decidida mesmo saber o que ela escondia no sótão. E por isso, ela sabia que a teria a partir daquele momento tentando entrar naquele sótão até saber o que havia nele. E então, ela se sentiu encurralada, desesperada como que se tivesse uma corda em seu pescoço.
Mais tarde do que pensava, Victoriano chegava em casa. E assim que atravessou a porta e andou mais pra dentro da casa, ouviu Inês e Constância que o fez olhar para Emiliano que ficou na sala e também as ouviu, enquanto Cassandra que deixou seu quarto as pressas também saiu dele para saber o que acontecia. E quase no mesmo momento os três chegaram aonde elas estavam, e puderam ouvir Inês dizer de um jeito frio por fora.
- Inês: Eu perdi um filho, Constância. Meu primogênito. Sequestraram ele. O arrancaram ainda bebê de meus braços. E tudo que tem por trás dessa porta é dele. Me lembra ele! Satisfeita? Está satisfeita agora em saber o porquê não consigo te amar como eu deveria?
Constância se encostou na parede ao ouvi-la. Victoriano quando ouviu Inês não acreditou no que escutava e no que seus olhos viam. Inês começou chorar e Constância parecia em choque segurando na parede para não cair. As palavras de Inês haviam sido duras, que no calor do momento ela não mediu elas, já que Constância não estava preparada para escutá-la daquela forma. Tão crua e mal contada. Já que Inês a amava, mas por ter desejado um filho homem estando grávida dela e por isso a rejeitado ao nascer, não se perdoava. Que por isso ela não conseguia passar por cima da culpa que sentia, para que pudesse dar todo amor que que Constância merecia.
Mas como acabar de apunhalar o coração de Constância contando todo o resto.
Um silêncio mortal mas que tinha só alguns segundos se firmou ali. Enquanto Inês tremia tanto, abalada que nem seus lábios tinham controle. Cassandra olhava ela e não sabia de que lado ficava, quem consolar, quem amparar depois de ouvir o que tinha escutado. Se era a mãe ou a irmã mais nova. Agora ela entendia Diana e a história que ela dizia lembrar, como a que Inês teve fora de si, Emiliano ainda bebê nos braços e o chamando de filho. A história do filho perdido, era real. Que no fundo Cassandra sempre soube assim como Diana. E agora ela sabia o que os pais escondiam. Ainda que faltava outra importante parte que explicava melhor porquê a mãe delas era dependente de remédios.
Emiliano ali, nem sabia o que pensar, tinha os olhos arregalados que quando piscou, viu que seu padrinho nem estava ao lado dele mais. Victoriano foi até Inês. Ele primeiro pegou na mão dela que tinha a ferramenta pontuda e tirou dela a jogando no chão. Inês tinha que ser controlada antes que da boca dela saísse mais palavras que ferissem Constância, e até que ela soltasse naquele surto, que Diana mesmo não estando presente, não era filha legítima deles.
Aquele momento era mais uma prova de como Inês era instável. Como que algumas atitudes dela poderia surpreender a todos. Nunca que Victoriano esperou que ela dissesse daquela forma que perderam um filho. Ela que tanto tinha medo de contar, que parecia até mais uma cartada jogada muito inesperada da vida, querendo brincar com eles. E Victoriano sabia que a partir daquele momento muitas coisas poderiam mudar, que as verdades poderiam vir depois daquele fio solto que Inês deu as filhas deles, para elas puxarem e chegarem na ponta e entenderem como tudo começou. E ele tinha que evitar, que como um castelo de areia tudo desmoronasse. Começando primeiro, na tentativa de controlar a situação que estavam.
Que então ele disse nervoso, e tocando no rosto de Inês que parecia que por trás dos olhos dela não era ela ali. Não a reconhecia era como que depois do silêncio, dela ter exposto a verdade a razão dela tivesse ido passear.
- Victoriano: Cassandra cuide da sua irmã a tirando daqui. Emiliano corra e diga a Adelaide para ligar para o psiquiatra de sua madrinha, ande!
Emiliano não precisou ouvir de novo e girou o corpo pra sair quase correndo dali. Cassandra pegou no braço de Constância para tirá-la dali como o pai delas haviam mandado, mas ela puxou o braço encarando Inês. Enquanto Inês piscou, e com as mãos ela fez um movimento pra afastar Victoriano dela, tirando as mãos dele do rosto dela.
E que dando alguns passos, querendo olhar nos olhos de Inês, sofrendo, por agora entender que não era amada como queria, não porque sua mãe preferia mais as irmãs e sim porquê existia um irmão que mesmo não presente lhe tirava todo amor que ela queria dela. Ela disse alterada.
- Constância: Então sempre foi por seu filho perdido que não me ama? Eu o odeio por isso! O odeio mesmo sem conhecê-lo!
Constância berrou em pranto, e Victoriano foi obrigado engrossar a voz com ela, temendo a reposta que Inês teria para as palavras dela.
- Victoriano: Constância! Não é assim como entendeu, filha! Não piore as coisas, não se machuque mais! Depois vamos conversar sobre isso. Eu prometo!
Inês sentiu seu peito doer com as palavras de Constância. Tal sentimento que ela gritou ter, ela sentia que estava sendo dirigido a pessoa errada. Fernando era uma vítima, foi quando foi separado da família, quando ela como mãe, não conseguiu evitar que o levassem dela e que se rejeitou Constância quando ela nasceu, ainda que ela não soubesse, mas sentia aquela rejeição, foi só culpa dela como mãe de novo. Como foi o fato de não terem Fernando. Só ela que havia errado na maldita tarde há 22 anos e que a marcou, que quando quis engravidar de novo desejou um menino. E por isso, Inês assumia toda a culpa. Se sentia culpada e sofreria o peso dessa culpa, como já sofria por todos aqueles anos.
Então Inês sabia que aquele ódio que Constância gritava ter, tinha que ser dirigido a ela. Que assim ela respondeu fazendo um movimento de se aproximar mais dela, mas sentindo Victoriano tocando em um braço dela, como que tivesse pronto pra detê-la se precisasse.
- Inês: Me odeie, porque a única que merece seu ódio sou eu, filha! Não ele! Eu errei com vocês dois!
Constância abriu a boca para respondê-la, mas Cassandra passou a frente dela, sem querer mais ver as duas pessoas que ela mais amava se lastimando. Que então ela disse.
- Cassandra: Vamos, Conny por favor. Não podem seguir discutindo assim. Vem por favor.
Constância limpou mais uma vez os olhos que jorravam lágrimas, olhou Cassandra e só assentiu com a cabeça, enquanto Inês tinha virado o rosto para não olha-la, não suportando a dor que começava ter consciência que via neles e que ela tinha causado.
E então as duas saíram do campo de visão dela. E Victoriano olhou para ela ainda sem largá-la e disse de voz grossa.
- Victoriano: Agora só vai ser você e eu Inês e me explicará o que acaba de acontecer aqui!
Depois de falar, ele andou com ela até o quarto deles e quando estiveram próximo a porta, Inês puxou o braço dela entrando na frente e foi até o lado de sua cama. Ela abriu a gaveta que ficava seus remédios e com as mãos tremendo, ela pegou algumas cartela.
E tirando comprimidos delas e deixando cair um por um sobre o móvel, ela disse ainda nervosa, com ele indo de passos lentos até ela.
- Inês : O que aconteceu é que peguei Constância tentando abrir a porta do sótão . Ela estava lá há um passo de entrar e entender porque não consigo ser a mãe que ela precisa e porquê não sou a esposa que também precisa que eu seja. Esse fracasso que me tornei como mulher e mãe. Era isso que ela queria saber e eu disse!
Depois de falar, ela encheu o copo ao lado da jarra com água, tremendo tanto que ela deixou cair água no móvel . E Victoriano vendo a quantidade exagerada de comprimidos ali, pegou eles antes que ela os tomassem e disse de voz grossa.
- Victoriano : Está louca se pensa que deixarei que tome essa quantidade absurda de remédios, Inês! Está louca!
Inês riu com o termo que ele usou com ela no calor do momento. Que para ela só restava rir de sua desgraça.
Victoriano havia caminhado para o banheiro do quarto, e logo depois ela ouviu ele dando descarga nos comprimidos que ele pegou dela. E ela suspirou.
E ele vendo os comprimidos descerem esgoto a baixo, sabia que Santiago quando chegasse e Inês seguisse como estava, ele mesmo a medicaria então aqueles remédios não seria necessário tampouco naquela absurda quantidade, que fez ele recordar que ela já usou aquele método pra tentar contra ela mesma.
Inês enquanto Victoriano não saia do banheiro, no meio do quarto andou tocando os cabelos. Sentia que sua cabeça ia explodir com a dor forte que começava ter nela. E então ela levou as mãos no rosto todo vermelho, apertou elas nele e gritou. Gritou chorando alto, tendo a razão tomando seu corpo. Tinha destroçado o coração de sua filha. Enfiado um pouco mais a ponta da faca no coração dela. Só a ponta porquê sabia que ela toda com o que faltava dizer, a feriria mais.
E ela havia errado de novo, errado como sempre.
Victoriano quando saiu do banheiro, a viu e passou a mão na cabeça depois de respirar fundo . Não aplaudia a maneira que Inês havia falado com Constância, mas via que foi em meio a um surto e agora ela caia em consciência junto com uma crise forte que ela começava ter de choro.
Santiago dirigia para a fazenda. O chamado urgente que recebeu de quem ele considerava a governanta de Inês, o tinha preocupado, que ao ouvi-la desmarcou um jantar que teria com dois amigo, que não pensando duas vezes, ele optou atender o chamado. O que ele poderia mandar qualquer um médico no lugar dele atender aquela emergência, mas era Inês que precisava dele. Não era qualquer paciente, era a que ele clandestinamente amava.
Adelaide estava nervosa na sala, quando Diana chegou. Ela tinha passado mais um final de dia agradável com Alejandro que nele, quase terminavam fazendo amor. Mas quando ela deu de cara com a Naná que amava tanto e viu a ruga de preocupação na testa dela, ela automaticamente percebeu que algo passava.
E então ela foi rápida largando a bolsa que trazia nos braços no sofá e disse.
- Diana: O que está acontecendo? O que houve com minha mãe?
Como já era acostumada a ver a senhora daquele modo quando algo passava a Inês, Diana foi direta. E Adelaide suspirou antes de respondê-la.
- Adelaide: Ai menina Diana, parece que sua mãe está tendo outra crise, mas dessa vez mais forte que a última.
Diana então não pensou e subiu, enquanto Adelaide ficou a espera do doutor sozinha, já que Emiliano a senhora aconselhou que ele fosse pra casa.
Diana andava batendo os saltos da sua bota no chão e quando tinha em mente o quarto dos pais, ela viu Cassandra que saia do quarto de Constância. E então ela perguntou ofegante.
- Diana: O que houve com nossa mãe?
Cassandra suspirou triste e então disse.
- Cassandra : Era tudo verdade o que pensava. Temos um irmão que foi sequestrado, Diana. Nossa mãe, mesma disse isso e tão fria como gelo para Constância que agora nossa irmã não para de chorar.
Diana levou as mãos nos cabelos. Não gostou de ter a razão naquela ocasião. Mas tinha e agora teriam que ser fortes para saber lidar com aquela verdade. E então ela disse.
- Diana: Eu sempre soube disso. Papai já me disse quando éramos crianças mas depois, foi como que essa história tivesse sido enterrada e esquecida com o passar dos anos, Cas. Nossa mãe teve um filho antes de nascermos.
Diana ao final das palavras suspirou sentida. E Cassandra seguiu.
- Cassandra: Sim e ela guarda tudo dele naquele sótão que não podemos entrar. Mas acontece que essa história machucou, Constância. Diana ela precisava de nós. As duas precisam.
Diana suspirou consciente daquele fato. E querendo saber aonde Inês e Constância estavam aquele momento, ela disse.
- Diana : Aonde Conny, está? Ela está no quarto dela? E a mamãe?
Cassandra cruzou os braços e olhou para trás vendo a porta do quarto de Constância e disse.
- Cassandra: Conny está no quarto dela sim . E a mamãe, com nosso pai. Sabe quando ela está assim só ele pode controlá-la. Agora preciso que fique com nossa irmã. Eu vou buscar um chá para ela acalmar.
Diana apenas assentiu. E quando entrou no quarto de Constância a viu na cama, sentada de pernas juntas e as abraçando com os braços. Constância tinha o rosto todo molhado de lágrimas e rosado . E quando ela viu Diana ela disse, baixo.
- Constância: Nunca foi vocês que me tiravam o amor dela. Eu tinha ciúmes de vocês quando na verdade ela ama mais um filho que já não tem do que a mim e porquê mais do que a vocês também?
Diana nem precisou perguntar nada pra entender do que Constância falava, graças a Cassandra. Que então ela subindo de joelhos na cama dela, ela disse a trazendo para seus braços de irmã mais velha.
- Diana : Constância, querida. Nossa mãe sofre por esse filho. No fundo todas já sabíamos, mas não significa que ela não ame a gente, nem a você.
Constância que tinha deixado ser abraçada pela irmã se afastou e disse, o que não conseguia esquecer.
- Constância: Ela disse isso. Nossa mãe disse na minha frente que não consegue me amar por culpa dele!
Diana arregalou os olhos. Cassandra havia esquecido de falar aquilo a ela. E então depois de alguns segundos calada, ela perguntou incrédula.
- Diana: Ela disse isso?
Constância voltou agarrar as pernas e então a respondeu baixo e chorando de novo.
- Constância: Sim.
Ela então baixou a cabeça encostando nos seus joelhos e chorou mais e Diana se aproximou outra vez dela a abraçando novamente e disse, tentando achar uma justificativa que consolasse sua irmã mais nova.
-Diana: Talvez ela tenha uma explicação e não queria dizer isso, Conny, por favor se acalme.
Dentro do quarto de Inês e Victoriano.
Victoriano havia agarrado Inês pelos braços na discussão acalorada que estavam tendo.
Naquela circunstância que Inês já vivia depois de ter deixado o hospital psiquiátrico, ela já havia passado por inúmeras crises emocionais, umas que podia ser a nervosa, que a deixava tão histérica que ela tinha que ser controlada por sedativos, mas também as que só viam com um choro forte e incontrolável junto com uma tristeza profunda e naquela noite era tudo junto e com intensidade que ela sentia.
Ela havia errado e não se perdoava. Tinha a consciência que havia quebrado sozinha o acordo que ela tinha todo o apoio de Victoriano para contar as filhas, principalmente a Constância que tinham um irmão, quando ela tivesse preparada . E por isso ela na histeria por ver seu erro, mais claro como água, queria concertar algo que Victoriano sabia que não teria concerto aquele momento. Ele havia visto a tristeza estampada no rosto da filha caçula deles e sabia que não tinha como reverter tão fácil o que Inês tinha causado nela. Tanto que em qualquer tentativa que ela fizesse pra reverter, ele sabia que Constância poderia ser ainda mais lastimada quando ela entendesse a fala da mãe dela.
E assim a segurando pelos dois braços de Inês, ele disse.
- Victoriano: Se acalme, Inês! Não vai ser com você dessa forma que vai reverter essa situação com Constância!
Inês fechou os olhos. Não queria esperar um segundo mais pra tentar implorar o perdão de Constância enquanto tentaria concertar seu erro mais uma vez. Que então querendo ser solta, ela pediu chorando.
- Inês : Me solte Victoriano, por favor. Eu preciso tentar conversar com ela . Preciso explicar que a amo sim mas que ...
E Victoriano concluindo o mas de Inês, parecendo ter mais consciência que ela, disse.
- Victoriano : Mas o que, hum? Que quando ela nasceu a rejeitou e por isso não consegue ser com ela como é com nossas duas outras filhas. Porque será isso que terá que dizer, Inês! E vai lastimá-la mais! Entenda que o melhor que tem a fazer agora é ficar aonde está, se acalmar que eu irei tentar concertar o que fez!
Inês gemeu angustiada por entender que Victoriano tinha toda razão. Se arrependia tanto da forma que tinha agido, que pensava que se pudesse voltar atrás não tinha se deixado cegar com Constância tentando entrar no sótão. E então ela amoleceu os braços e baixou a cabeça, e Victoriano entendeu que ela se rendia e a soltou devagar.
Que passando alguns segundos a observando mansa, ele ouviu baterem na porta, que por isso a deixou aonde estava, pensando que já era Adelaide avisando que Santiago já estava presente. Que acertando o que pensava, ele ao abrir a porta, ouviu Adelaide dizer baixo.
- Adelaide : O doutor Santiago já está lá embaixo.
Victoriano olhou para trás aonde ficava a cama, vendo Inês sentando devagar nela. E ele pensou que podia deixá-la ali por um momento para falar longe da presença dela com Santiago, já que a via mais calma.
E então sussurrando ele disse a Adelaide.
- Victoriano: Vou falar com ele, enquanto você por favor deixe Inês só, mas fique perto até que eu suba com Santiago, Adelaide. Inês precisa pôr seus pensamentos ordens.
Adelaide entendeu Victoriano, não entraria no quarto mas também não ficaria longe . E então ela viu ele sair do quarto e segundos depois, Inês dizer por saber que tinha ela, ou até uma de suas filhas como guarda na porta.
- Inês: Adelaide. Sei que está aí. Por favor entre.
Inês suspirou depois de chama-la. Havia pensado no que devia fazer para concertar o que tinha feito e não seria contando para Constância que a rejeitou. E então ela se levantou da cama e foi até a porta, por não ser respondida. E Adelaide estava ali como ela sabia. E então ela voltou a dizer.
-Inês: Preciso falar com Diana Maria. Mas não me lembro aonde coloquei meu celular, só sei que não está aqui. Pode buscá-lo pra mim ou o telefone?
Inês tinha uma calma fingida, seus olhos vermelhos e a pele marcada do seu rosto das lágrimas, ainda estavam visíveis . Mas sua voz estava mansa como um cordeiro. E então Adelaide suspirou. Sabia que Diana Maria podia falar com Inês naquele momento como uma boa amiga que ela era e conforta-la. E então a senhora caiu no conto de Inês e disse.
Adelaide: Se já está tranquila assim, uma ligação com Diana poderá te fazer bem, menina. Eu já volto.
Inês ficou na porta até que viu Adelaide sumir. Ela não sabia aonde Victoriano teria ido, tampouco lembrava que ele tinha mandado chamar por Santiago. Esteve tão cega e fora de si que só depois começou pensar no que tinha feito e falado.
E então rapidamente ela voltou para dentro do quarto e pegou a chave do sótão. Ela só pensava naquele momento, que Victoriano tinha razão, aquele lugar só a colocava mais enferma. Os recordo de Fernando só a feria e consequentemente ela feria quem estava ao seu redor, como tinha feito com Constância outra vez.
E assim ela deixou o quarto, virou o corredor, subiu a escadinha de pouco degraus e esteve na porta do sótão. Com as mãos tremendo ela abriu a porta, e o vento com o cheiro que lhe trouxe na cara ao abrir, foi de saudade, dor e muita culpa.
E ela então entrou e bateu a porta atrás dela.
Na sala . Victoriano não sabia mais se precisaria de Santiago presente. Quando viu Inês fora de si com Constância e ainda com ele no quarto, pensou que só o doutor adequadamente poderia tranquilizá-la como ele tinha a consciência que não seria com uma conversa de médico para paciente.
E então ele disse, menos nervoso ainda que seguisse preocupado com o que geraria tudo que tinha acontecido aquela noite.
- Victoriano: Desculpe Santigo por sua vinda até aqui, mas acredito que já consegui controlar a situação .
Santiago tinha uma maleta na mão e a segurava ao lado do seu corpo. Pela aflição que sentiu quando foi chamado por Adelaide, ele tinha certeza que a situação poderia ser controlada só por ele, e se já foi como Victoriano falava, ele estava decidido não sair daquele lugar sem ao menos ver Inês. E então ele disse.
- Santiago: Já que estou aqui, então queria eu mesmo ver como ela está, Victoriano. Permita-me que veja com meus próprios olhos e eu então como médico, direi se ela não precisa de meus cuidados.
Victoriano mudou a expressão que tinha no rosto ainda que não sorrisse com a situação, ele não estava mais nervoso, mas Santiago conseguiu deixa-lo apenas com suas palavras que ele sempre veria com segunda intenções o médico se importar tanto com Inês. Que a frase “meus cuidados” fez ele respirar fundo e seu sangue esquentar de novo. Tinha ciúmes do médico que por tantos anos tratava de Inês para que, por todos esses anos, não só se tratarem pelo primeiro nome, como também terem respostas afiadas como a que ele ia dar depois de receber a dele.
- Victoriano: Nunca irei engolir seus cuidados excessivos com minha mulher, Santiago. Se estou falando que a situação já está controlada é porquê ela já se encontra bem e daqui pra frente eu cuidarei dela como marido. Então pode ir, que mando o cheque da visita para seu escritório.
Santigo riu mostrando seus dentes saliente e vendo Victoriano estufando o peito. Era podre de rico e tinha tirado já de Victoriano tanto dinheiro tratando Inês, que se ele fosse pobre ficaria rico. Então pouco o importava o tal cheque, que por ele, trataria Inês sem cobrar seu tratamento. Mas como não podia fazer isso e deixar em evidência o que sentia por ela, todo mês caia valores altos na conta de sua clínica depositado por Victoriano, como caiam de todos os pacientes que se tratavam na clínica dele.
E então ele insistiu, só se importando em ver Inês.
- Santiago: Ainda assim insisto.
E assim depois de ver Victoriano bufando vermelho, ele viu Adelaide passando e Victoriano também a viu, e então a senhora disse, com um riso no rosto para os dois.
-Adelaide: Inês está bem. Me pediu para ligar para Diana Maria pra falar com ela.
E então Victoriano deu um sorriso vitorioso para Santiago e disse.
- Victoriano: Agora espero que tenha entendido que não precisa que veja minha mulher essa noite. Ela já está bem e calma.
Santiago suspirou derrotado. Odiava aquela condição que só podia ver Inês em consultas ou quando era chamado como tinha sido. E ele só sentia que amá-la daquela forma, era o pior dos seus castigos.
Mas então Cassandra desesperada apareceu e da escada ela disse, por ver o pai dela no meio da sala com o psiquiatra.
- Cassandra: Pai, a mamãe se trancou no sótão e está quebrando tudo que há lá dentro!
Victoriano quando a ouviu, sentiu todo seu corpo tenso outra vez. E como não era bobo, tinha cópias da chave do sótão que ele guardava no seu escritório para que se precisasse como aquele momento que tinha Inês trancada no sótão, usá-las. E então nervoso ele foi busca-las, enquanto Adelaide guiou Santiago que pediu que ela o levasse até aonde estava Inês.
Dentro do sótão. Inês tinha desforrado o berço que era coberto com um fino lençol, como um armário de roupas que foi de Fernando ela também tinha tirado o lençol dele que protegia a madeira da poeira e do tempo que poderia acabar com os móveis que tinham ali. E dessa forma, puxando os lençóis, ela expôs tudo com raiva e chorando. O carrinho de bebê, ainda novo como que se não tivesse passado mais de 20 anos, ela tocou e o tombou deixando largado no chão, o armário, ela empurrou ele que por estar afastado da parede ele caiu pra frente fazendo um barulho enorme. Ela então abriu as gavetas de uma cômoda. Nela, tinha álbuns de fotos e roupinhas também, e ela só pegou na mão o álbum do batizado dele. Fernando havia sido um bebê tão lindo. Mas que agora na sua ausência, a adoecia há cada ano e aquele lugar principalmente. Um lugar que ela mesma fez de santuário, e ela mesma estava certa que tinha que ser ela para destruí-lo. Que ela só iria destruir tantos recordo, porquê seguia ferindo todos quem mais amava.
Entre um choro que lhe saía da alma com a dor de ver aos poucos o que ficou de Fernando sendo destruído, Inês chorava, chorava porque no fundo não queria fazer aquilo. Fazendo estava apagando as memórias mais viva que tinha de seu primogênito, mas não fazendo essas mesmas memórias fazia ela ferir as filhas e seu marido além de prendê-la ainda mais naquele passado.
Existe dores e fardos que acostumamos carregar, que por isso acabam tornando parte de nosso corpo como um membro a mais que assim, arrancá-lo é como se sentir incompleto. E essa dor e fardo já tinha tanto tempo no corpo e na alma de Inês, que doía tentar expulsá-los pra fora. Aquela ferida no peito deixada pela ausência do seu primeiro filho, era cutucada com força e sangrava mas que ela não parava. Mesmo que em sua mente ouvia uma voz como fosse a de Fernando que parecia reprova-la, enquanto os olhos de Constância triste em sua mente também, a cobrava para aquela libertação.
Por trás da porta já se ouvia os berros de Cassandra, as pancadas na porta que ela dava e depois a voz de Victoriano que tentava abrir a porta com a chave. Enquanto Santiago já preparava uma seringa com um forte sedativo para sedar Inês. E quando a porta foi aberta, Victoriano agarrou Inês pelas costas. Ela lutou e berrou, mas contra a força dele ela não foi capaz de lutar nem contra o sedativo que Santiago aplicou no braço direito dela, enquanto Victoriano a segurava. E ela automaticamente sentiu os olhos pesarem, o corpo ficar mole e depois tudo ficou breu.
Enquanto no quarto de Constância. Ela tinha levado as mãos nos ouvidos enquanto chorava e dizia com Diana sem deixá-la, com ambas sabendo o que acontecia com Inês.
- Constância: Eu não devia ter tentado entrar naquele maldito lugar. É tudo culpa minha.
Diana fez Constância olhar para ela, tocou no rosto dela banhado em lágrimas e disse, sendo ela das três a mais forte. Que era tão forte quanto havia aprendido ser com Victoriano.
- Diana: Você não tem culpa de nada Constância. Olhe para mim. Nossa mãe só está enferma tempo demais e agora que sabemos o porquê podemos ajudá-la.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Sem Medidas
FanfictionUm amor difícil de se encontrar em uma mulher, uma fidelidade difícil de ser ter vindo de um homem e um amor impossível de se medir entre eles. Esse é o amor que unirá, Victoriano Santos desde jovem, a simples e recatada, Inês Huerta, que por amor...