Capítulo 15

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Meninas, nesse capítulo tem algo que vou alerta-las. Não façam, não repitam. Eu amo vocês ❤️ E me perdoem pelo sofrimento que seguirá, por enquanto preciso contar a história . Obrigada por lerem...




Mais dias tinha passado .


Mais dias tristes que traziam desesperanças para família Santos, de encontrar Fernandinho, passaram.


As buscas tinham parado, depois de vasculharem, cada hospital, orfanatos e bairros pobres para ver se Fernandinho tinha sido deixado em algum lugar. E nada, nenhuma resposta nem pistas haviam encontrado. Vivo, as autoridades acreditavam que a criança estaria, pois haviam índices daquilo, até pelo simples fato de antes de o levarem terem se preocupado em até levar a cadeirinha do bebê junto para usar no carro. O sequestro, não era com a intenção de resgate e nem de mata-lo. E então só restava uma hipótese que as autoridades começavam a trabalhar, que era vingança. E assim eles trabalhavam pensando, que os donos da empresa de laticínios mais famosa do país, podiam ter inimigos que fossem capazes de sequestrar a criança.


Mas a pergunta que faziam. Era, quem seria eles. E estavam longe de descobrir. Enquanto uma mãe seguia sofrendo de braços vazios sem seu filho.


Inês que cada dia, se de caia, preocupando a todos exceto, uma mulher. E dentro do banheiro, do quarto deles. Victoriano despia Inês. Ia dar banho nela . Inês, estava calada há 3 dias. E se comia era porque Adelaide, Victoriano e até Fernando, uma vez, fazia ela comer. E dormir, ela só dormia abaixo de calmantes. E quando tomava banho, era com Victoriano ou Adelaide, por perto.


E assim, pelas costas de Inês, depois que deixou o robe dela cair ao chão no piso do banheiro. Victoriano soltou o ar do seu peito pesadamente. Inês estava magra demais, ele podia ver o quanto. E ele beijou então com carinho as costas dela, e depois pegou um laço que estava na pia e prendeu os cabelos dela.

Victoriano, estava sendo mais que um marido naquele momento, estava sendo tudo que Inês estava precisando mesmo sem pedir. E de cueca, ele passou a frente e tocou a água da banheira cheia, e depois voltou para Inês e pegou a mão dela para ela entrar na banheira com ele.

E ela foi, e ele a abraçou por trás em silêncio como ela.

Depois, Victoriano buscou uma buchinha e levou ela em um ombro de Inês . E enquanto, passava ela na pele dela, ele lembrava do dia anterior, quando novamente o médico havia estado na fazenda para ver Inês. E tinha tido uma conversa séria e preocupante sobre o estado  dela.

Trancado no escritório com o pai. Victoriano tinha escutado da boca do médico, que estava preste a internar Inês em uma clínica psiquiátrica para que ela se recuperasse daquele episódio traumático que ela tinha passado e que estava afetado drasticamente seu emocional. Mas de cara, ele questionou não cedendo as vontades do doutor formado e entendedor de vários transtornos mentais que podiam ser causado por episódios traumáticos, como o que Inês havia passado. Victoriano, só tinha em mente que seu maior temor parecia que ia se concretizar. Pois ele não tinha Inês sofrendo de esquizofrenia, mas tinha ela caindo devagar em uma depressão que fácil podia lhe tirar a sanidade com o histórico que tinha de fins como aquele em sua família. Mas Victoriano não ia permitir que aquilo acontecesse. Não iria permitir que levassem Inês para clínica alguma e muito menos a veria pior .

E assim, ele disse baixo, decidido fazer qualquer coisa para resgata-la do buraco sombrio que ela estava entrando.

- Victoriano: Não pode seguir assim, Inês.

Ele molhou a bucha na água sem ouvir Inês falar algo. Porque como estava, como que só seu corpo estivesse ali ela seguia calada e com o olhar perdido.

E assim, ele molhando o corpo dela. Voltou a dizer com a voz angustiada.

- Victoriano: Por favor, Inês. Lute. Lute por mim. Não posso te perder também.

Victoriano então largou a bucha e puxou mais o corpo de Inês pra próximo dele. Ele sofria vê-la como estava, sofria mais ainda saber que não podia fazer nada. Não podia trazer Fernando de volta pra casa e salvar sua mulher . O pai, o homem e marido, estava de mãos atadas.

E pensando em levar Inês embora da capital, se isso fosse a saída que tinha para resgatar ela. Ele disse de novo.

- Victoriano: Vamos embora daqui. Vamos morar em outro país. Abandono tudo, contanto que tenha uma chance de tê-la bem . Moramos, em Lisboa, França, qualquer lugar que nos afaste disso tudo.

Inês desceu mais seu corpo na água e encostou a cabeça no peito de Victoriano. Já conhecia os países que ele citava mas não se animou com nenhuma opção que ele dava.  E por isso ela seguiu como estava, calada.

E Victoriano então acariciou os braços dela e voltou a falar, quase implorando .


- Victoriano : Não pode seguir assim . Fale algo por Deus, Inês. Se não quer morar fora . Fiquemos, e juntos vamos lutar para achar Fernando. Mas dessa forma não pode ficar.


Inês seguiu como estava, mas começou a chorar e Victoriano ouviu os soluços dela . E ele apertou ela nos braços mais forte. Sofria demais vê-la como estava.  E então ele disse, expondo o que não queria fazer se ela seguisse como estava. Não queria e não podia viver longe dela.


- Victoriano: Se segue assim . Vou perde-la . A única opção que terei é interna-la para te resgatar. E não quero fazer isso, Inês . Não posso e não quero ficar longe de você e te jogar em uma clínica como louca. Hoje... Hoje compreendo o que passou com sua mãe.

Victoriano suspirando pesadamente. Agora mais que nunca entendia o que Inês havia passado. Sentia na pele a decisão daquela escolha que temia ter que fazer.

- Inês : Eu quero morrer como ela.

E Finalmente Inês disse algo, mas que desesperou mais Victoriano. Ele então se moveu na água e fez ela olhar pra ele, e tocou no rosto dela. E disse visivelmente abalado ao ouvi-la.


- Victoriano: Não repita isso mais, Inês . Nunca mais! Eu não posso viver em um mundo que não tenha você também. Já perdi nosso filho, não posso perde-la!

E Inês com os olhos banhados em lágrimas, o respondeu cheia de dor com aquela certeza que tinha.

- Inês : Eu não posso viver em um mundo sem ele. Me perdoe, Victoriano . Mas não quero seguir vivendo em um mundo que não sabemos aonde nosso filho está.


E Victoriano nada disse, apenas suspirou cansado daquela situação, tocando o rosto de Inês . Tinha que tomar uma difícil decisão, uma que ela não teve coragem de tomar com sua mãe em vida. Porque antes que Inês terminasse, como sua vó materna e mãe, Victoriano a salvaria de si mesma. Mesmo que lhe causasse uma profunda dor junto ao buraco no peito que a ausência dela também lhe faria.

Inês com todas as palavras dizia que queria morrer. E Victoriano não estava disposto pagar pra ver ela realizar esse desejo. Estavam vivendo um pesadelo sem fim.


E no dia seguinte. Victoriano saiu cedo da fazenda com o pai. Fernando, se dirigiu a empresa mas, Victoriano foi para outro lugar.


De frente para uma grande clínica psiquiátrica, Victoriano descia do seu carro. A clínica, era uma das melhores e que davam aos pacientes os devidos cuidados, os tratando com respeito todos de diferentes níveis de suas doenças mentais que os levaram ali.

E em um jardim bonito, Victoriano via enfermeiras de branco andando ou sentadas em bancos espalhados pelo jardim com pacientes.  E ele esfregou com uma mão o rosto, se perguntando que demônios que fazia ali.

E quando já ia, o porteiro do portão fechado de grades apareceu, e ele teve que se identificar e logo depois adentrou na clínica.

E na sala do diretor .

Victoriano tenso, em pé na sala esperava ele aparecer. E quando apareceu, um senhor de cabelos brancos, estatura baixa e um pouco acima do peso, deu a mão para Victoriano, se apresentando.

- X: Sou o doutor psiquiatra e diretor desse hospital, Pierre Cardin. Muito prazer, Victoriano Santos.

Victoriano apertou a mão daquele médico que ele sabia que era americano pelo nome e por ter pesquisado sobre aquele lugar e seus médicos. E então, ele disse depois que deu uma puxada de ar nada fácil em pensar no que o trouxe naquele lugar.


- Victoriano: Procuro um lugar, para tratar minha esposa. Mas quero que cuidem dela até que ela possa retornar para nossa casa. Não pretendo deixá-la por muito tempo nesse lugar.

E então, o médico disse.

- Dr Pierre: Fale -me mais de como se encontra sua esposa. Sente- se senhor, Santos.


E assim os dois se sentaram. E de frente para o doutor psiquiátrico, Victoriano começou contar de como estava Inês e do que ele temia que acontecesse se ela seguisse como estava. E como muito bom no que fazia, o doutor Pierre, buscou saber as fontes que Victoriano tinha que o fazia temer a perca da sanidade de Inês.

E então, depois de entender aquele male hereditário que Inês tinha, de transtornos mentais em sua família. O médico andou com ele, pela clínica para mostrar algumas alas dela. Até que Victoriano conheceu um jovem doutor, da idade dele e que era filho de Pierre.  Santiago Cardin ( René Strickler)

O rapaz de cabelos claros e de olhos verdes, inteligentíssimo, já formado em psiquiatria e terminava psicoterapia, cumprimentou Victoriano, conhecendo a razão que o trazia na clínica.

E horas depois dentro do seu carro depois de deixar aquela clínica, surtado, Victoriano batia no volante. Não acreditava que acabava de sair de uma clínica psiquiátrica, aonde pretendia deixar a mulher que amava presa em meio a pessoas doentes .


E que homem ele seria se seguisse com o que pretendia? Que pai seria se largasse a mãe do filho dele em uma clínica para loucos? Victoriano passou a mão na cabeça nervoso, sem querer saber as respostas de suas perguntas. Não devia ter se quer pensado naquela hipótese.

E assim, com raiva, Victoriano ligou o carro e saiu de lá.


E mais tarde na fazenda.

Inês como de costume, acordava depois de ter adormecido no quarto do filho, sobre a poltrona que amamentava ele.  Ela tinha adormecido, depois de ter tomado um copo de leite morno que discretamente, Adelaide por prescrição médica e autorizada por Victoriano, tinha colocado algumas gotas de um remédio antidepressivo no leite dela.


E assim, olhando do lado em uma mesinha com um abajur e o copo, junto a um quadro de Fernando que sorria na foto começando a fazer gracinhas . Ela pegou o quadro e tocou. O bebê gordo de pernas pra fora naquela foto, era a luz que lhe foi tirada e tornando seus dias escuros como estavam seguindo. E como já era de se esperar, lágrimas correu dos olhos de Inês e ela guardou o quadro. E ao se mover, ela sentiu falta de algo que não estava no colo dela mais. Havia entrado no quarto de Fernando, com uma manta dele, a mesma que ele usou pela última vez e  ela não deixava ninguém tocar a não ser ela. E então, se desesperando ela correu os olhos ao redor dela e não viu a manta em canto algum. E assim, ela se levantou rapidamente e foi para o quarto dela e de Victoriano, para procurar a manta. E depois de revirar a cama e algumas gavetas, Inês desceu o andar de baixo da casa chamando por Adelaide.


- Inês : Adelaide! Adelaide!

Enquanto ela ia até a cozinha, no topo da escada, Bernarda apareceu sabendo o que Inês procurava e ela tinha escondido. Pois tinha escutado a conversa do médico de Inês e logo depois, Victoriano ter se negado deixar ela ser internada. E Inês em uma clínica psiquiátrica, era tudo que Bernarda desejava ver. Inês já estava louca, perdendo a razão e Bernarda pensava que não custava nada ela ajudar mais ela parar em um lugar como um hospício. Afinal, com Inês internada, sua vida voltaria normal e ela voltaria ser a única dona da fazenda.


E Adelaide da cozinha, estranhou ouvir Inês chama-la. Quase não a ouvia mais, por Inês nem falar como antes. Então, apressada, Adelaide saiu da cozinha.


- Adelaide : O que foi menina? Porque grita?


Inês se tremia toda e quando viu Adelaide, com a mão entre os cabelos dela, ela disse nervosa.


- Inês : A- A manta. A manta do meu filho, eu não tenho mais ela!


Inês olhou as mãos vazia que tremia com seu abalo emocional. Não lembrava aonde tinha deixado a manta do seu bebê. E ela queria desesperadamente ocupar suas mãos vazias outra vez com ela.


Fernando Santos, que do escritório ouviu a nora gritando, saiu apressado se apoiando em sua bengala. E disse, vendo Inês andando de um lado pro outro e Adelaide tentando acalma-la.


- Fernando : O que está acontecendo aqui?

Bernarda que viu que o marido chegava, desceu as escadas como se tivesse chegando aquele momento também e disse.


- Bernarda : Que gritos são esses?



Inês girou o corpo em direção do seu sogro pegou nas mãos dele, e implorou entre lágrimas nervosas no seus olhos.


- Inês : Eu só quero a manta do meu bebê. Só quero ela. Me dê, ela!


E Fernando triste vendo o estado que Inês estava. Disse, pegando nas mãos trêmulas dela com olhos que a via com compaixão.


- Fernando : Eu não peguei ela, querida, Inês. Mas vamos todos procurar pra você.  Sente – se um pouco.

Fernando fez Inês andar em direção ao sofá e Adelaide ao lado ajudando ela, mas Inês se recusou sentar recuando dos dois e olhou Bernarda e a acusou também.


- Inês : Foi você! Foi você que tomou a manta do meu filho de mim, como também fechou o quarto dele para que eu não pudesse entrar!

Bernarda levou a mão no coração, fingindo um choque. Não entendia porque Inês seguia a acusando senão tinha visto ela fazer as coisas que fez. Mas ela não deixaria que sua máscara caísse. Além do mais, quem acreditaria em Inês naquele estado. E assim ela disse, em sua defesa.


- Bernarda : Inês, querida que mentira fala. Eu não fiz isso. Mas vou ajuda-la achar a manta do seu filho.


E Inês nervosa enquanto tocava os cabelos toda desequilibrada, gritou com Bernarda.


- Inês : Está mentindo! Sei que foi você! Não gosta de mim, não gosta, não gosta!


Adelaide tocou no rosto de Inês que chorava demais como estava e Fernando, pegou o telefone ao lado do sofá, iria discar para empresa e chamar, Victoriano. Inês estava desequilibrada e se ele não queria interne-la, ele que teria que decidir o que fazer para ela se acalmar.

E Adelaide pegando de leve nos braços de Inês, disse.

- Adelaide : Se acalme, Inês. Por favor.

Inês bateu na mão de Adelaide, não queria se acalmar, queria a manta do filho dela. E assim ela voltou a falar gritando.



- Inês : Onde está Victoriano? Onde está? Ele vai saber achar a manta do filho dele. Aonde ele está!

E Fernando depois de rapidamente ter deixado recado pra Victoriano, ele disse.

- Fernando : Ele está na empresa, mas já está vindo. Vem vamos sentar, filha.


- Inês : Ele vai achar. Sei que vai.

Fernando puxou Inês para os braços dele e a abraçou mesmo que de início ela tentou recusar, a abraçou mantendo ela em seus braços. E assim ele tocando nos cabelos dela, com as mulheres o olhando, o senhor disse calmo.

- Fernando : Sim eu tenho certeza, que ele vai achar pra você, querida.


E Adelaide desconfiada viu Bernarda dar meia volta e subir a escada. E se ela não tivesse enganada, apostaria que Inês tinha razão, e que ela havia pego sim a  manta de Fernando.


E momentos depois .


Sobre a cama deles, Victoriano sentado, abraçava Inês contra seu peito . Ela estava já calma agarrada com a manta de Fernando, que Victoriano tinha encontrado ao chegar debaixo da cama deles. Bernarda havia escondido lá depois que havia subido.


E Victoriano acariciava as costas de Inês pensativo. Ele segurava as lágrimas nos olhos de ver que estava perdendo sua Inês, por ela não estar sabendo lidar com a dor que viviam. Ele sofria com o sequestro de Fernando e sofria mais ainda vendo Inês ficar como estava. Mas parecia ser mais forte que ela, e ela frágil demais pra lidar com a perca deles.


E por isso, na mente de Victoriano, ele só pensava na visita que tinha feito na clínica psiquiátrica pela manhã. Inês parecia estar enlouquecendo e a única saída parecia ser só aquela para salva-la .


E Inês calma, disse cheia de medo do que via o que estava acontecendo com ela,  agarrada a ele.

- Inês : Eu estou enlouquecendo, Victoriano. Vou terminar como minha mãe.


Como se tivesse lido os pensamentos de Victoriano, depois que ouviu Inês, ele pegou no queixo dela fazendo ela olhar para ele, e a respondeu convicto daquilo. 


- Victoriano: Eu não vou permitir que isso aconteça com você, Inês, não vou!

Ele tomou a boca dela em um beijo lento e quando se desfez, Inês o olhando nos olhos perguntou por achar que já estava tempo demais não sendo a mulher que devia ser ao seu marido.

- Inês : Quer fazer amor comigo?

Victoriano sorriu e negou rapidamente com a cabeça. Seria incapaz de toca-la como ela estava, ainda que ela permitisse. Então ele a respondeu.

- Victoriano: Quando estiver melhor, talvez eu queira. Agora precisa muito de mim mas de outra forma. E estou e sempre estarei aqui pra você, Inês.

Inês então fechou os olhos se aconchegando nele. Sabia o que estava acontecendo com eles e ela estando naquele modo, o casamento deles estava muito longe de ser feliz como eram.  Mas ainda sim, ele estava ali mesmos que ela sentisse que estava enlouquecendo de verdade. E assim ela disse.

- Inês : A intensidade de seu amor por mim, sempre me surpreendeu, Victoriano. Obrigada por me amar dessa forma, ainda que merecesse uma mulher diferente do que sou, ainda mais agora.

E Victoriano depois de ouvia-la, buscou os olhos de Inês e a respondeu não aceitando as palavras dela.

- Victoriano : É verdade, está enlouquecendo quando diz que não merece que eu a ame. Aqui quem nunca mereceu seu amor foi eu. Me escolheu e agora está passando por tudo isso por culpa de sua escolha. Talvez, só talvez se tivesse escolhido Lore...

E Inês tocou com o dedo na boca de Victoriano para cala-lo e disse, cheia de amor e gratidão .


- Inês: Não siga falando. Não me arrependo por me render ao amor que me dava . Não me arrependo de nada até aqui .


Victoriano então suspirou e apertou ela nos braços dele e disse quase implorando.


- Victoriano : Então seja forte, meu amor. Seja forte pelo nosso amor, por nosso filho. Porque vamos sim encontrá-lo. Não vou descansar até acha-lo. 


E Inês suspirou. Quando Victoriano falava daquele modo com ela, era como que suas forças fossem renovadas, que o otimismo dele e sua força maior que a dela lhe fortalecesse e a fizesse confiar que voltaria ver Fernando .


E mais dias se passaram.


E no dia que estavam, tinha amanhecido chuvoso e triste. E Inês em um banco na varanda da fazenda, sozinha, via a chuva cair . Ela tinha um caderno na mão e uma caneta na outra.

Havia escrito uma carta de despedida para Victoriano. Não suportava mais viver com aquela angústia no peito. Não queria mais só existir naquele mundo cruel que ela descobriu que era, quando lhe tinham arrancado seu filho daquela forma dos braços dela. Algo tão cruel e injusto que ela não conseguia mais viver com as lembranças daquela tarde, e sem esperanças de encontrar seu bebê que os dias passavam e ele crescendo longe dela  em algum lugar que ela desconhecia.


E baixando a cabeça para olhar a carta, ela voltou a ler as palavras que tinha escrito para Victoriano.


Nunca pensei que estaria lhe escrevendo uma carta como essa, meu amor e o melhor que me aconteceu dentro desses anos. Fui tão amada por você, de uma forma que foi até melhor do que meus melhores contos de fadas quando eu imaginava como era ser amada.  Mas chegou a hora de lhe dizer adeus, dizer adeus a esse amor. Pois não posso mais me manter ao seu lado. Não posso mais lhe prender ao meu lado enquanto sigo assim. Não vivo mais, só existo. Porque o que fizeram comigo me mataram em vida. Tiraram nosso filho de mim. Queria seguir lutando e ter as mesmas forças que você. Mas não posso, Victoriano. Não encontro forças!  E eu só quero que seja feliz. Que encontre uma mulher que dê o filho que lhe tiraram, que ela seja diferente de mim e que você possa ser quem é comigo com ela. Você merece amar alguém que não esteja destinada a enlouquecer, como sinto que estou a cada dia que passa com essa dor que só aumenta dentro de mim.  Havia pensado que a dor maior que eu podia sentir, foi ao perder minha mãe, até perder a outra parte de mim, a parte do nosso amor. E não quero viver mais assim, sem ele. Por favor me perdoe. Não sou forte como você, Victoriano . Nunca fui. “


Inês limpou as lágrimas que desceram do rosto dela, se levantou, arrancou a folha do caderno e o pôs quando entrou no quarto dela, sobre a cama para Victoriano ler.



E mais tarde depois de chegar da empresa, Sanclat.


Victoriano lia a carta de Inês. Ele passava os olhos sentindo o corpo dele todo tremer quando entendeu que era uma despedida. E sem terminar de ler, ele largou a carta na cama e foi procurar por ela. Aos berros ele entrou na suíte do quarto deles não a vendo nela, saiu para varanda do quarto e não a achou também. E depois andou nervoso pela casa, abrindo portas, chamando por Inês, alarmando todos, até que ele parou na frente de um banheiro social da casa que estava trancada. E então desesperado, ele gritou por Inês, sem ter dúvidas que ela estava lá dentro.


- Victoriano: Inês, abra essa porta!


Ele esmurrou a porta e empurrou seu corpo contra ela. Se tivesse certo do que leu, ela tinha se trancado para tirar a própria vida e por isso ele não podia perder tempo. E sem chamar mais,  Victoriano, arrombou a porta depois de várias vezes se empurrar contra ela . E encontrou Inês jogada no chão. Ela tinha tomado todos seus remédios, antidepressivos e ele via ao chão o vidro dos comprimidos vazio. E assim desesperado, Victoriano, entrou no banheiro e pegou Inês nos braços.


E horas mais tarde em um hospital.

Victoriano chorava como um menino. Aquele homão que já era, chorava na sala do diretor do hospital que estavam, no peito do seu pai, que Fernando o consolava.

Inês estava com vida. Mas dormia sedada, e Victoriano chorava, porque tinha acabado de assinar uma carta que a transferia para uma clínica psiquiátrica, a mesma que ele tinha visitado.

Inês tinha tentado tirar a própria vida e tinha que ser tratada. Mas permitir que ela fosse tratada, era como se tivesse arrancando um pedaço de Victoriano. Era para o bem dela, mas ele sentia que era para o mal dele. Ele não tinha o filho mais e agora não teria a mãe dele. E Victoriano se preguntou de novo, que maldição era aquela que tinha caído sobre a vida dele, que seu paraíso tinha se tornado um inferno sem prévio aviso.



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