Capítulo 10

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Tudo parecia sem cor aquele dia. Chovia, fazia frio e o céu estava feio pelo tempo.  Quase no fim da tarde, Inês teve alta do hospital ainda que fraquinha se recuperando pelo incidente, ela foi liberada para enterrar a mãe ainda naquele dia. E devastada, era assim que Inês estava. Ela caminhava um caminho no cemitério aonde, Constância iria ser enterrada. Vestindo preto, ela segurava um buquê de rosas vermelhas e ao lado dela estava Victoriano, que tinha o braço envolta da cintura dela e do outro lado, estava Loreto que caminhava com a coroa de flores que iam colocar sobre o caixão e honrar a memória de Constância. Era um dia doloroso para Inês, e ali estavam os dois com ela .

Ao se lembrar de sua casa pegando fogo e Loreto salvando ela depois que viram Constância morta, quando Victoriano confirmou aquilo a abraçando forte, Inês desejou morrer. Desejou ter estado no lugar da mãe.  A mulher que tanto amava, admirava e era tudo o que tinha na vida, havia sido arrancada dela cedo demais. E pelas palavras de Victoriano, como a avó que fez mal a si mesma sofrendo da mesma doença de sua mãe, ela tinha se machucado e tirado a própria vida . A única explicação do fogo ter tomado a casa dela foi a própria Constância ter iniciado ele. E com aquele buraco no peito, Inês só pensava que se tivesse tomado uma decisão antes de tudo aquilo acontecer, sua mãe estaria viva. Talvez, a decisão certa fosse ter deixado ela no hospital psiquiátrico, mas ela não teve coragem de fazer aquilo e agora ela colhia o resultado da sua escolha. E a dor da perca era sentida por Inês junto com o medo de seguir a vida sem a única pessoa que tinha.


E andando agarrando Inês, temendo vê-la desmoronar no chão, Victoriano olhou de lado e Loreto olhou para ele.  Estava engolindo seu orgulho de ter ele ali, por simplesmente Loreto ter salvado a vida de Inês.  E ela ter aceitado ele também ao seu lado em forma de agradecimento mesmo depois do que ele fez, a dor que Inês estava sentindo, era maior do que ele tinha feito e depois salvo a vida dela.  Victoriano só queria naquele momento de dor que Inês passava, que ela sentisse que não estava sozinha .  Enquanto Loreto do outro lado, sentia tanto por Inês como Victoriano, pois sabia como ela amava a mãe dela e assim como ele, ignorava a rivalidade que tinham por respeito pela dor dela.


E chegaram, aonde iam sepultar a mãe de Inês . E Inês viu que havia chegado o momento do adeus definitivo. Não teria mais o afago de Constância, não teria alguém mais que pudesse ouvia-la, chamá-la de menina e abraça-la no meio da noite quando dividiam a cama.  E ela soluçou entre lágrimas, encostando a cabeça no peito de Victoriano e ele abraçou ela com força. O choro de Inês era abafado no peito dele e a dor sentida como se fosse a dele.  Victoriano vendo homens colocar o caixão dentro da sepultura, lembrava da promessa que tinha feito a mulher que era enterrada. E ele abraçou mais firme Inês, abalado também com o momento triste que acontecia. Cumpriria aquela promessa que tinha feito para a mãe da mulher que o estava ensinando amar . Estaria com Inês daquele momento e até que a morte os separassem também.


A chuva começava se fazer forte. Entre lágrimas, Inês, se agachou na terra já coberta da sepultura da mãe dela. Tinha as rosas que levava em cima da terra e a coroa de flores também. Inês tocou a terra enfiando seus dedos nela. Sua alma sangrava ali  sobre o túmulo de sua querida e guerreira mãe.  E chorando, Inês disse baixo.

- Inês : Mãe, mãezinha. Não podia me deixar. Não podia.

As lágrimas de Inês tocaram a terra junto com os pingos da chuva.

E de guarda – chuva, os homens, Victoriano e Loreto viam aquele momento de dor de Inês, calados.
Até que ela, depois de passar a manga de seu vestido que usava daquela cor que simbolizava seu luto, no rosto para enxugar suas lágrimas.  Ela olhou para eles e depois pediu.


- Inês : Me deixem só, com ela . 


Victoriano olhou para Loreto e os dois se afastaram dali deixando Inês.

E quando já estavam longe suficiente apenas para deixar Inês ter sua última despedida. Victoriano disse para Loreto.


- Victoriano: Se quiser, já pode ir embora Loreto. Daqui em diante eu cuidarei de Inês. 

Loreto olhou para Inês, e depois voltou a olhar pra Victoriano e disse, novamente o que seria como seu mantra contra ele.

- Loreto: Não esqueça Santos, que salvei a vida dela. Me deverá isso pro resto da vida. Então fale comigo melhor.

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