Capítulo 64

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Olá, eu consegui por fim um momento tranquilo para escrever que uniu com o momento de inspiração e tempo que me fez conseguir atualizar mais um capítulo pra vocês! Aqui então está ele. Bjs

Inês não sabia ao certo do que seria do amor que sentia por Victoriano, não depois de sua dolorosa confissão. Depois daquela noite que viviam ela tinha apenas uma certeza, a que não poderiam seguir como estavam.

Ela não poderia seguir com o posto que ele a colocava no casamento deles. Não poderia aceitar a ficar nele mais. Estava sendo tão humilhante para ela como mulher saber que o homem que amava a via tão doente a ponto de não confiar nela um novo fruto do amor deles. Na verdade, apenas a hipótese dele. 

Nunca que havia imposto uma gravidez aos dois. Tinha sido sincera desde do início da possibilidade que poderia acontecer e da importante decisão que tinham que tomar. Uma decisão que poderiam tomar juntos e que ele mais uma vez a privou de uma escolha. A calando. 

Há tanto tempo que viveu calada e cômoda, que só pensava que começou a viver há poucos meses que começou a lutar contra seu passado e os danos deixados em sua mente e alma. E para quê? Victoriano seguia vendo-a como a mulher que antes fora. A mulher que seguia em uma luta diária para mudar não só pelo homem que amava, mas também pelas filhas que tinham juntos. No final como pensava, seguia sendo para todos a mulher debilitada e desiquilibrada de sempre.

Victoriano mentira. Mentiu a olhando nos olhos mais de uma vez. Mentiu quando passou a confiança que ele não tinha nela, até lhe comprando um carro. Quando a enganou com uma falsa calmaria e compreensão sobre a possibilidade de terem mais um filho, também havia mentindo!

Inês entrou no quarto que ocupava com o causador de suas lágrimas e revolta. Não tinha nem mesmo enxergado o caminho que havia percorrido até ali. Parou então ofegante, com o coração acelerado e os olhos inundados de lágrimas, e olhou ao seu redor. O silêncio do quarto, o cheiro deles dois ali em um ambiente compartilhado por mais de duas décadas por eles fez ela ficar tremula.

Victoriano havia assumido com suas ações e palavras qual era a imagem que tinha de Inês como esposa, e ela encarava assim a cama deles. A cama que tantas vezes fizeram amor, mas que também ela o rejeitou. Lembrava das suas crises, das vezes que não suportava ter companhia da família e não só dele. Inês soluçou, cobrindo os olhos com uma mão e a outra levando aos cabelos.

Imagens como um filme reavivado em sua mente, passavam se enroscando um no outro. Explicações do porquê Victoriano não poderia vê-la como uma mulher saudável outra vez, apareciam e doía em Inês. Doía por se ver presa nas razões dele e no que ela sentia.

Não era animador para uma mulher saber que seu marido se habituou a esposa doente de tal maneira que tomou por anos ás rédeas das situações e decisões do casamento deles que não se formava apenas por uma pessoa. Eram dois.

Quando Victoriano burlou de um direito que ela tinha, até garantidos por lei, ela sabia que ele tinha lhe assinado o atestado de louca. Uma condição de insanidade.

Ela sentou à beira da cama, esfregou um pé no outro arrancando os sapatos deles e pensou em como sua autoestima estava tão rasa como a gota de sua lágrima que viu cair sobre o lençol da cama. Ela limpou depois um lado do rosto e sentou de postura reta mirando agora a porta da varanda do quarto. O vento da noite batia mexendo a cortina, e ela suspirou vendo a noite. Apenas parte do céu da noite que antes esteve maravilhosa.

Pensou na conversa que teve com Constância, na dança com Victoriano, depois na entrega que tiveram no escritório da casa, e então na conversa com Carlos Manuel, onde tudo depois o levou ali. Estava sozinha, triste e com raiva. Com raiva do homem que amava, com raiva da vida, raiva de si mesma. Sim tinha mais raiva de si mesma do que de qualquer pessoa ou coisa.

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