𝑄𝑢𝑎𝑡𝑜𝑟𝑧𝑒

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-Millie-

Ontem passamos o resto da tarde inteira e um pedaço da noite no parquinho. A Liz brincou bastante com a Sadie e me pareceu que elas se gostaram. Isso me deixou mais despreocupada.

A única parte ruim foi que eu fiquei excluída, me largaram totalmente para trás e foram brincar. A Liz me fez gastar mais de duzentos reais só com brinquedos que tinha lá, tinha uns cinco pula-pula diferentes, aquelas largatas malucas, roda gigante, e muitos brinquedos vendendo.

Chegamos em casa era umas oito da noite, e ela estava podre, tinha chiclete colado no cabelo, a boca toda suja de algodão doce, toda suja de chocolate e os pés pretos de tanta sujeira.

Sadie nos deixou na porta de casa e foi embora, fiquei esperando o uber dela chegar e entrei em casa. Ela foi uma fofa se despedindo. Fez questão de falar que amou o dia e que estava ansiosa para passar mais dias assim.

Eu tinha deixado a pequena sujinha no sofá. Acordei ela e fiz ela tomar banho, na minha cama ninguém sobe suja, de jeito nenhum.

Com muito sacrifício consegui fazer ela tomar o banho bem por cima mesmo, foi mais para tirar a sujeira dos pés e pronto, amanhã eu lavo o cabelo dela quando eu chegar à noite.

Coloquei ela na cama e dei a mamadeira dela. É uma coisa que ela gosta, tomar o leitinho dela todo dia de noite é de manhã, e eu não vejo problema com isso, ela ainda é pequena.

Tomei um banho e comi um pão enquanto esperava a minha mãe chegar e conversava com a Sadie no celular. Ela estava animada para vir aqui novamente, mesmo sabendo que sso só vai acontecer na minha próxima folga.

Minha mãe chegou e ficamos conversando sobre como foi o meu dia, ela parece estar aceitando mais a Sadie em nossa vida, isso me deixa mais tranquila.

No outro dia...

Acordei cedo como de costume, eu estava morrendo de sono ainda mas o Senhor Sink não esperaria meu sono passar.

Me arrumei rápido, tomei café e saí com a minha mãe, também entreguei um dinheiro para Márcia, como pagamento para ela, ainda é pouco mas estou batalhando.

Separei na minha mochila a roupa da boate que faço alguns bicos, vou lá hoje, estou precisando de dinheiro fácil e ali eu acho, e rápido.

Cheguei na casa do arrogante e fui direto para a cozinha, hoje o café da manhã é meu, tenho que adiantar. Minha mãe foi tomar conta da limpeza do resto e eu terminei o café rápido.

Montei a mesa farta de todos os dias. Ali tinha bolo, pães frescos, tortas, queijo, torradas, sucos, café, leite, ovos e panquecas, frutas, uma mesa repleta. E ele ainda acha o que reclamar.

Logo ele desceu as escadas com seu terno elegante e seu ar de arrogância. Fui servi-lo na mesa e depois quando ele me dispensou fui lavar o que usei para cozinhar tudo aquilo.

Sadie desceu mais tarde hoje, e foi recebida por reclamações vindas do pai dela. Coitadinha, parecia estar em um mau momento, vou me lembrar de perguntar a ela depois.

-por que acordou tarde? -ouvi a voz dele.

-estou menstruada e com cólica, quer mais alguma explicação? -afrontou.

-quero sim, quero saber onde esteve ontem o dia inteiro.

-fui no inferno. -senti vontade de rir.

-me respeita que eu sou seu pai! -bateu na mesa.

-cara eu estou com dor de cabeça e odeio os seus escândalos, então me deixa em paz vai. -falou com calma e por um momento a paz reinou na casa.

-Kelly, minha pasta! -chamou minha mãe e logo vi ele saindo. Pronto, agora estamos livres.

Terminei minha louça e fui tirar a mesa do café. Sadie me esperava na mesa enquanto mexia em seu celular, ela estava com uma cara acabada, de quem tinha acabado de acordar.

-bom dia, meu amor! -sorriu.

-bom dia, gatinha. -soltei beijinho no ar enquanto passava por ela com as mãos cheias de bandejas. -como foi a sua noite? Dormiu bem?

-sim, amor, mas dormiria melhor se fosse com você. -deu um risinho.

-ah, você pare com essas coisas viu, sua safada! -falei enquanto voltava para pegar mais coisas.

-eu só disse a verdade, querida. -provocou.

-minha mãe também está aqui, ou você esqueceu? -dei um tapa em seu braço.

-ela deve estar lá em cima. -deu de ombros. -não gostei de apanhar viu?

-viu. -ela riu.

-vamos sair de novo quando? -se levantou.

-só daqui a duas semanas. -peguei o resto das coisas e levei até a pia da cozinha.

-sério?

-sim. -ri enquanto guardava as  coisas que sobraram na geladeira.

-e vai fazer o que esse tempo todo?

-vou fazer meus bicos na boate, preciso de dinheiro rápido.  -respondi enquanto ela se sentava em uma cadeira.

-você nunca vai me falar onde é essa boate? -pegou uma maçã e começou a comer.

-pra que você quer saber? -comecei a lavar as coisas.

-eu quero te ver dançar ué. -deu de ombros.

-não vai mesmo. -estalei a língua.

-por que? -franziu a sobrancelha. -se eu sou sua namorada eu posso te ver dançar, não?

-não. -ri nervosa. -vai dormir vai menina, me deixar terminar aqui. -tentei mudar o assunto.

-não quero, prefiro saber o porquê que eu não posso te ver dançar.

-porque eu tenho vergonha. -confessei. -agora sai que se eu derrubar um refratário desse vou gastar meu salário todo para pagar. -dispensei ela que saiu reclamando.

Terminei de lavar tudo, sequei e guardei. Limpei a cozinha rapidinho e pronto, fui para o quarto da Sadie que faltava arrumar e limpar.

-eu deixei você invadir meu quarto assim? -perguntou brincando.

-so não invadi para fazer o que você sonhava. -fiz um coração com as mãos enquanto eu ria.

-você tá cheia de graça hoje, não vou te dizer nada. -estalou a língua.

-fica aí se chupando, cuidado pra não engolir a boca. -ela resmungou algo e saiu do quarto enquanto eu gargalhava.

Pirraçar ela tá se tornando incrível.

A Filha da Empregada - SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora