"As técnicas da União se aprimoram cada vez mais. Isso é notável em todos os aspectos da arte. Conforme o reino se expande, maior é o número de mentes brilhantes que se revelam. Entre as mais primorosas das criações estão as lentes cristalinas (...)
Alguns santuários e bibliotecas foram aprimoradas com essa criação maravilhosa que nos permite expandir o entendimento sobre os astros, e até mesmo monumentos apropriados para o estudo foram construídos em cumes rochosos, ou em ilhas isoladas, sendo esses os Observatórios. Com auxílio das lentes, minha equipe, acadêmicos, eruditos e místicos de toda parte do reino que acompanham minhas pesquisas, finalmente pudemos vislumbrar pela primeira vez as orbes que sempre nos cercaram (...)
Pela primeira vez, conseguimos observar os abismos, as montanhas e a vastidão alva de cristais de gelo da Lua Branca; os vulcões violentos jorrando flama viva nos lagos incomensuráveis da Lua Rubra; e os rios, leitos aquosos e mares cercados pelos belíssimos continentes floridos e selvagens da Lua Verde, com sua película azul protetora que reveste o horizonte; mas a profundidade abismal da Lua Negra se mantém em mistério, pois sua forma se apresenta além do espectro visível aos olhos. Nesse caso, as lentes só servem para nos mostrar o brilho índigo infinito que exala das bordas da Lua Negra, pois seu interior continua obscuro em um sentido plenamente literal (...)
Em décadas posteriores o aprimoramento nos presentou com a dádiva de vislumbrar astros mais distantes, e, até mesmo, mundos diferentes (...).
Vivemos em uma época inigualável para a descoberta do conhecimento. É difícil prever até onde nossa sabedoria poderá nos levar um dia."
- Rimanesh, grão-engenheiro de Aylentar e grande inventor da primeira Era
ÁKERA DOMINAVA mentalmente a disposição de cada continente e ilha nos oceanos que navegara. Qualquer trecho de terra sobre a água que fosse maior que uma ilhota ela teria conhecimento da existência, mesmo que nunca tenha aportado propriamente nesses locais. Por isso mapas não lhe eram fundamentais, senão para orientar outros capitães e navegadores, que por serem incomparavelmente mais jovens ainda necessitavam dessa orientação.
— A folha é tão rija que nunca perde o fio. Batalhas e mais batalhas se passarão e sua precisão perdurará sem necessitar de um amolador. — Os olhos percorreram pelas minúcias, da vertical e na horizontal. As pontas dos dedos deslizaram pela lateral de Sú'hen, degustando com o tato as inscrições em baixo relevo da chapa fria. — A forjadura enakân proveu o melhor que o arsenal de nosso povo um dia pôde criar. — O tom tornou-se de advertência. — O Suplício pulsa dissonância de terror. Tão perigosa quanto útil. Tantos segredos perdidos se escondem em uma só arma, que em mãos erradas causaria uma catástrofe.
— Está confiscando a Sú'hen de minha posse?
Ákera ponderou a pergunta de Wanäe. Sua expressão era séria. Só bastava saber se a posição dela era de julgadora ou conselheira.
— Não há necessidade. — A almirante levou a ponta da lâmina até o fundo do bainha produzindo um ruído agudo característico. Ynamus, o braço direito de Ákera, recebeu das mãos de sua mandante o objeto, ao qual devolveu para a guardiã. — Para mim, tu és a mesma ameaça com ou sem Sú'hen.
— Trouxeste-me a tua cabine para me interrogar? — Wanäe tinha nos dois flancos oficiais da armada. Não empunhavam armas, mas carregavam punhais e sabres no cinturão. Pela aura, ninguém ali pretendia atacar. A emanação do ambiente apresentava somente a desconfiança com ela.
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Quinta Lua (Ýku'ráv)
Fantasy(LIVRO COMPLETO) *Fantasia Épica em Terceira Pessoa focada na trama entre divindades vivas e mortas: um testemunho lírico em forma de livro sagrado dentro deste universo próprio* (+18) Sinopse: "A Matriarca nos governava com sua eterna sabedoria. T...