(Prelúdio) Pergaminhos Perdidos: Progênie do inimigo, uma Criação Esquecida

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Asi'Kale



Palavra que designa o Opositor Maior. Seus feitos, seus vestígios e sua influência levaram criaturas de diferentes civilizações a formularem as próprias hipóteses a respeito desse inimigo intangível. Mestres de além dos Mares do Horizonte, Ocultos, Sombras Corruptoras, Manipuladores da Forma e da Mente; são algumas das denominações dos adversários nunca revelados, pois sempre atuaram por trás de guerras e cataclismos, orquestrando as extinções e ruínas de grandes povos. O verdadeiro nome, Asi'Kale, carrega nenhuma definição racional, e o significado entendível se mantém em total mistério, como parte da vasta incógnita que eles representavam. Dos povos conhecidos pelos registros que foram afligidos por esta cólera, somente os awbhem perduraram a ponto de rechaçar tais forças, tamanha era a pujança das divindades do panteão gallênico no campo de batalha ao lado de suas legiões formidáveis.

Após o Banimento e início da Terceira Era do Calendário Cíclico, os Asi'Kales tornaram-se o antigo inimigo desconhecido que fora expurgado. E assim acreditavam os elfos e as demais espécies, que desconheciam o real impacto do Pulsar no lado rival. Os Caídos, ou Aqueles que Caíram, são os atuais nomes atribuídos a eles.


Expurgados.


E não derrotados.


Durante quatro séculos que sucederam o Banimento, os Caídos se desvaneceram. No coração das montanhas impenetráveis, no final dos desertos mortais, abaixo do mar visível, após o firmamento tocável...

Restando o silêncio incerto...

A desconfiança...


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Terceira Era, Idade do Banimento

Ciclo 452 do Calendário Circular

Divisória do Oceano Endra,

Arquipélago noroeste, antigo domínio Gar'roviano


NADA ALÉM do esperado. O desembarque fora sangrento. As dezenas de trirremes com armas de cerco montadas sobre o convés aniquilaram as torres na distância do horizonte marítimo e abriram passagem pela muralha da fortaleza ao criarem um rombo imenso na parede de rocha que se erguia intransponível, uma centena de metros adentro na praia. Como resultado, colossais pedras choveram no terreno interno, devastando agrupamentos das hostes que ali guarneciam, antes sob proteção do muro e disparando com as próprias artilharias de engenhosos mecanismos ancestrais de idade incerta.

As vultosas naus de remos e velas rasgaram as areias finas com sua velocidade, varando e esmagando com o aríete do casco a resistência que guardava o limiar do mar. A única praia que permitia desembarque na margem da fortaleza fora o cenário da luta corpórea inicial. Por ambos os flancos das várias trirremes que exibiam o brasão do chifre partido de Nährus, combatentes, em sua maioria guerreiras hoplitas com armaduras robustas, saltaram para o meio do caos, enfrentando com avidez e disciplina os oponentes aturdidos, dilacerando-os com lâminas vorazes. A espada xiphos, curta e de gume duplo, acompanhava o largo escudo redondo, impelindo caminho entre os rivais que tombavam, para que as fileiras de lanças élficas fossem enfim erguidas, garantindo, na vanguarda das naus, um perímetro de contenção e avanço.

Quinta Lua (Ýku'ráv)Onde histórias criam vida. Descubra agora