(63) - Revelas-te

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"Que vossa crença revele a tua origem.

Gallênicos contemplavam as florestas, os animais e os céus. Os awbhem com a sensibilidade que os interligam entre si e com o mundo, creem na imagem soberana deste sentido e assim a compreendendo. Os povos da Gállen cultuavam Nhamrú, sendo estes awbhem ou não, devido ao peso das tradições áuricas.

Míddicos surgiram do vasto deserto, se abrigando nos oásis perdidos, escombros míticos e montes inacessíveis. É natural que seus antepassados explicassem o mundo através de deidades tão severas e quanto generosas. Deram nome a centenas de imagens associadas às ruínas, até culminar no surgimento da entidade suprema Zyshuth, consolidando toda a essência míddica em sua jornada milenar.

Itânnicos dominantes desse tempo, os seurianos, pouco sensíveis são à Aura. Guerras sem fim, vitórias e quedas, povos de pensamentos diferentes de um mundo estranho e a ambição de ter a própria cultura como única perante tudo. O fanatismo deles é espelhada da imagem de um grande senhor cosmogônico. O sol fora a influência maior às convicções seurianas.

Gar'rovianos habitam o berço de vulcões, ao meio do mar furioso. Fogo e tempestades de um céu enegrecido iluminado por raios é o cenário dessa cultura. Suas deidades são providas do caos, senão fruto direto dele, o que explica o ímpeto destrutivo desse povo e as artes que se manifestam através de engenhosa manipulação dos elementos.

Há também o egocentrismo de Adúl, o soberano divino dos Dággas; e a adoração de Nindýu, a soberana da Lua Branca, pelas tribos das águas, assim como tantos outros exemplos.

Por relato e observação transcrevo este texto, mas as perguntas persistem.

Os extintos que habitam T'zuah contam-me sobre aqueles que quase nada entendemos. Asi'Kale permeiam mais que nossas lendas e tão pouco sabemos. Questiono-me se criaturas como eles aplicam crenças em suas visões, ou se já o fizeram. A origem dos corruptores talvez seja o maior dos segredos do mundo.

Porém, da forma que agiam perseguindo divindades e escravizando espíritos, creio que os Asi'Kales não cultuam nada do jeito que conhecemos. Quem sabe suas verdades estejam direcionadas ao poder e para si mesmos.

Uma certeza tenho; se houver algo que os Asi'Kales veneram, esse algo estremecerá até a mais convicta deidade."

- Yîarien Nyus't Wyo, textos de Quinta Lua, seu livro e registro sagrado


A APUNHALADA nas costas dos gar'rovianos tivera mais efeito moral do que prático, apesar de mais da metade dos soldados da Armada Dourada ter perecido. Perecido sem entrar em combate; em uma armadilha, em um erro.

As naus foram quase todas inutilizadas pelo intenso fogo que se levantava macabramente do mar, e os sobreviventes foram alocados na esquadra de Ákera. Enquanto parte da tripulação realizava os reparos básicos em alto mar, outra parte cuidava da grande quantidade de feridos.

Uma razão para se alegrar tornou-se mais um golpe na moral da armada; Varesh sobrevivera. Desacordado e com ferimentos sérios, mas sobrevivera. Ele fora carregado por soldados até um cômodo, e ao tratá-lo, o inevitável veio à tona. Os soldados se assustaram e, em choque se enfureceram, e saíram pelos corredores gritando acusações de traição.

Era claro. Ao virem seus chifres, outrora oculto pelo capuz e vestimenta, e suas feições sob a luz clara, o almirante era inquestionavelmente um herdeiro de Nährus, um Ver'kirin entre os nórdicos. E o princípio de uma revolta interna fora contida com a intervenção de Ákera, que chamara os capitães a sua cabine, restaurando a ordem.

Quinta Lua (Ýku'ráv)Onde histórias criam vida. Descubra agora