(26) - Herdeiros de Nährus

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"Não existem batalhas suficientes em Ëathir para saciar Surkhedon. Muito menos haverá guerras suficientes para satisfazer o desejo de combate dos filhos de Nährus, pois em suas veias pulsa o sangue fervente, a impulsão da peleja, a designação de defrontar, superar e conquistar."

- Servo Branco de Bálshiba, porta-voz do Sumo de Arutama e Primogênito de Nährus



Limiar com a Fronteira, bordas dos estepes de Arutama

Centro-leste da Gállen, Thulyrm


A TRUPE de oito membros cavalgou com livre passagem pelas barricadas e paliçadas muito bem guarnecidas. As dezenas de legionários pousaram a base de suas lanças no solo ao reconhecerem os visitantes como aliados e abriram caminho para que subissem pela única trilha que levava aos acampamentos.

Em ziguezague, a mesma trilha, larga e bem pavimentada, levava até os diversos níveis de tendas e alojamentos militares construídos aproveitando o terreno favorável da crescente montanha. Desviaram do fluxo de tropas que marchavam e as cargas de mantimentos e equipamentos que não paravam de circular. Mudanças eram feitas naquela divisão legionária, isso era visível para a trupe.

Aquela base avançada serviu, por muitos ciclos, de ponto estratégico para as tropas de Arutama. Do ponto mais elevado da montanha, onde o vento soprava gélido sobre a rocha exposta, a alta torre observatória dava visão plena dos ermos aos seus pés, voltada ao norte, vigiando permanentemente os movimentos vindos da Fronteira para dentro do território de Surkhedon. Ao leste dali, as Cordilheiras do Limiar se faziam presentes. Se alguma força de Arutama necessitasse se locomover para as Fronteiras por aquele trecho, teriam que antes apresentar suas ordens obrigatoriamente para serem liberados. A cavalaria do acampamento interceptava qualquer movimentação daquelas terras de grande interesse para o Sumo, sendo movimento militar ou mercante.

Os oito cavaleiros em seus mantos escuros galgaram a trilha até a base da torre de pedra, parando os animais nos estábulos e foram diretamente às tendas dos oficiais de alto escalão.

— Parem! Identifiquem-se agora! — pediu, autoritário, o legionário ao ver a trupe, reconhecendo-os como agentes de Bálshiba. Pela armadura, esse soldado representava o maior comando do acampamento. Atrás dele, a ventania da montanha, quase incessante, balançava as bandeiras do brasão cinza do Chifre Partido, hasteadas uma cada lado do alojamento oficial. O vento também soprava sua capa comprida e as fogueiras espalhadas.

— Somos o que restou do séquito do agente Vijh — reportou o cavaleiro do grupo, dando um passo à frente. — Necessitamos urgentemente de uma assembleia com o General Dranvath. É de extrema importância. — Deu uma boa estudada na circunstância que se apresentava aquele comandante legionário. — Dranvath está aqui? Ainda está no comando dessa legião?

— Dranvath e seus soldados foram todos mortos. Por escolha quase unânime dos Árbitros, fui eleito para ocupar o cargo de general da Lâmina de Arutama, a divisão das fronteiras, e esses à sua volta são seus novos soldados. — O legionário os encarou com arrogância, os desprezando.

Os membros do séquito de Vijh sentiram-se traídos. Se seu líder de esquadrão sabia da morte do general, devia ter informado.

— De qualquer forma, essa carta deve ser levada ao Sumo. — Do bolso das vestes, sacou o rolo lacrado e bem preso por uma fita. O general não a pegou, mas gesticulou para um mensageiro para que a encaminhasse ao servo branco.

— O que houve com Vijh?

— Desertou desonrosamente, envergonhando os antepassados. A segunda em comando nos ordenou que voltássemos para reportar para Dranvath e aguardar para novas instruções.

Quinta Lua (Ýku'ráv)Onde histórias criam vida. Descubra agora