(76) - Obelisco

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"A compreensão dos ciclos é a necessidade dos vivos para manter a Ordem. Dêmos nomes e números aos períodos, os encaixamos e mapeamos nas rodas do Calendário. As incontáveis estrelas fascinavam e lhes demos formas para que as constelações nos orientassem com suas lendas.

Os mortos se desprendem desta obrigação e devem gozar da liberdade de qualquer ordem. "

- Errante do Oeste



MATA DENSA. Um novo terreno aos kaskres. Muitas vezes seus antecessores lutarem em terrenos desconhecidos muito além de Gállen'thir ao lado dos awbhem. As lendas se repetiam e os espíritos de ambos os grupos se alimentavam deste furor. Era lamentável, sobretudo, que a causa desta união sob a floresta de Á'Glah fosse a influência deturpadora dos Caídos.

Avançaram a elevação do terreno. O platô era vasto, mas perdia-se entre as árvores. Não havia nenhuma estrada próximo a ele, e certamente se passou despercebido por muito tempo. Até que fora escolhido para hospedar o artefato.

A ideia, como de costume, era de enviar batedores, mas flechas vindas das copas e entre os troncos acabara por confirmar a informação extraída da senhora da Tribo da Folha.

Baixas iniciais foram exclusivamente de soldados da Armada das Luas, até que as posições fossem tomadas entre as árvores. Kaskres revidaram com arcos, que se demonstraram ineficientes neste terreno e contra atiradores ocultos.

A mata não era seu campo de batalha, mas sim de seu inimigo.

E tal inimigo deveria ser respeitado e estudado.

— Arqueiros? Tribo da Pena? — gritou Ynamus por detrás de um rochedo onde buscava cobertura.

— Também foram corrompidos! — Thâmyr acertara uma azagaia em uma sywha metros adiante e manteve o movimento sobre Renthäm. — Temos que avançar!

A segurança fornecida pelo Unaríl era traiçoeira. Flechas esfacelavam-se sobre o grão-mestre, em seu peitoral, ombreiras e escudo. Nada físico atirado contra ele poderia feri-lo, e fizera disso uma verdade para guiar os demais kaskres.

Contudo, outro estilo de flecha fora disparado contra o irredutível cavaleiro. Estas não chegavam a atingi-lo e atravessavam adjacente a seu elmo. As penas e os talhos nas hastes e cabeça do objeto faziam com que o projétil girasse rapidamente e emitisse um agudo assobio ensurdecedor e nauseante. Renthäm fora o primeiro a se desestabilizar e perder o controle de si. Thâmyr desmontara e junto de outros kaskres caiu de joelhos com as mãos no elmo, atordoado demais pelo artifício que desconhecia.

Fazendo o melhor que podia para repelir as flechas, Ákera avançava sobre um poake com a mão esquerda esticada em conjuração dos ventos. Ela sabia que aquela blindagem toda dos kaskres não seriam o bastante contra as táticas das arqueiras e lamentou profundamente delas também terem sido corrompidas. As primeiras ondas de flechas assobiantes pegariam a todos de surpresa, mas o controle corpóreo fazia com que os awbhem pudessem ajustar a própria audição para ignorar boa parte do atordoamento, diferente dos humanos que meramente ouviam indefesos a tais sons.

Armadilhas eram ativadas contra a tripulação a todos os instantes, disparando dardos envenenados, lanças, redes e toda sorte de estratégia de batalha em floresta para retardar o avanço de atacantes. Sem Thâmyr em disposição de lutar, seria ela mesma a forçar a subida nas planícies.

Os disparos de flechas de ambos os lados foram intensos enquanto as fileiras da almirante galgava a subida em falange hoplita. A mira das arqueiras continuava letal mesmo sob controle do inimigo-oculto. A progressão das tropas fazia os corrompidos recuarem e o que ficavam eram eventualmente encontrados e finalizados. Mais uma batalha que não devia existir, que mesmo a vitória significaria uma derrota menor. Era seu próprio povo matando um aos outros. Tribos aliadas sob a vontade d'outrem, atiradas contra os aliados da herdeira.

Quinta Lua (Ýku'ráv)Onde histórias criam vida. Descubra agora