(58) - T'zuah, A Primeva

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"Encontrei em Á'Glah a beleza da terra e do povo. Eis um recanto à paz, e assim deve ser, agora e sempre. Que seja intocada pelas garras de Bálshiba e seus adoradores, que seja resguardada dos intentos perversos, assim como T'zuah. Meu coração se conforta em saber que a guerra será levada para longe da Ilha Maior."

- Yîarien, a Quinta Lua


NA MANHÃ que se iniciava, a comitiva de sacro guerreiras seguia rua acima. O pavimento largo era o principal na colina onde Telä terminava ao lado norte, em seu ponto mais elevado. Estavam dentro da segunda muralha, mais antiga que a outra que a cercava. Naquele nível alto, estalagens, teatros e monumentos eram belos, com árvores pontiagudas intercalando as estruturas, até a rua terminar à base do magnífico edifício de culto a Níshma, a Sexta Discípula.

As pessoas que circulavam na rua principal abriam um vão para a passagem do pequeno bando, e nessa lacuna, antes mesmo de se fechar atrás delas, um poake vinha em trote acelerado.

— Almirante, suprimentos e tropas estão preparados — falou Ynamus pareando ao lado da comitiva. — Todos os barcos estão prontos e aguardando vosso comando.

— Quanto a Varesh e Araný? — ela perguntou continuando com o rosto firme para frente.

— Lorde Varesh zarpou para Akanea ao amanhecer e espera que o cronograma seja o mesmo — falou o comodoro sothe, recordando de o combinado da Armada das Luas seguir com poucas horas de diferença a esquadra de Varesh até a capital em construção. — Almirante Araný está em formação estacionária ao oeste aguardando vossas instruções.

— Envies uma ave mensageira para Araný e diz que faça patrulha do mar entre a Ilha Maior e Menor até segunda ordem. — Ákera lhe lançou seu típico olhar superior de uma comandante inquebrável. — E informe a nossa armada para que aguardem por enquanto.

— Como ordenas, almirante. — Ynamus deu meia volta e dispersou-se nas ruas abaixo.

Em um relance para o lado, Ákera visualizou a Lança Lunar de velas e remos recolhidas ainda atracada no porto. Reconfortante, mas isso também lhe trazia o sentido de urgência.

— Cada momento que se passa nossa vantagem tática míngua. Quanto antes nos prepararmos, mais favorável — informou com neutralidade aos que caminhavam.

— Nossa maior vantagem pode estar confinada no templo. As horas perdidas aqui serão extremamente valiosas — respondeu Yîarien sem hesitação alguma, marchando na vanguarda do grupo de templárias e seus fiéis protetores; Yuzhal e Wanäe, além de Visýr.

— Não duvido de tua intuição. O que me aflige é tua submersão e retorno. Deverás encontrar um jeito de voltar sozinha. Duvido que consigas me dar qualquer sinal para que eu intervenha quando estiver em transe.

Yîarien soltou um suspiro.

— Descobrirei um jeito. — Foi sua resposta.

Retornar de Yangá'ráv para Ýku'ráv não lhe era o único desafio, nem o maior deles.

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A FORTUNA de Telä não estava nas mercadorias e joias, dissera Ynamus uma vez. A riqueza dispersava-se em várias maneiras notáveis; nas colunas talhadas que sustentavam as sacadas de jardins, na carros ornados puxados por poakes, nas vestes elaboradas, das formas que se assimilavam à natureza local e nas muitas artes.

Quinta Lua (Ýku'ráv)Onde histórias criam vida. Descubra agora