"Após o Banimento, na carência das divindades que deixaram de habitar o plano físico, os sobreviventes da Grande Guerra encontraram-se sem liderança para sustentar o que sobrara da Antiga União. A coroa de Sý'Einna fora repousada sobre o pedestal, enquanto o trono da Matriarca ficou vazio. As duas deidades remanescentes, as mais novas do Panteão, não foram aceitas pelos membros do Conselho de Aylentar para assumirem a liderança suprema, pois os mesmos os viam como fracas e imaturas para tal dever. Sendo assim, os próprios conselheiros assumiram o poder entre indivíduos específicos e se nomearam de Regentes.
As duas deidades se rebelaram, dividindo os awbhem na Gállen.
O maior erro que cometeram."
- Desconhecido
— VEJO UM detalhe ao meio desse confuso cenário político dos awbhem — Thâmyr analisava a situação. Ambos seguiam ainda mais ao oeste, onde a mata retornava a se condensar em aglomerados de vegetação alta. — Quando encontrarmos com Ákera, a neutralidade da sua tribo será abalada irreversivelmente.
— Nossa neutralidade se desvaneceu na Floresta Dourada — Yîarien expressou um rancor evidente, o que mudou a ideia que o cavaleiro criara sobre ela a respeito de ser uma criatura plenamente pacificadora.
Ela montava em um poake que lhe fora dado pelos bárbaros dias antes e cavalgava adjacente ao seu protetor.
— Sendo assim, muitas neutralidades se quebraram naquele dia. Inclusive da Ordem Kaskre. — Era uma observação bem válida. — Bom, mais um grandioso adversário indestrutível para a nossa lista.
— Provocaram isso a si mesmos — Yîarien proferiu, amarga. — Espera! Com quem mais os kaskres rivalizam no deserto? Até onde narraras, tua Ordem busca a justiça pelo equilíbrio.
— Seurianos; aqueles fanáticos que queimaram o carregamento de escritos de Yrush. Além de tratarem as próprias crenças de modo radical, são xenofóbicos ao extremo. Infelizmente, são humanos como eu, todos sem exceção, e começaram uma guerra com K'ammur há muito tempo. Ela nunca chegou em um fim definitivo, tampouco qualquer um dos lados propôs termos de paz ou algo do tipo, afinal, os líderes maiores dos dois lados foram mortos. O Banimento das divindades também foi um grande acontecimento em nossa história.
— Entendo — compadeceu-se Yîarien, por um instante vislumbrando a vastidão do evento que encerrara a Segunda Era. — Da maneira que falas, esses seurianos me soam como uma outra ordem dispersa, descentralizada demais para ameaçar a Gállen.
— Aqui eles não existem, é verdade. Até me fez lembrar da razão dessa parte do continente ser tão agradável às vezes. Mas uma imensa porção de Itänn está sob influência deles nesse momento, senão toda ela, e cada vez mais se acostumam com o clima k'ammuriano. Dizem que suas moradas são fortalezas de mármore, e que suas cidades cobrem o horizonte com pináculos. Mas isso é tudo o que os exilados de Itänn contam, expulsos pelos seurianos.
— E continuam tentando avançar pelo deserto? Isso quer dizer que obedecem a uma liderança.
— A tarefa sagrada deles é nos exterminar; e seu único senhor, ao qual são fiéis, é o que os awbhem chamam de... — Tentou evocar o nome correto dentro do incomensurável vocabulário do kandhú. — Como era a palavra... ah! Wym'rú, a Fonte das Luzes.
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Quinta Lua (Ýku'ráv)
Fantasy(LIVRO COMPLETO) *Fantasia Épica em Terceira Pessoa focada na trama entre divindades vivas e mortas: um testemunho lírico em forma de livro sagrado dentro deste universo próprio* (+18) Sinopse: "A Matriarca nos governava com sua eterna sabedoria. T...