(21) - Razão Templária

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 "Dentre as três divisões da casta templárias, Yul'rra, a Terceira Discípula, fora a Prelada das Clérigas, guiando os poderosos magos enakâns de seu tempo contra as forças Asi'Kales. Assim como Êllyra, a Quarta Discípula, que fora a Patrona das Guardiãs, lhes ensinado a maestria do combate e a moral, a fim de também as elevar a sabedoria. E Nyranuai, a Segunda Discípula, sendo Patrona das Sentinelas, ensinando a maestria da arqueria e da proteção dos indefesos."

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Aylentar, capital

Salões Brancos


PEÇAS MINÚSCULAS se alinhavam para remontar a beldade e tristeza, duas faces profundamente enraizadas na crônica awbhem. O mosaico ilustrava o mais belo presente de Zyshuth e seus seguidores, a semente áurea, sendo envolvido do poder de Nyranuai que imbuiu com o espírito o interior do grão. A sequência continuava em outro mural. Nyranuai cultivara a semente em seus bosques, dando nascimento à Árvore Áurea nos jardins dos muitos templos. O mosaico terminava com a Árvore Áurea gerando outras em sua semelhança, iluminando como o arrebol infinito os Templos de Todas as Divindades, que fora um dia Eyve'thir, a Floresta Dourada.

— Épocas tão simples onde os problemas eram claros e tínhamos todo nosso tempo para descobrir os caminhos. Mas nossos caminhos foram bloqueados pelo inimigo mais de uma vez.

A sywha passou pela estátua que segurava sobre das palmas o Abrasador, o arco de cristal, e por outra escultura que vestia um ancestral conjunto de placas e escamas douradas, danificadas com lacerações de combate de desfecho trágico. Ambos os equipamentos pertenceram a Nyranuai.

O cântico de réquiem podia ser ouvido por todo Templo dos Salões Brancos, entoado pelas belas vozes das sacerdotisas no salão principal.

— Os adversários agora são próximos e se confundem com aliados — a sywha continuou sua fala e o andar vagaroso pela galeria. — As grandes guerras de outrora deram lugar ao desentendimento interno. Os sobreviventes se defrontam sobre os escombros. O Conflito nos consome, terminando de ruir o pouco que restou.

Alcançou o centro da galeria, curvando-se perante a maior das imagens: um túmulo que era uma arca de entalhes únicos, de beleza fria, um dourado escuro incomparável. Um tempo após a construção daquele sarcófago, grossas raízes negras se levantaram irrompendo do solo sob o mármore, erguendo-se em um processo que durou ciclos até perfurarem as laterais dos quatro lados do sepulcro. As raízes foram respeitadas, e o piso adaptado para elas que eventualmente pararam de crescer, pois se acredita ser uma manifestação sagrada.

"Ela encontrará eterno descanso e reconhecimento. Seus feitos, honrosos. Suas descobertas, maravilhosas. Nunca deixará de ser recordada a Dama do Amanhecer e dos Bosques. A perda nunca será superada, pois aqui jaz a Vida", dizia uma das inscrições.

— Nyranuai, Segunda Discípula, senhora de Ayldânam, deidade da fertilidade e renascimento, suplico por vossa dádiva. — A sywha fechou os olhos e inclinou a cabeça. — Presenciei a herdeira do trono, e ela corre perigo. Sei que teu espírito ainda sopra e tua força ainda vive.

Em cima da arca, na superfície que lacra o túmulo, uma escultura perfeita da Segunda Discípula a reproduzia em tamanho original. A estátua deitava-se sobre um braço, com uma perna dobrada e o fios espalhados como uma cascata, tal a lunno repousasse em um sono leve e confortável, na espera de Zyshuth, seu eterno amado. O face dela aparentava serenidade, e talvez, discreta alegria esperançosa. Mas Zyshuth nunca viria, pois caíra em tragédia no mesmo momento que ela, tamanho era o vínculo entre ambos.

Quinta Lua (Ýku'ráv)Onde histórias criam vida. Descubra agora