Prefácio

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Quinta Lua foi a primeira história completa que escrevi. Meu primeiro livro e grande aventura literária. Passei dez anos moldando um universo de fantasia, escolhendo cuidadosamente os elementos que queria explorar, estabelecendo os limites e as regras, balanceando as forças; tudo inspirado em livros, filmes e videogames que sempre amei. Nesta década, havia apenas anotações de frases que exigiam um contexto maior, de personagens que nasceram para um propósito a ser narrado e alguns mapas desenhados. Entre as várias propostas ocultas desse universo, está o princípio de apresentar um mundo exótico ao leitor, sem escapar do gênero de Fantasia Épica; há elementos clássicos, mas remodelados para este universo de proposta única. Tudo nele possui um olhar novo. Uma das coisas mais difíceis foi decidir até qual ponto eu devia retroceder nas noções básicas de mundo e ainda manter a leitura acessível (um questionamento que me tomou anos antes da primeira palavra aqui escrita e mais tantos outros anos depois de ter finalizado o texto original). Como temática principal desse universo que nomeei de Ýku'ráv (por razões que você entenderá ao longo do livro), escolhi explorar e desconstruir conceitos tradicionais da Fantasia, que são os Deuses e as suas religiões.

Apenas em 2015 senti que a base do universo estava sólida o suficiente para que eu criasse confiança em escrever textos "apresentáveis" para outros além de mim mesmo. Encontrei naturalmente o estilo de escrita para este universo e fiquei confortável com ele. Passei um ano escrevendo uma história chamada Gállen que, ao chegar lá pela página 300, descobri que se tornaria facilmente uma trilogia (e mereceria se tornar), devido à quantidade de acontecimentos planejados em dez anos de anotações. Gállen era um monstro em minhas mãos, e tive de aceitar que eu não estava pronto, como escritor, para algo assim. Era meu primeiro projeto, afinal, e não me senti tão frustrado quanto pode parecer. Em 2016, congelei esse projeto, por ser complexo e longo demais, e me voltei para uma lenda que ecoava dentro desse livro que eu escrevia e que já era bem conhecida por mim.

Dentro do contexto de Gállen, havia um livro sagrado com o evangelho de uma messias que mudou drasticamente aquele mundo que eu narrava, principalmente no desenvolvimento da protagonista. Essa lenda possuía um começo, meio e fim bem definidos, e como boa parte das implicações dessa história já estavam estabelecidas, comecei a escrevê-la, dando justamente o nome desse livro sagrado: Quinta Lua. Supostamente, seria uma trajetória simples e direta. Mas, sendo a jornada de uma messias em um mundo alienígena, como eu não previ que seria outra obra longa?

Foram dois anos de escrita diária até que, em 2018, terminei a primeira versão. O que estava fora de meu alcance, no entanto, era publicar um "monstrinho" de 350 mil palavras. Passei mais 5 anos revisando, relendo, estudando e discutindo com amigos e colegas de escrita sobre os ajustes que deveria fazer. A versão original era muito mais alienígena (uma palavra que já usei algumas vezes por uma boa razão). Tive de aceitar alguns fatos e simplificar certos pontos. Reconheci que, em uma mídia textual, onde imagens são raras, não seria possível desenvolver uma história deste calibre sobrecarregando o cérebro do leitor com tantas coisas distantes do mundo real. Nem humanos propriamente ditos havia na história. Tudo era novo e difícil de assimilar, então precisei intervir e tornar o universo um pouco mais leve, com elementos mais facilmente reconhecíveis. Se, em algum momento, este universo se expandir para outras mídias (principalmente as visuais), vocês ainda poderão ver como toda a ambientação é, de fato, bem alienígena.

É fascinante como a paixão pela escrita pode guiar sem que, inicialmente, tenhamos a intenção de partilhar com o mundo. O impulso criativo nasce apenas do desejo de preencher lacunas nas histórias que buscamos e inexistem. Como resultado, acabamos criando algo único, profundamente particular e íntimo. É a simples beleza de um indivíduo dedicar quantias imprevisíveis de tempo e empenho para escrever o que meramente gostaria de ler. O ato, por si só, já é uma forma de arte autêntica e sincera.

Queria dizer uma última coisa antes de tua leitura: Este livro foi escrito intencionalmente para soar arcaico e erudito. Tive consideráveis limitações de vocabulário por causa da minha proposta de criar um mundo completamente exótico, mas desconfio que, após de 5 revisões, não será um incômodo para o leitor. É a busca por algo singular. Gosto de pensar que essa é a assinatura de Ýku'ráv. Talvez, ter previamente essa perspectiva do autor ajude de alguma forma.

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Quinta Lua é uma história passada no universo de Ýku'ráv, que relata eventos importantes na civilização de Gállen, no final da Terceira Era, especialmente em relação às crenças dos awbhem, os protagonistas desses povos, sobre os quais toda a cultura é baseada. Encare Quinta Lua não apenas como um livro de fantasia, mas como um texto sagrado, escrito pelas mãos desse povo, um testemunho lírico de várias visões.

Por curiosidade e aprofundamento, você pode encontrar mais conteúdo que explica a origem de diversos acontecimentos em Ýku'ráv em outra publicação deste mesmo perfil do Wattpad, intitulada "Escritos de Ýku'ráv" (altamente recomendada). 

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Como estou disponibilizando o livro completo aqui no Wattpad, criei um Pix para receber doações. Eu não faço ideia de quanto cobrar por um livro. Sequer acho que um livro possa ter seu preço quantificado. Tantas coisas incríveis que li e simplesmente eram gratuitas, ao mesmo tempo que já gastei uma pequena fortuna com livros físicos que ainda não terminei de ler. Bom, quando você estiver lendo este texto, provavelmente a versão do Kindle já estará atualizada em um único volume completo. Caso prefira, há esta opção de ler no conforto do Kindle. Pretendo deixar todos meus textos gratuitos, mas depende do que for acontecer com certas "questões financeiras" futuras. Por enquanto, deixarei o pix abaixo para, caso tenha valido a experiência. 


pix: VivendoPelaEscrita@gmail.com

Quinta Lua (Ýku'ráv)Onde histórias criam vida. Descubra agora