(66) - Ofensiva Inicial

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"A cidade deve ser organizada em níveis para otimizar o espaço escasso. O nível mais baixo, logo acima da altura segura do mar, será exclusivamente dedicado às instalações portuárias; embarcadouro das esquadras, docas de armeiros, estaleiros da marinha, ferreiros e comércio para todas as segmentações necessárias, além das atividades pesqueiras. Os maiores navios ancorarão ao lado externo dos braços grandes da ilha. Nesse nível, as estruturas não poderão superar a base do segundo nível, uma altura exata de três andares, respeitando um comprimento de três quadras da orla. Com uma quantidade abundante de pedras da montanha, criaremos o segundo nível com ruas largas a vinte metros do mar. Ao meio da lua menor, uma imensa ágora ficará ao céu aberto, posteriormente servindo de mercado. O nível médio abrigará residências, armazéns e templos de adoração, ensino místico e serviços medicinais, de até quatro andares.

Nos braços maiores, a quantidade de quadras será de sete, reduzindo nas pontas para três e no final apenas uma. Nos braços menores, a largura permitirá apenas cinco quadras e afunilará da mesma forma que a lua maior. O terceiro nível não existirá nos braços, apenas no núcleo de Akanea, aos pés da montanha. Nesse pavimento elevado, reservarei para construções de fins administrativos; governo, quartéis, campos de treinamento, teatros, arsenais, um observatório, um senado e escolas em torno do grande Templo de Á'Glah, que abrigará os principais arquivos e textos das tribos que crescem no novo continente.

Quatro grandes lances de escadas escorrerão do templo até o centro da lua menor, no mercado aberto. Entre os níveis, rampas para transportes e diversas escadarias auxiliarão toda locomoção. Fortes e torres defensivas se posicionarão nas extremidades a fim de guarnecer o largo porto. Aquedutos correrão do coração da montanha por todos os cantos da cidade tal veias de um ser vivo. Fontes d'água e reservatórios se manterão pelas constantes chuvas generosas das florestas do continente. As Ilhas Menores servirão perfeitamente para abastecer a cidade com seu cultivo e pesca, e nelas serão feitos celeiros e portos.

Que sejam feitos dois faróis, grandiosos como o de Sókht, para que ambos os lados da montanha tenham luz constante aos navegadores, e que os fortes e níveis deem à ilha uma defesa formidável contra invasores, uma cidade impenetrável por meios conhecidos e convencionais."

Níshma, anotações iniciais de Akanea


CLAMORES, GRITOS abafados, lacrimejar e lamúrias distantes eram sentidos. Por Á'Glah, pela Gállen. Seu nome se espalhava pelos povos e muitos pagaram com a vida por acreditar na reunificação. Torturados, executados e massacrados, os pensamentos diziam que seus devotos tinham um destino soturno ou macabro, mas não era a única verdade. A herdeira ouvia a todos graças ao vínculo sublime com T'zuah e com seu poder trazia conforto espiritual até mesmo aos que bramiam por ela como fonte de força final.

Bálshiba era um véu sufocador que crescia discretamente, permeando a aura do akaneanos como as ondas na ilha, que emerge com a presença inofensiva e maliciosa. Não necessitavam da localização da armada inimiga; todos já sabiam que a chegada era eminente. O retorno de Ankrat a Akanea só serviu aos poetas e bardos como fonte de inspiração ao narrar o sacrifício do almirante ver'kirin na mão de seus irmãos.

Assim que os sentinelas da fortaleza sobre a montanha avistaram a silhueta monstruosa se erguer da arco do firmamento, trombetas soaram do topo de Akân-ëa.

— A maior batalha em nome da herdeira será travada aos meus pés. — Yîarien admirava a grandiosa força inimiga surgir do oceano cobrindo com incontáveis velas abertas no horizonte, soprando em direção da ilha artificial e impulsionado por remos ritmados por tambores que ficavam aos poucos audível. — Uma onda de fúria recairá sobre nós.

Quinta Lua (Ýku'ráv)Onde histórias criam vida. Descubra agora