Capítulo Quarenta e Quatro - Saori.

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       Eram sete da manhã e eu já sentia que iria cometer um crime. 
— Não põe o dedo na massa! — Grito para Miguel. 
— Estou experimentando! Você quer que sua namorada coma uma massa de torta ruim?— Ele indaga, me fazendo corar. 
— Usa uma colher! — Exclamo. — E ela não é minha namorada. — Ainda.
Estremeço com a ideia.
    Decidi que iria pedir Agatha em namoro ontem a noite. Vinha pensando nisso a um bom tempo e sei que não é o certo a se fazer, mas é o que eu quero agora, e tê-la como minha namorada mesmo que por um curto período, já faz valer a pena. Chamei meus amigos para me ajudar a preparar as comidas do nosso piquenique. Nunca tivemos um encontro de verdade e acho que está mais que na hora. E esse motivo é o que me deixa mais nervosa, tudo precisa ser perfeito! 
— Brisa, por favor separe as claras das gemas antes de colocar na batedeira, por favor — suplico, passando a mão no cabelo. 
Bri solta a bacia com os ingredientes e me fuzila com o olhar.
— Saori, me enche o saco mais uma vez e eu coloco pimenta nesse bolo. — Responde ríspida. Levanto a mão para mostrar bandeira branca. 
  Bri e todos estão um pouco ranzinzas pelo horário. Estamos desde as 5 da manhã acordados fazendo todos os tipos de comidas e bebidas da lista que Miguel fez, com tudo de preferido de Agatha. Mas está tudo um desastre! 
— Saori olha o Evandro tacando farinha de trigo em mim! — Grita Lucas, igual uma criança brigando com o irmão. 
— Essa Caipora dos infernos que começou! — Evandro acusa em resposta. 
Me viro e encontro os dois sujos da cabeça aos pés de farinha. Deuses. 
— Puta que o pariu! — Esbravejo. — O que custa vocês não agirem igual uns bebês uma vez na vida! — Digo e me arrependo instantaneamente. Todos param de repente, me olhando constrangidos e em completo silêncio. — Porra... desculpa, não queria ter gritado. — Falo sem jeito. 
Brisa suspira e vem até mim — Ei, relaxa um pouco. Sei que você tá pilhada por causa dessa pressão toda de primeiro encontro, mas não desconta na gente, beleza? Estamos aqui pra ajudar. 
Respiro frustrada, não queria ter agido assim com meus amigos.
— Você está certa, desculpa gente. 
— Tudo bem — Lucas responde. — Estamos todos cansados aqui. 
— Que tal uma pausa? — Sugere minha amiga. 
   Todos concordamos e um por um tiramos os aventais. Lucas joga um cigarro para mim junto com um isqueiro depois de acender um para si e outro para Evandro. Aceito de bom grado, acendendo e devolvendo o isqueiro antes de me me jogar em um dos pufes da sala, cobrindo os olhos com a mão e dando uma tragada profunda. 
— Quer conversar? — Diz Bri, agachado à minha frente, me entregando um copo de suco de maracujá e tomando o cigarro de mim, colocando na propria boca. Bri sempre foi uma ladra de fumo, eu não me importava. 
   Sorrio apenas com seu gesto. Um dos motivos por eu amar Brisa é seu jeito de ser sincera e tentar resolver as coisas. Ela não pode ser a pessoa mais carinhosa do mundo, mas seu jeito de demonstrar amor com ações é algo que aprendi a apreciar nela.
— É só que... eu quero que tudo corra bem, entende? A Agatha vem passando por tanta coisa, apenas quero que ela tenha o melhor dia possível. 
Zázá me olha com carinho e balança a cabeça como sinal de compreensão. 
— E ela vai ter, não precisa se descabelar por isso. — Tranquiliza. — E sobre a outra coisa, não pense nisso agora, a gente resolve o futuro depois. 
Confirmo com a cabeça e aceito sua ajuda para levantar. Ela está certa, primeiro o presente.

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