Capítulo Sessenta e Um.

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     Ajudo Saori a descer as pesadas malas pela escada até o carro. Senhor Yoshiaki não tem um, então mamãe se ofereceu para emprestar o dela. 
— Imaginei que seriam mais malas. — Comento, quando a segunda, e última é colocada no porta malas. 
— Pretendo comprar coisas novas lá. — Saori responde. — Além do mais, muitas das minhas roupas não servem mais em mim. Pedi ao meu pai que doasse tudo que deixei. 
    Assinto e entramos no carro, Thomas da espaço para nós acomodar nos acomodarmos. Mamãe e o pai de Saori já esperam no banco da frente. Amélia da partida no carro e acelera em direção ao aeroporto. Não solto a mão da minha namorada nem por um segundo, estamos grudadas assim desde ontem. Nossos pais parecem entender, até deixaram que eu dormisse está noite aqui. O que foi um grande alívio, não conseguiria dormir em casa mesmo que tentasse. Com o coração apertado, a cada prédio, poste e placas que passamos, desejo mais ainda que aquele caminho dure mais. 
    Quando chegamos no aeroporto, ajudo mamãe a tirar as bagagens do porta malas. Além das de mão, Saori leva consigo um travesseiro de pescoço e uma máscara para dormir roxa, que estão pendurados em seu braço. 
— O vôo só sai daqui a quarenta minutos . — Yoshiaki avisa, quando nos sentamos perto da área de embarque, depois de resolver todas as burocracias. 
     Brisa, Miguel, Evandro e Lucas chegam um tempo depois, eles parecem tão abatidos quanto nós. Brisa corre imediatamente para abraçar Saori assim que a vê. Sá a puxa para perto, ambas afundadas naquele momento. Aos poucos, todos nós vamos nos cumprimentando com desânimo. 
— Trouxe para vocês. — Evandro entrega dois copos de café para mim e Saori. — Com leite e com muita açúcar, do jeito que você gosta Sá. Agatha? Forte e amargo.
— Muito Obrigada, Evan. — Ela diz, com o sorriso mais iluminado do mundo. 
Não comi nada antes de sair, então tomo o meu café quase que de uma vez, queimando a língua no processo. 
— Sabe, deveríamos tirar uma foto todos juntos. — Saori sugere, já puxando sua câmera analógica do bolso de suas largas calças pretas. 
— Estamos todos horrorosos e com cara de zumbi! — Lucas finalmente fala, depois de minutos calado( o que pra ele é um recorde). 
— Ótimo, posso escrever "The walking dead" na polaroid. — Ela argumenta, nos fazendo rir. 
Nos posicionamos, Saori no meio, eu ao seu lado e Brisa do outro. Atrás, a ordem fica: Evandro, Miguel, Thomas e por fim Lucas na ponta. Consigo vê pelo reflexo da câmera, quando Miguel faz o número dois acima da minha cabeça, Lucas copia o movimento só que na de Saori. 
— Digam insônia! — Falo e todos repetem em um coro. 
Nos reunimos em volta da mão de Saori, esperando ansiosamente pela revelação da foto.
— Vocês fizeram chifrinhos na gente? — Sá diz, fingindo está brava.
— É um charme especial. — Justifica Miguel. 
— E não é como se fossem reparar em vocês quando tem eu na foto. — Lucas fala, sorrindo convencido. 
— Vou sempre me lembrar de você como a humildade em pessoa. — Digo. 
— E eu vou me lembrar de você como alguém engraçado. — Ele alfineta de volta, fazendo "Í" s serem esclamados. Dou uma cotovelada fraca no braço de Lucas, que faz uma careta de dor, como se eu tivesse o arrancado fora.
—Também lembrarei do seu teatro, Drama Queen  

     Passamos os próximos minutos conversando sobre tudo

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     Passamos os próximos minutos conversando sobre tudo. Lucas, Miguel e Thomas disputam uma corrida com malas, sentando nelas e dando impulsos com os pés. Os três já caíram tantas vezes que o segurança nem nos olha torto mais como fizeram na primeira vez. O restante de nós permanece mais quieto; Evandro está fazendo mini trancinhas no meu cabelo, enquanto Brisa e Saori dividem minha perna como um travesseiro. De onde estou, tenho uma visão perfeita de Brisa observando Lucas sendo um pateta como sempre. Mas ela não o olha com desdém, o que há ali é algo mais como ternura ou admiração. Ela parece achar uma máximo cada idiotice que Lucas inventa com aquela mala. Ele a olha e sorri de volta com uma piscadinha que a faz corar. Todo o momento é rápido, mas não consigo deixar de reparar. Sinto meu coração quentinho, como se estivesse lendo um romance em meu quarto, como fiz tantas vezes. Saori traça círculos na minha barriga enquanto me olha, acho que tenho uma nova forma geométrica favorita. 
— Quer ir beber água comigo? — Ela pergunta. 
— Na verdade tenho água aqui, Eu sempre trago uma garrafinha comigo... — Paro de falar quando noto sua expressão me olhando. — Oh. Ok entendi. — 
Ela ri e se levanta, estendendo a mão para me ajudar a levantar. Mas antes de aceitar, me aproximo do ouvido de Brisa.
— Fala pra ele. — É tudo que digo, antes de Saori me arrastar aeroporto a dentro. 
     Nem percebo em que momento já chegamos no banheiro. Arrasto Saori para uma das cabines e tranco a porta. A puxo direto para um beijo, não falamos nem uma palavra sequer. Não à distância entre nós naquele momento. Com o corpo colado ao meu Saori varre minhas costas por baixo da blusa. Pelos próximo minutos, esqueço onde estamos, esqueço que tudo isso vai acabar.
     Sua mão desce até minha cintura, enrosco meus dedos em sua nuca passando a unha de leve, traçando pequenos círculos ali. Sinto com as pontas dos dedos o momento que ele se arrepia e o beijo fica cada vez mais forte, como se fossemos morrer ali mesmo. Enquanto nos beijamos, um grande flashback de tudo que vivemos passa na minha cabeça; O momento que entreguei um simples biscoito para uma garota, sem nem imaginar tudo que iria acontecer, sem imaginar que foi em um momento tão comum que conheci a mulher da minha vida. E nem mesmo o oceano entre nós, mudaria este fato. 
— Não sei se vou conseguir seguir minha vida depois de nós. — Ela diz, quase num suspiro. 
— Pense em mim quando olhar para o céu, de noite ou de dia. A lua ou o sol que te iluminaram também virá me vê no outro dia. 
— Como nosso eclipse secreto, então? 
— Isso, exatamente isso. — Digo segurando seu rosto. — Você sempre vai ser meu primeiro amor, Saori. E quero que saiba que, independente do futuro, meu coração sempre vai ser seu. 
Ela sorri com o que digo. Estamos prontas para mais um beijo, quando uma voz soa pelo aeroporto. 

— Atenção passageiros do vôo 539, o embarque iniciará em dez minutos, por favor comparecer ao portão de embarque. 

    Saori e eu nos entreolhamos, em uma expressão de cumplicidade antes de voltarmos para onde nossa família está. Quando chegamos lá, estão todos de pé, parecendo apenas estar esperando por nós. Sá abraça um por um, é tudo uma grande confusão de lágrimas de sorrisos. 
— Promete que algum dia dessa sua viagem, você faz uma parada para me vê? — Ela pergunta a Lucas, que ri e a abraça mais uma vez. 
— Eu prometo. Com todo o meu coração. 
— Vou morrer de saudades de todos vocês. Para mim, essa aqui é a família que eu sempre quis, obrigada por me apoiarem em tudo e nisso também. Amo todos vocês. E isso não é um adeus, promessa de escoteiro! — Saori finaliza, já com os olhos marejados. 

   Corro mais uma vez para os braços de Saori, não querendo largar nunca mais. 
— Tenho algo para você. — Ela diz, se desvencilhando do abraço e puxando o pacote que pegamos ontem, com Álvaro, da mala. Pego de suas mãos, mas antes que possa sequer cogitar em abrir, ela me para. — Não agora, quero que abra somente quando chegar na faculdade. 
— Isso vai demorar um mês ainda! — Reclamo, querendo chorar. 
— Esconda, então. — Diz rindo. 
— Detesto você — Falo.
— Eu também te amo. — Ela sorri. — E por favor, me prometa que vai fazer esses cinco anos os melhores da sua vida, e me prometa também que vai tentar de tudo. 
— Eu prometo. 
    É a última coisa que digo, antes de Saori me beijar e sair andando rumo a fila de embarque. Ela me olha até o último segundo, e só para quando entra no avião.

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