Capítulo Treze.

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   Viemos o caminho inteiro brincando e rindo das coisas mais bestas. Eu estava realmente feliz, como não me sentia a muito tempo. Eu senti a adrenalina correr por todo o meu corpo e só pensava em como queria fazer isso de novo. 
Poucos metros antes do parque Saori ordenou que todos jogássemos nossas mochilas em um grande arbusto que ficava no meio das árvores do parque Nacional. 
— E se roubarem nossas coisas? —Perguntou Miguel. 
—  O parque não é tão perigoso assim. — Respondeu Saori. 
— Estamos em Brasília, Saori, eu ficaria surpresa se voltássemos e não tivessem levado o arbusto também. — Zombei e o grupo riu. Uma vez li na internet que quando alguém faz um grupo de amigos rirem elas tendem a olhar diretamente para as pessoas que mais gostam para conferir se elas também estão rindo. Percebi que isso era verdade, meus olhos se concentraram em Miguel e logo depois em Saori. 

                        ☆☆☆

  Assim que chegamos ao parque fiquei hipnotizada por todos aqueles brinquedos. Tinha de todos os tipos. Os que giravam, os que viram de ponta cabeça, os que giravam e viravam de ponta cabeça. Era tudo colorido e brilhante, crianças passavam correndo a todo momento, o cheiro doce no ar era de embriagar. 
— Agatha! Vem! Temos que comprar nossas pulseirinhas na loteria. — Chamou Saori, roubando minha atenção do ambiente. 
— Ah claro, me distrai, desculpe. — Falei, enquanto desviava de uma senhora com algodão doce. 
 Nos aproximamos do balcão e ficamos lá nos encarando, parados como estátuas. esperando sabe se lá o que.
— Ninguém vai comprar a pulseira, não? — Questionou Evandro, nos fazendo rir depois que caímos em nós de novo. 
— Ah é, né? — disse Lucas entre risadas. — Quem vai? 
— Eu não vou. — Se apressou Miguel em dizer. 
— Nem eu. — Evandro e eu falamos em uníssono. 
Nos viramos para Brisa, que apenas estava calada observando. Percebi o momento em que ela se deu conta que queríamos que ela comprasse os ingressos. 
— Eu vou até fingir que não notei essa sugestão. — Brisa disse com sarcasmo.
— Ah que se dane, eu vou então. — Falou Saori, sem paciência tomando a frente. — Bom dia, seis pulseiras por favor? — Ela colocou o dinheiro de todos nós na mesa. 
O funcionário nos olhou de cima a baixo. Era carrancudo, tinha olheiras e várias espinhas no rosto. Parecia odiar aquele lugar. 
— Quantos anos vocês tem? — Perguntou desconfiado. 
— Somos todos menores de idade senhor, relaxa ok? Estudamos a tarde, não estamos matando aula, se é isso que está pensando. — Falou Saori como se apenas a possível suposição do atendente fosse ridícula e ela não tivesse tempo para isso. 
— E seu ligar para sua escola para confirmar? — Desafiou ele. 
— Pode ligar se quiser, posso te passar até o número, eles vão te dizer a mesma coisa. — Saori levantou o queixo, correspondendo ao desafio com sua mesma postura confiante. — Agora se não se importa, pode nos dar as pulseiras? Estamos com um pouco de pressa aqui. 
O rapaz nos olhou com raiva e nos deu a pulseira ainda relutante.
  Quando terminamos de colocá-las, Lucas ainda estava tentando inutilmente por a sua. Ficamos apenas observando a cena. A blusa rosa de ursinho junto com seu jeito raivoso e as tentativas de pôr a pulseira formavam um combo hilário.  
— Vocês vão me ajudar ou apenas ficar aí me olhando? — Disse ele, com um tom de raiva e constrangimento na voz.
Brisa deu uma pequena risada e pegou a pulseira de Lucas. Assim que ela segurou sua mão pude perceber seu pânico, seu rosto pálido agora parecia um pimentão. Olhei para Miguel e ele me devolveu um olhar de quem também entendeu exatamente o que estava rolando ali.
— Eu sou canhoto, ok? Por isso não consegui colocar a pulseira, se não fosse por isso já teria colocado primeiro que todos. Não que fazer isso seja uma tarefa difícil, claro que não, só…  — Lucas gesticulava, se embolando nas palavras. 
— Eu sei ursinho cuti cuti, agora para de se mexer, porra. — Falou Brisa. 
— Ah claro, já parei. — Sem jeito então, ele ficou parado como se estivesse congelado.Tive que cerrar o pulso para não rir.
Bri colocou a pulseira e foi o sinal que precisávamos para nos animar. 
— Até vomitar! — Falou Saori e todos repetiram com o triplo da animação.

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