Capítulo Cinquenta - Saori.

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      — Tadaima! — Anúncio, enquanto tiro minhas botas na entrada. Ninguém responde, papai deve ter saído. 
    Me jogo na cama exausta, tem três dias que não consigo dormir direito. Minha cabeça está explodindo então vou até a gaveta de remédios no banheiro e pego um para dor. Tomo‐o com a água da torneira mesmo, aproveito para molhar o rosto.
— O que eu vou fazer? — Digo para mim meu próprio reflexo. Sou interrompida pelo som do meu notebook tocando. Vou até meu quarto e o pego levando para a cama.
— Konbanwa! — Cumprimenta Katsuo, quando seu rosto sorridente aparece na tela. Seu cabelo preto está um pouco maior desde a última vez que nos falamos, a cerca de 1 mês.
— Aqui é dia ainda — O corrijo. 
— É assim que você me cumprimenta seu irmão mais velho, Gaki? — Ironiza ele. O sotaque do meu irmão é um pouco mais perceptível que o meu quando fala português, como se o fundo das palavras ainda fosse japonês
Reviro os olhos. — Odeio quando me chama assim. 
— E eu adoro vê-la odiando que eu te chame assim. — Provoca. Respiro fundo mas me rendo a um sorriso amarelo. — Senti sua falta. — Ele diz.
— Eu também — concordo com um suspiro pesado, jogando minha cabeça para trás. Ficamos um pouco em silêncio. Analiso o local que ele está, parece uma cafeteria ou algo do tipo. Ele veste um moletom cinza, deve está fazendo frio nesta época.
— Pensou sobre o assunto? — Pergunta.
— Pensei até demais. — Confesso cansada. — Mas é complicado.
— É aquela menina, não é? 
— Ela não é só uma menina, agora é minha namorada. — Uso o tom mais firme que tenho.
Katsuo passa a mão no rosto, decepcionado. — Eu não acredito que você pediu ela em namoro! — Repreende.
— Eu sei! Foi idiota! Mas eu queria tanto ter isso com ela... pelo menos por um tempo. 
O rosto do meu irmão suaviza parecendo me entender.
— Realmente foi bem idiota, mas eu entendo, a gente não controla essas coisas. 
Passo a mão no cabelo, minha cabeça dói tanto que minha visão parece turvar.
— Mas ela aceitou sem se importar com... — Ele começa a perguntar, mas para no meio da frase ao perceber minha expressão. — Não me diga que…
— Eu não sei como! — Justifico desesperada.
— Isso sim é uma merda das grandes. — Ele passa a mão no cabelo e coloca seus óculos. Usando eles, Katsuo lembra muito meu pai. 
— Prometo que conto amanhã. 
Sua expressão muda, para algo mais difícil de ler.
— Essa é a sua vida Saori, lembre-se disso. Jaa mata atode. — Ele se despede e desliga.
   Deixo o notebook de lado e encosto a cabeça no travesseiro. Olhando para cima, consigo ver a foto que tirei com Agatha. A pego na mão e encaro, abraçando como um ursinho de pelúcia até dormir. 

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