Ela tava escorada no muro tomando cerveja, linda até distraída e com feição de que mataria um.
- Valentina?
- oi.
- eu tava procurando você.
- tava? Parecia bem ocupada com o Bernardo.
- é, ele tá sendo um imbecil hoje, a Carol me salvou.
- você não parecia querer ser salva.
E lá estava, o olhar frio e julgador.
- a gente só tava dançando, mas me passei, foi mal.
Ela riu enquanto balançava a cabeça em negação, suspirou e deu um último gole na cerveja.
- tá tudo bem, eu só vim tomar um ar, tive um dia puxado hoje.
Conheço, ela tá se mordendo de ciúmes, mas como na cabecinha dura dela isso é algo horrível de sentir ou admitir, ela prefere se roer por dentro em vez de se posicionar comigo, mas bom, eu já disse milhões de vezes que além de meu amigo, ele é amigo da minha família, não posso expulsar dos lugares.
Tomei um pouco mais da água que eu estava em mãos, já tava altinha de álcool e minha personalidade não fica das mais queridas bebada.
- dança comigo?
- não é uma boa ideia, pelo menos não ainda.
- aqui fora, só nós duas e mais ninguém.
Me aproximei mais dela e toquei seu braço, ela cedeu, e se entrelaçou em mim. Eu amo o fato dela não ter resistência ao meu toque, assim como não tenho ao dela.
Não faço ideia de qual ritmo estava tocando lá dentro, mas aqui fora no nosso mundo, dançávamos o mais delicioso silêncio reconfortante.
Passamos um bom tempo assim, só nós duas, até que não consegui mais me segurar e tomei seus lábios em um beijo urgente. Sem dúvidas a bebida me deixa do jeitinho que o diabo gosta, já que tudo que eu sentia agora era vontade de dar igual uma vagabunda pra Valentina aqui no meio da rua, e ela parecia querer o mesmo, já que apertava minha bunda e me puxava cada vez mais pra si.
- Lu?
Nos soltamos assim que escutei uma voz conhecida me chamar. Me virei e limpei minha boca, Valentina se manteve de costas.
- vim te procurar pra dançar, não sabia que tava ocupada.
- tudo bem, daqui a pouco eu e a Valentina vamos entrar.
- eu não quis atrapalhar.
- atrapalhou, mas a gente continua depois, com privacidade.
Valentina abriu a boca e eu senti que ela tava no limite, seu olhar sobre ele era frio, assassino e faminto, assim como o de um lobo.
- calma aí sargento, eu só tô surpreso, não sabia que a Luiza curtia, isso..
Bernardo tava com um deboche um tanto desconhecido por mim, é assim que homens reagem perante um fora?
- do que você me chamou?
Valentina deu um passo e meu alerta foi me colocar na frente dela de imediato.
- me apaixonar foi uma surpresa pra mim também, mas você sabe né, quando encontramos a nossa pessoa, é inevitável.
Respondi da forma mais educada que eu consegui, eu não queria magoá-lo, eu sei o que ele sente por mim, e ele sempre quis se fazer presente. Apesar de tá sendo um babaca agora, eu ainda o considero meu amigo.