Bom fim de domingo. ❤️
- boa tarde emburradinha.
- tá trabalhando de segurança agora Valentina? Aqui parada na entrada.
Sempre sútil como uma bazuca.
- não, to só esperando minha namorada.
- ah, claro.
Luiza me respondeu com desdém sem se quer me olhar nos olhos.
- não vai me dar boa tarde de volta?
Antes dela dizer algo, avistamos Juliana vindo em nossa direção.
- vou deixar pra sua namorada lhe dar esse boa tarde.
E saiu sem olhar pra trás.
- ah, ela me dá várias coisas.
Respondi antes que ela estivesse distante, ela nada disse, apenas balançou a cabeça, mas tenho certeza que revirou os olhos, como sempre.
Não faço ideia do porque, mas acho uma deliciosa ocupação irritá-la.
Juliana me cumprimentou com um abraço e um selinho demorado.
- tava te esperando.
- de papinho com a Luiza?
- estava te esperando e ela passou, apenas dei boa tarde.
- como queiras, Valentina.
Fechei os olhos e respirei fundo.
Juliana de fato era doce, gentil e compressiva, uma namorada dos sonhos pra ser sincera, faz todas minhas vontades e se da perfeitamente bem com minha família, mas lidar com ela raivosa e implicante, é indescritivelmente difícil.
Muitas vezes eu até me sinto mal por não conseguir oferecer mais a ela, eu sei o quanto ela se esforça pra lidar com nosso relacionamento, e eu também ando me esforçando, as vezes eu só queria sumir.
Quando nos apaixonamos ela estava de passagem pra visitar os pais e quando ela foi embora, foi como levar um pedaço de mim junto, passei noites sem dormir, com um aperto no peito.
Tentamos manter o namoro a distância, mas com o passar dos meses, eu sentia que estava atrapalhando a vida dela, a impedindo de vivências e sensações, o ciúmes também foi tomando conta de nós duas, era enlouquecedor pensar nela tão distante, perto de outras pessoas que poderiam a oferecer os toques que eu estava impossibilitada, pela distância.
Começaram as brigas, as cobranças, as desconfianças, constantes. Eu viajei pra Cancún-México duas vezes para ficarmos juntas, e todos os problemas sumiam quando estávamos perto, mas era só ficar distante, que tudo parecia errado, parecia sem sentido ou propósito.
O amor deveria ser confiante e suficiente ao ponto de sobreviver a qualquer distância, não?
O amor deveria prevalecer e fazer sentido mesmo em meio a brigas, não?
Juliana foi meu primeiro amor, eu não tenho dúvidas, ela me faz verdadeiramente feliz. Mas por vezes eu me pergunto se ainda gosto dela..
Talvez toda dor que passei com sua ida, tenha causado traumas e gatilhos de abandono em mim. E por isso, eu optei por tentarmos um relacionamento aberto, por medo dela ir embora novamente, seria melhor ter isso, do que nada.
Claro que eu amo minha liberdade, apesar de ter muitos acordos com ela, eu sei que um namoro monogâmico é diferente, exige bem mais de ambas. Mas eu sei que essa escolha, foi por medo também.
Juliana voltou pra ficar, e mesmo assim eu ainda não consigo me entregar completamente de volta e muito menos sentir que isso seria certo. Porque?
Ainda sinto medo?