oblíqua e dissimulada.

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Peguei no sono assim que subi pro quarto, quando acordei a conversa com minha mãe ficou ecoando pela minha cabeça.

Assim como em qualquer relacionamento no meu e da Juliana existem brigas e estranhamentos, mas que sempre busco resolver na base do diálogo, como me foi doutrinado pelos meus pais.

Meu pai apesar de ser rigoroso e um pouco conversador, sempre me ensinou que a conversa é a melhor solução, não gritos, ameaças  ou micro agressões, mas o diálogo.

E antes disso, minha mãe sempre me disse que não adiantava apenas ouvir, mas sim entender e estar disposto a resolver.

Juliana infelizmente foi muito mimada pela mãe desde a infância, teve muita passada de mão na cabeça, já que o pai não era muito presente, e quando estava, era um tanto agressivo e extremamente manipulador.

Levou bastante tempo pra ele aceitar nosso namoro inclusive, devo isso a meu pai pra ser sincera, ele foi o único que conseguiu "mudar" a cabeça do Chino.

Juliana herdou esse temperamento agressivo, manipulador e explosivo dele.

Era perfeita em 80% do tempo, mas nos outros 20%..

Bom talvez realmente seja o sangue mexicano.

Já faz um tempo que venho recebendo treinamento do meu pai, e nisso aprendi a ser bastante sangue frio e analítica, assim como na terapia, que faço por conta do concurso também.

E acredito que se não fosse por isso, nossas brigas seriam piores, muitas das vezes eu faço uma força sobrenatural pra manter a calma e não sair da razão.

Juliana sabe me tirar do sério, e talvez eu ame isso nela, ou talvez eu tenha me acostumando..

Pego o telefone e tento ligar pra mesma, e ela não atendeu, assim como também não tinha respondido minhas mensagens.

Deve ser pelo horário, quando eu tava tentando novamente, meu pai me chama e abre a porta.

- Valentina?

- sim, senhor!

Rapidamente me levanto da cama.

- não se atrase.

- já to indo.

Faço minha higiene rapidamente e me troco, sem tempo pra banho hoje.

- o que foi Valentina? Tá distraída?

Meu pai me chama atenção enquanto eu tava transcrevendo alguns relatórios de prisões.

- não consegui falar com a Juliana.

- deixa os problemas do seu relacionamento fora da minha delegacia.

- sim senhor, desculpe.

- e eu já te disse, tenha mais pulso firme com essa garota, você é mais velha, é uma Albuquerque e também Valentina

Ele me mostrou seu distintivo.

- logo você terá um desse, honre.

- sim senhor.

Pensei em revirar os olhos, mas não queria mais uma chamada de atenção.

Odiava quando meu pai vinha com esse papo, era indiretamente machista e homofóbico, na cabeça dele uma das duas tinha que ter uma postura um tanto masculina, autoritária e superprotetora, e eu tinha sido a escolhida por ele a exercer esse papel.

Era contraditório, já que a primeira coisa que ele me disse quando me assumi lésbica, foi que nunca se deve gritar ou machucar uma mulher.

E as vezes sinto que tudo que ele quer é que eu grite com a Juliana, ou que termine com ela.

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