19° CAPÍTULO

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Lavínia Fadel


Fiquei molhada das gotas da chuva ao sair do carro do Ângelo e ter corrido para a entrada, entrando desesperada na mansão, ainda naquela noite quase madrugada.

O caminho até aqui todo foi de lágrimas de agonia e ansiedade. A vontade exarcebada de ver o meu irmão sucumbia todo o meu ser, eu não pensava corretamente em nada, como ele, o Ângelo o encontrou? como descobriu sobre o meu irmão? como tantas coisas... as perguntas eu deixaria para depois.

Só havia algo pelo que eu sobrevivia, o Faruk era esse o motivo, o meu irmão, sempre foi ele, tudo por ele. Ele era meu oxigênio, meu gás, era e foi por ele que eu suportei todo o inferno daquele lugar. Sempre foi por ele... eu fui capaz de tudo... eu nunca mais perderia ele outra vez e para ninguém.

Nunca!

— Faruk? _Gritei na sala e corri para as escadas, subindo apressadamente, prendendo a respiração a cada degrau por não conseguir fazer tudo ao mesmo tempo.

No corredor, vi dois dos matadores que viviam na mansão e eles vieram até mim, sorrindo largo.

Eu paro de caminhar e respiro, tocando o meu peito.

— Você chegou, meu Deus do céu! _Um deles comentou e eu senti seu toque em meu braço. — Está gelada. Você precisa se acalmar, Lavínia. Seu irmão está aqui e está afobado para ver a irmã dele.

Eu não me concentro no que ele diz e observo a porta onde os dois estavam, é a porta do quarto do Ângelo.

— Eu preciso vê-lo. _Digo agitada e alterno os olhos chorão entre os dois, que assenti e me dão passagem.

Devagar, eu dou movimento aos meus pés e chego na porta, encostando meus dedos gelados na maçaneta e suspirando.

Sem perder mais tempo, eu abro a porta com mais lentidão do que minha saudade impõe e a empurro na mesma velocidade. Então, da pequena brecha da porta meus olhos viram meu irmão na cama, deitado. Por um segundo senti que meu mundo iria desabar, que eu iria desmaiar antes de chegar perto dele e toca-lo, foram meses longe do meu irmão, quase um ano...

Ele é tudo que me restou da minha falecida mãe... da minha amada mãe...

Minhas pernas frequejaram e eu tremi deliberadamente, e só consegui entrar no quarto quando alguém muito mais forte que eu, segurou-me e me fez olha-lo em meio as lágrimas. Era o Ângelo... e ele não mentiu... É o meu irmão... ele salvou o meu irmão.

Sua mão afastou a porta e ele me ajudou a chegar na cama, guiando-me.

E eu o vi, vi o Faruk dormindo... era ele... meu irmãozinho.

Chorando, cobri minha boca com as mãos e virei-me, grudando minha testa e rosto no corpo do Ângelo, aos prantos de gratidão.

— Acabou, Lavínia. _Ele falou baixinho e eu me vi chorando sem parar ao fechar as mãos no tecido do seu terno aberto, e soluçar, olhando-o no rosto e nos seus olhos escuros.

— Obrigada... por Deus! Obrigada! _O abracei com uma força que eu não tinha naquele momento.

— Lavínia? Irmã?

Meu coração acelerou e eu o senti como se fosse fugir da minha boca. A voz doce... do meu irmão... do meu Faruk.

Sem controlar o choro, soltei o Ângelo e devagar, virei-me para o meu pequeno. Ele também encheu os olhos de lágrimas ao me ver finalmente depois de tanto tempo.

Com uma felicidade incontida no coração, aproximei da cama e me sentei ao seu lado, tocando o rosto e os cabelos do meu irmão para ter certeza que aquilo era realmente real, ou se eu estava vivenciando um lindo e maravilhoso sonho de reencontro... o reencontro que tanto sonhei...

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora