32° CAPÍTULO

3.7K 270 67
                                    

Ângelo Fontana



Todos estávamos reunidos na sala para o café da manhã, aguardávamos apenas a Lavínia descer.

— Ela nunca demorou tanto para vir tomar o café. _O matador 27 comentou, por ora observando o corredor.

— Minha irmã precisa de um tempo. _Disse o Faruk, atraindo o olhar de todos para si.

— Ela está bem? _O matador 1 perguntou com certa preocupação na voz.

Eu limpo minha garganta, alcançando meu copo com água e bebendo o líquido para aplacar a sede que não tenho.

— Minha irmã acordou indisposta. Ela disse que é por que é uma menininha. _O Faruk riu e me olhou. — A Lavínia hoje precisa de carinho.

Meu corpo fica em estado de alerta por imaginar que talvez eu possa ter sido muito truculento com ela nessa madrugada e a ter machucado, mesmo sabendo que eu nunca tinha sido tão delicado com ela como fui ontem.

Com a consciência pesada, jogo o guardanapo na mesa e me coloco de pé, descasando um botão da minha camisa, pois de repente o ambiente aqui parecia uma fornalha.

— Com licença. _Digo e me retiro da sala, seguindo para subir para o segundo andar, caminhando em passos largos pelo corredor dos quartos, chegando na sua porta, respiro e dou algumas batidinhas suave antes de girar a maçaneta da porta e empurra-la, olhando pela brecha, não a vendo na cama, não perco tempo e finalmente entro.

Encostando a porta, a encontro sentada em frente a penteadeira, penteando os cabelos molhados. Seu olhar afiado fincou em mim.

— O que faz aqui? _Foi severa, o tom não era dos melhores. Alguém aqui acordou de mal humor.

— Vim ver como você está. Seu irmão contou que acordou indisposta. _Revelo paciente, escondendo as mãos no bolso e chegando mais próximo dela.

Ela virou-se na cadeira, encarando-me com desentendimento e descrença notável.

— Você já viu. Pode se retirar agora. _Foi grosseira.

Eu fecho os olhos por alguns segundos para me sentir respirar fundo mais uma vez e controlar os ímpetos da minha selvageria, eu, por hoje, não queria ser um miserável com ela.

— Estou tentando conversar com você, Lavínia. Fiquei preocupado quando o Faruk disse que você acordou indisposta. _Explico com cautela, estudando-a e verificando qualquer sinal de que ela poderia está com qualquer dor provocada por mim, ou pelo meu corpo.

— Meu irmão é um fofoqueiro. _Jogou a escova na penteadeira e ficou de pé, seu cheiro de flor sendo muito agradável e satisfatório para o meu faro apurado. O quarto dela não negava pertencer a ela, o aroma de lírio era um encanto, ali dentro eu me sentia realmente dentro de um campo florido, ou até mesmo num jardim bem cuidado. Eu, um matador sem escrúpulos, apaixonado pelo cheiro de lírio... É de fuder mesmo...

Eu a observo de cima abaixo lentamente, vendo-a vestida de calça jeans apertada, uma blusa fina de manga longa preta e um vans no pé. Ela franziu o cenho, olhando-me e sorriu com zombaria, o tom não negava e me deixava puto. Pigarreio, e a Lavínia balançava a cabeça e desvia a vista, algo como quem está inacreditada por me ver a averiguando de forma minuciosa.

— Por que você está rindo? _Não sorrio, por que não estou vendo graça nenhuma nessa porra, saúde é algo muito sério para mim. — Eu vim aqui por que estou realmente preocupado se eu a causei algum dano, mesmo tendo plena certeza de que a deixei de banho tomado, de pijama e dormindo feito um anjo. _Fico irritado com o seu descaso.

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora