21° CAPÍTULO

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Lavínia Fadel

Acredito cegamente que não teve um dia em que o Ângelo Fontana, esse escroto de merda, não me fez chorar, ou foi pedindo clemência naquela noite negra onde ele trepou comigo como se eu fosse uma puta que aceitava tudo, ou foi no dia onde a velha me leiloou para passar a noite com três homens, incluindo ele, ou foi quando ele me deu a maior alegria da minha vida ao resgatar meu irmão e me dar a liberdade. Não teve um dia em que esse homem não me fez definitivamente chorar.

E hoje não seria diferente.

Eu juro que estou em choque, quase desfalecendo em lágrimas com que acabou de acontecer dentro daquele restaurante. Eu devia esquecer todas as coisas ruins que usei para se referir a esse diabo. Perverso, cruel, psicopata e louco...

Eu olho para o chão, enquanto esse doente me arrasta até seu carro nos aguardando na entrada do restaurante. É inevitável não gargalhar com o absurdo que ouvi e presenciei.

— Você é um lunático... um verdadeiro sádico. _Eu estou escandalizada. Ele fez a cafetina comer a carne cozinhada do próprio filho.

Com tudo, ele abriu a porta do carro e praticamente me jogou dentro como se eu fosse uma boneca maleável. Então mostrou sua irritação ao bater a porta com força e dar a volta no carro, entrando e colocando o cinto de segurança.

Ele me encarou com um monstruosa fúria.

— Acredito que sua indignação é por eu ter deixado a velha fugir. _Supôs, parecia verdadeiramente crente que eu estava horrorizada por isso, por ele ter permitido que a velha aos prantos, fugisse.

Eu nego, mudando a atenção e tentando destravar a porta para sair de perto desse louco.

— O que porra você fez? _Não consigo normalizar o que eu presenciei, meu Deus... foi aterrorizante.

— Concordo. A gente devia ter decepado ela também e aproveitado que estávamos num restaurante e mandado preparar a carne dela, enquanto dançavamos uma linda sonata de beethoven. _O maluco tocou meu joelho e o apertou. Eu estremeço. — Eu nunca esqueci que essa filha da puta me fez estuprar você.

Nego, com lágrimas nos olhos.

— Você não me estuprou. Era o meu trabalho... Com força, delicado ou o que fosse, eu estava naquele bordel para servir você ou qualquer outro cliente que pagasse o meu valor. _Arranco sua mão do meu joelho e jogo as minhas no rosto, desesperada e querendo mata-lo por descobrir que o Ângelo Fontana se torturava por isso.

O carro entrou em movimento de maneira veloz, me perguntei se ele não estava querendo nos matar pela forma em que corria em ziguezague, passando todos os carros na estrada. Mas não... o lunático só estava descontando sua raiva do mundo na pista molhada.

Agora vai iniciar a corrida de gato e rato.

Ouço ele proferir e pisco meus olhos molhados, desentendida.

— Explica esse caralho. _Meu juízo está uma merda. Foi terror demais para uma noite só.

— A cafetina, ela sabe que vamos mata-la. Eu deixei ela fugir por que precisamos saber quem é a tal gente grande por trás dos negócios infelizes dela. Só chegaríamos até eles se ela estiver viva.

— E onde entra a corrida de gato e rato que se refere?

— A gente vai assusta-la, demonstrar está na cola dela, tortura-la e no fim... _Passando a marcha no carro, ele olhou-me nos olhos. — Vamos mandar uma mãe ao reino do inferno abraçar seu amado filho. _Ele acelerou o veículo e eu vi o riso rancoroso e implacável nos seus lábios malditos.

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora