1° CAPÍTULO

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Suíça - Zurique

Lavínia Fadel

Uma vez meu pai me disse:

— Lavínia, você é tão linda que só sofrerá um dia se quiser.

Era mentira!

Ele mentiu para mim como um covarde, ele mentiu e me enganou.

Estou há um mês nesse país maldito, fui raptada ainda no meu país quando eu tentava fugir da guerra entre os bicheiros, eu vi naquele dia uma oportunidade de sumir daquele lugar por que meu próprio pai havia também me prometido a um gordo rabugento que vivia me cercando a cada passo que eu dava.

Eu fui trazida para a prostituição justamente pela beleza. Eu estou sofrendo e não é por que eu quero. Meu pai era um mentiroso e destruiu a minha vida. Ele era o culpado, foi por causa dele que eu fugi e é por causa dele que fui raptada. Se ele fosse um bom pai tinha aceitado quando o homem que eu amava pediu a minha mão.

Com uma semana nesse lugar chamado "O Paraíso" e que de paraíso aqui não tem absolutamente nada, fui obrigada a fazer meu primeiro programa com um homem tão perverso e tenebroso que até hoje eu morro de pavor só de lembrar.

Aperto meus olhos com força, chorando e me encolhendo toda, estremecendo só em recordar das coisas perversas e sujas que aquele homem fez comigo.

Desde então, faço programa uma ou duas vezes por dia. A dona desse lugar é uma senhora muito rude, cruel e exigente, ela até castiga quem não atende bem seus clientes. Como atender bem quando eles machucam?

Eu tenho me esforçado, mas é muito doloroso passar por tudo o que eu passo aqui. Até tatuagens fizeram em meu corpo para que eu tivesse um ar de mulher da vida. Isso aqui é o próprio inferno. Eles comem a sua alma com seu corpo ainda vivo.

E eu não tinha saída, não tinha dinheiro e nem meus documentos. Estava cercada de seguranças, sendo explorada e maltratada por todos. Eu só tinha ordens e exigências, o tempo todo para seguir.

De repente, alguém me tocou nos ombros e eu pulei da cama, assustada e limpando meus olhos inundados de lágrimas por perceber que minha vida acabou.

— Fica calma, Lavínia. Sou eu, sua colega de quarto. _A Aurora sorriu e se jogou na minha cama. — Hoje a casa ficará cheia novamente.

Sento-me na sua cama ao lado da minha.

— Isso quer dizer que virá muitos homens. _Me abraço, observando o pôr do sol da janela com grades.

— Não sei por que você entra em desespero. A senhora Margaret nunca te passaria para qualquer pé rapado. Não ver que seus clientes são selecionados?

Eu a olho.

— Eu fico com os piores, Aurora.

— Os podre de rico. Isso sim. Não sei como não consegue aproveitar. _Ela parecia reclamar.

Eu engoli em seco, alisando meus braços.

— A gente é obrigada a atendê-los da melhor forma, é isso ou a gente perde a nossa refeição do dia. _A lembrei, mostrando a ela que éramos exploradas e tampouco a Aurora se importava. Ela havia se acostumado... e vejo que até gosta dessa vida.

— Eu nunca perdi nenhuma refeição. Por que eu faço o meu trabalho.

A olhei com horror.

— Isso não é trabalho. Só eles lucram.

— Errado! Eu ganho sim e muito bem. Você não ganha por que seus clientes reclamam que você é uma chorona. Então você é punida. Eu já cansei de falar pra você relaxar e ser atenciosa com os bacanas, mas você insisti em dar problemas.

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora