3° CAPÍTULO

7.8K 546 40
                                    




Lavínia Fadel



A pior sensação do mundo é a de não  saber o que te espera. Era assim que eu me encontrava no melhor quarto do bordel, um que não se ouvia nada, tão pouco a música alta rolando no andar debaixo.

Mais uma vez eu teria meu corpo usado por homens que eu não tinha nenhum vínculo afetivo, sentimental e nem amoroso. Mais uma vez eu era obrigada a entregar meu corpo a homens desconhecidos e asquerosos.

Entregar-me não só a um, mas a três homens e ao mesmo tempo. Eu não via como seguir os conselhos da Aurora e relaxar e aproveitar esse momento. Eu nem sabia se sairia viva daqui essa noite.

— Com licença.

Ouço e assustada, me espanto quando dois homens entraram no quarto onde eu estava em lamúria sozinha. Eu continuei olhando a porta e esperei pelo terceiro e toquei meu peito alivida quando ele não passou pela porta.

Eu o vi...

Aquele homem que me deu a pior noite negra da minha vida estava aqui.

Eu o vi e ele me olhava como se fosse fazer de novo.

Receosa, olhei para os dois homens retirando o terno e eles pareciam tão  iguais.

— Somos irmãos. _Um deles contou como se lesse meus pensamentos.

— Eu já fiquei com algum de vocês? _Pergunto, não lembrando do rosto de nenhum. Foram tantos homens...

Os dois negaram.

— Não. É a nossa primeira vez aqui. _Um deles respondeu, o que tinha os cabelos mais claros.

Ainda que eu estivesse com o véu, observei detalhadamente os dois homens, eles pareciam ter entre 25 e 30 anos. Eram jovens, pele branca e olhos verdes, não tão alto, magros e tinham feições que em outra época eu poderia até achar bonito.

— Vocês gostam de quê? _Perguntei tímida e fui com a mão para abrir o terno escuro que eu usava por cima do vestido justo preto. Uma roupa ridícula que a maldita dona daqui me fez usar após me obrigar a contar a minha história fracassada de amor. Sim, eu era chamada nesse lugar pela viúva negra e acreditem, os homens caem matando em cima quando a mulher não tem ninguém para defender.

— Fica tranquila. Não vamos bater em você e nem fazer uma dupla penetração... ao menos que o terceiro cara queira.

— Dupla penetração? _Desentendo.

— Não sabe o que é? _O homem que parecia mais novo perguntou e foi até o frigobar pegar bebidas e me estendeu uma cerveja.

— Eu nunca fiz. Não sei ao certo o que é. _Confesso, aceitando a latinha e depositando sobre o móvel que estou encostada.

— Suponho que já tenha feito anal. _Me olhou, bebendo sua cerveja. Eu assinto envergonhada, recordando que aquele homem perverso fez tudo comigo naquela maldita noite negra e que escureceu os meus dias. — Então, dupla penetração é quando ao mesmo tempo dois homens entra em você. Nunca fez mesmo?

Imediatamente nego, horrorizada.

— Eu nunca fiquei com dois homens ao mesmo tempo. _Revelo.

De repente, a maçaneta da porta girou e eu virei o rosto, vendo a porta abrir e enxergando o sapato preto entrar no recinto. Fechei os olhos com força e abaixei a cabeça, sentindo pelo cheiro que impregnou o quarto que era ele. O homem cruel e perverso que ficou comigo a primeira vez nesse lugar, o homem que me chupou a primeira vez e que fez o que quis com o meu corpo, dando-me o desprazer de ter sido ele o dono de muitas primeiras vezes. Ele estava aqui e repetiria tudo de novo.

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora