54° CAPÍTULO

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Ângelo Fontana



O aroma do café forte foi completamente satisfatório ao trazer a xícara até meus lábios, tomei um gole do líquido esfumaçado, desfrutando e foi fácil indentificar o sabor do grão em todo meu paladar. O aroma de caramelização do grão em algum dos seus processos ainda podia-se sentir tão presente. Pouso a xícara na mesa, percebendo, eu e meu ato involuntário de apreciar e degustar tudo.

Apesar de não demonstrar por que aprendi a me controlar diante das pessoas do meu convívio, eu estava sim preocupado, me vejo inquieto, dormindo mal, com pensamentos obsessivos, alucinações, numa tensão muscular desgraçada que a única coisa capaz de me manter em alerta é a droga da cafeína. Perdi as contas de quantas vezes já sorvei a bebida quente nessa manhã calorenta.

Me sinto desgraçadamente perdido em meio a um lamaçal de sofrimento deprimente, algo que eu tento escapar a toda maneira e sempre volta de forma abrupta e sobrenatural para me afundar na lama. O motivo por trás dos meus cortes voltou, estava viva, aproximou e mais uma vez me olhou com desejo, eu me senti o menino de 7 anos novamente. Parece que eu estou literalmente fadado ao tormento, a um martírio sem fim com essas escórias. Me sinto angustiado por está escravizado, encadeado em algemas de ferro. Ela chegou perto, não me tocou, mas era expressa a sua fome doentia pelo meu corpo, a ânsia sedenta no seu olhar me causou nojo e repulsa. Eu tinha aversão aquela desalmada. Como é possível que essa filha da puta esteja viva?

O que fiz com a Lavínia depois de ver essa infeliz me matava, mas lembrar de tudo me causou um ataque de pânico. Foi manifestado em meu ser uma carência excessiva por marcar o cheiro e a pele da Lavínia em meu corpo, e tirar aquela merda que eu estava sentindo me corroer. Por estar escravizado, eu escravizava quem amo... Diabos! Isso é um delírio insano.

Eu vou acabar matando a mulher que eu amo se continuar alucinando. Eu preciso dá um jeito nisso o quanto antes. Não posso condenar a Lavínia ao jugo e submissão do fardo que carrego. O estorvo era meu. De algum jeito eu teria que dizimar aquela enferma da terra.

— Finalmente um sol na Suiça. Eu já não estava aguentando tanto frio. _O matador 2 comentou ao tomar assento sobre a mesa e recolher um pão da bandeija. Eu agradeço internamente, assim saio dos meus devaneios.

— Ótimo dia para ficarmos a tarde toda na piscina. _O matador 27 deu a idéia.

Meu olhar observador passeava entre todos na mesa do café da manhã, e de repente, meu celular vibra avisando que chegou mensagem. Pego e viro a tela, desbloqueando.

MSG - 08h:45

"A mamãe voltou do mundo dos mortos cheia de fome, querido."


Respiro fundo, buscando sustentar a calma e abolindo o descontrole. Meu corpo retesa, e desvio a atenção para todos, desconsiderando o afronte dessa infeliz, mantendo-me quieto e imperturbável. Mas é inevitável as perguntas que irradiam com violência. Como essa miserável conseguiu a porra do meu número de celular privado? Poucas pessoas tem esse acesso, é restrito. Quem deu meu número pra essa desgraçada?

Subitamente meu celular vibra em minha mão mais uma vez. Eu giro, visualizando a merda da mensagem.

"Vou ter que mandar quantas mensagens até você responder a mamãe?"

Não foi segundos e chegou outra.

"Você fugiu como se não fosse eu a mulher que te fez homem. Ingrato."

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora