63° CAPÍTULO

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Suiça - Zurique

Lavínia Fadel

As duas semanas haviam se passado muito calma desde o ocorrido naquele restaurante na Itália. Aquele homem... aquele maldito homem, nem se eu quisesse poderia esquecer. Por que eu não me drogava em todos os programas? Talvez fosse mais fácil esquecer o rosto de todos. Naquele dia, naquele bendito restaurante foi um baque para mim perceber que a cafetina Margaret era uma mentirosa nojenta, ela mentiu dizendo que eu só treparia com empresários na área vip, era nítido que na lista extensa com quem eu já trepei existia toda diversidade de homens, bandidos e mafiosos eram o que certamente mais frequentava meu quarto. Sem contar na maldita vez em que ela me mandou para a outra área do bordel, área mais "acessível" e do "povão" e eu, dormia com 8 homens por dia, ou mais.

Filha da puta.

Foi um milagre eu não ter morrido.

Segurando na borda da banheira grande, na cor nude e rústica, com lágrimas nos olhos eu observei os produtos que adicionei na água sendo misturados ao ligar a hidromassagem, vendo-a encher. Estando ela cheia, joguei sais de banho aromáticos e aguardei formar uma espuma consistente e duradoura para entrar. Retirei meu roupão, o deixando cair no chão e entrei na banheira com cuidado, segurando nas laterais e sentando-me, enquanto não parava de chorar, mais uma vez escondida do Ângelo. Ele estava com o Faruk e o Amadeuzinho, na cadeira de rodas por que ainda não tinha forças nos ossos o bastante para andar, ele dava curtos passos, mas já sabíamos que levaria tempo até o pequeno está totalmente bem. Chegamos ontem da Itália, estávamos descansados, pelo café da manhã hoje tentei usar minha melhor face para que ninguém desconfiasse que venho escondendo uma crise de ansiedade e estava passando por um momento de tristeza profunda onde desejava ficar apenas sozinha.

Pela primeira vez, naquele restaurante, eu senti algo tão ruim dentro de mim, foi como se a parte mais feia e horrenda da minha vida estivesse me dado um choque brutal de realidade. Escancarou para mim tudo o que eu já passei, isso eu não esqueceria nunca, não ao ter pessoas que me fizessem constantemente lembrar. O Ângelo, fazendo amor comigo naquele dia me afirmou que acabou, que ele estava morto e que ninguém mais me faria chorar, eu confiei, eu confio plenamente nele por que as promessas dele eram verdadeiras. O carro quando se moveu para longe daquele restaurante a explosão tinha mais cor de sangue que fogo, ali havia voado pedaços de pessoas para todos os lados. Eu chorava no carro, e morriam todos à mingua naquele restaurante.

Meu matador de aluguel não se importava com ninguém... ninguém além da nossa família. Ele mandava matar sem dó nem piedade e sequer soltava alguma lamentação por isso. Pelo contrário, aquilo o havia deixado de pau duro. Enquanto estava dentro de mim naquela noite ele até disse "Estou fazendo amor com você, Lavínia, quando as almas de todos estão aqui nas minhas costas sussurrando para te fuder", o olhar dele estava mesmo sucumbido por uma força maligna, e pensar no quanto de controle ele estava botando a cada vai e vem dentro de mim, me fez ver como era a luta de um demônio para não atender os desejos das suas almas. E o pior de tudo, é que eu gostei. Gostei de ver a luta dele para não me ferir.

Com o Ângelo, só nós dois juntos, com o que nós tínhamos que era forte o suficiente para me tirar de órbita, com ele sim eu podia esquecer de tudo, tanto que se eu pudesse só ficaria nos braços dele noite e dia, com ele o viver é mais tranquilo, menos pesado, menos caótico. E é estranho, por que nos consideravamos o inferno astral um do outro. Ele ama com intensidade e eu sinto isso em cada partícula do meu corpo. É pertinente para mim tê-lo me marcando com força, as vezes delicado, mas sempre o mais profundo que pode alcançar. Onde nenhum outro alcançou. Deus! Que bizarro...

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora