62° CAPÍTULO

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Ângelo Fontana


Na noite do dia seguinte, o vento, um fenômeno meteorológico formado pelo movimento do ar na atmosfera, soprou meu rosto enquanto meus sapatos social não ocasionava barulho algum, era mais adequado assim para não chamar atenção nas ruas de Génova aqui na Itália, onde ficarei com a Lavínia por mais duas semanas, pois só sairiamos daqui com o meu filho. Com calor, retirei meu terno e o dobrei em meu braço, arregaçando a manga da minha camisa vinho, observando entre os lados e seguindo para entrar no local combinado.

A parte mais difícil para mim depois que a Lavínia chegou em minha vida, essa a quem designei de corujinha dos olhos bonitos por ter os olhos âmbar mais lindos que esse mundo já teve, olhos tão penetrantes, marcantes e expressivos, era certamente respirar longe dela. Que eu era obcecado por ela isso eu não precisava mais dizer, por que era nítido para todos. Olha as coisas que fiz por ela. Parei de me drogar, passei a incrui-la totalmente em minha vida, a vejo como o nascer do sol dos meus dias e estou prestes a reverter uma vasectomia reversível. Tudo por que os olhos dela cintilou como uma estrela num céu escuro com a possibilidade de ter um filho comigo. Se ela já havia me entregado a vida, o corpo, a alma e o coração, colocar um filho dentro dela seria divino, sem contar que amo a ideia de termos um vínculo e que a faria pertencer a mim muito mais além. Qualquer chance que o demônio tem de encadear sua diaba rainha, ele não vai perder a oportunidade, ele vai fazer, por que ele não vive sem sua parceira. E que inferno dá para comandar sem ela?

Eu amo a tragédia.

A Lavínia é uma.

E assim nós dois unidos virávamos um só.

Eu venho lamentando muito por não morrer por ela...

Mas a única verdade é que estamos predestinados a não morrer um pelo outro, e sim morrer um com o outro, e de mãos dadas.

Ela é a minha destruição e ruína. Por ela, o Ângelo Fontana seria capaz de largar tudo... tudo que construiu. Por que eu construí isso por medo de parecer fraco perante aqueles que queriam minha morte, mas hoje, ela simplesmente curou tudo. Não tenho mais medo de nada, tampouco perder esse tudo, desde que não seja ela a minha perda.

Eu a amo com egoísmo, com posse, com ciúmes, com medo de perde-la. Eu a amo! Eu só sei amar assim. Eu sou quebrado, esse é o meu defeito, eu quero está nela em tudo, quero me marcar nela inteira, quero que saibam sempre que ela tem um dono. Droga! Ter controle sobre quem se ama, é péssimo, isso claramente é por medo da rejeição e abandono. E vem do meu passado, onde eu não fui amado, mas guardei todo o meu amor para quando a dona chegasse.

Caminhando pelo corredor escuro, respiro fundo, encarando o piso de madeira laminado.

— Eu vou fazer você feliz, corujinha. Eu prometo. _Sussurrei num fio de voz, engolindo em seco e sentindo os olhos arderem. Se eu dissesse que não tinha medo de a sufocar por quere-la tanto, mesmo já a tendo, eu estaria cometendo um delito. Eu preciso controlar-me, por que ela já é minha.

Antes de deixa-los no hospital, certifiquei-me da segurança da Lavínia, do meu filho e da Aurora e tudo estava sobre meu controle, então eu podia dar uma escapada. Pela brecha da porta ainda consegui sorrir por vislumbrar a Lavínia toda empolgada, alegrando minha alma, numa chamada de vídeo com o Faruk e com a Zaia, ela ria e chorava no mesmo tempo, era um encanto para o meu coração contemplar tanta emoção naquela mulher ao mostrar o Amadeu para a amiga e o irmão. Não tive dúvidas, eu meteria um filho nela sim. Foda-se!

Empurrando a porta, movi-me para dentro e a fechei com o meu corpo, encostando-me, jogando meu terno na cadeira ao lado e escondendo as mãos no bolso da calça de alfaiataria azul escura.

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora