11° CAPÍTULO

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Lavínia Fadel

Querendo muito conversar, fui até o quarto da Aurora e entrei. Virando-me, a avistei ficar de pé imediatamente e empurrar a gaveta da cômoda com o próprio quadril.

— Estou atrapalhando? _Pergunto. — Eu posso voltar outra hora.

Ela olhou para a cômoda, avaliando e passou a mão sobre, recolhendo um lenço de pressa.

— Eu estava limpando. _Ela dobrou o pequeno lenço duas vezes e eu vislumbrei ele sujo de sangue. Faço careta e ela percebe. — Meu batom vermelho quebrou e sujou tudo. _Explicou e descansou o lenço sobre a cômoda. — Mas venha. Você precisa de alguma coisa?

Nego e cruzo os braços.

— Vim conversar com você. _Eu e a Aurora nos dávamos muito bem, talvez por ser apenas um ano mais velha que eu e sermos as mais novas do bordel, era fácil conversar com ela e ela mostrava sempre solícita a me ajudar. Ela já estava na casa quando eu cheguei e foi a primeira a me estender a mão e ter paciência para me ensinar tudo sobre esse meio da prostituição.

— Sobre o que? _Quis saber.

Eu respiro fundo.

— Estranho que uma de nós tenha morrido. Quem seria capaz de uma atrocidade dessas? _Faço careta e sento-me na cama.

— Aquela vagabunda vivia pegando no seu pé, deveria saltitar por ela está morta.

— Não consigo sentir algum alívio.

— Acho que te fizeram um favor.

Nego. A mulher tinha família... como não devem está?

— Não diga bobagem, Aurora.

— Por que estamos falando dessa infeliz? Você não veio aqui pra isso, veio? _Ela raspou as mãos no pijama e veio sentar também na sua cama. — Como foi ontem?

Eu a encaro.

— Péssimo. Se aquele homem não estivesse machucado ele teria me matado. O cara é um louco. _Digo escandalizada com tudo que rolou ontem. — O cara cheirou cocaína em minha perna. Que horror!

Sem contar que meteu a porra de uma faca na minha buceta e me fez gozar.

Que homem maluco...

É realmente um psicopata!

E o negócio lá de necrofilia, será verdade?

Como o cara poderia comer um cadáver ainda quente?

Isso é doença.

— Estou sentindo uma energia meio dark aqui. _Ela comentou e eu franzio o cenho, inundada de repulsa.

— Sem mentira, o cara é muito estranho.

— E não é desses que você gosta? _Ela perguntou rindo.

— Deus me livre! Eu tenho é medo daquele doente. Ele é esquisito, me olha como se eu fosse um nada. Ontem senti como se ele fosse me matar de verdade.

— Mas não matou. _A Aurora lembra e sorria atoa. — Ele é muito gostoso. Tem um olhar sexy e um caminhado tão atraente. Até eu, Lavínia, ia implorar para que aquele homem me matasse macetando.

Estou pasma.

— Você é bizarra. _A dou um tapa e fico de pé para sair do quarto e ir tomar café. Deu de conversa por hoje.

— Você é tão burra por não aproveitar aquele homem.

Desfiz o sorriso.

— Eu nunca vou aproveitar nada com aquele indigente desprezível e canalha. _Declarei odiosa.

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora