40° CAPÍTULO

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Lavínia Fadel

— A falta que a gente sente quando não voltam para nos cortar no outro dia.



De todas as loucuras descabidas que o Ângelo já tenha deixado ser visível para mim, ouvir aquela merda sair dos lábios que eu adorava beijar foi mais sórdido do que qualquer coisa.

O que droga ele estava dizendo?

Quer dizer que ele só estava esperando o pai aparecer para acabar logo com ele?

Que porra é essa?

Ele tem algum problema mental? É claro que tem! É o Ângelo Fontana, um maluco tão doido quanto o psicopata principal desse livro idiota. Nunca ouvi tanta barbaridade na minha vida em uma única noite. Que nojo!

Pulando da mesa onde seus braços fortes me encurralava, o empurrei e me desvencilhei do seu toque quando ele ousou a tentar encostar em mim.

— Não se atreva a me tocar. _O olhei matadora com uma raiva desgraçada no meu peito.

— Lavínia...

— Lavínia é o caralho! Vai se fuder! _Ergui os braços, lavando minhas mãos por ele e saindo as pressas da porcaria da biblioteca quente pela lareira queimando madeira e o cheiro ridículo de incenso que parecia indicar a droga da presença de algum espírito maligno.

Chegando a porta da mansão, a abri e deixei que o vento daquela noite fria soprasse meus cabelos. Eu precisava de ar puro.

— Lavínia, não ouse a sair dessa merda e de noite.

Ouvindo seu rosnado de animalzinho contrariado, olhei para trás e sorri irônica.

— E você vai fazer o que? _Meu olhar desprezível deslizou sobre seu corpo. — Colocar uma capa superprotetora no seu peito para proteger de mim sua pele destroçada e proteger de qualquer pessoa que se atrever a tocar no brinquedinho do seu papai? _Fui severa, mas eu não podia acreditar que o Ângelo, o homem mais perverso que eu conhecia era controlado ainda pelo monstro do pai.

Ele se apressou até mim e agarrou com força em minha nuca, virando meu corpo contra o seu e me espremendo contra o batente da porta, machucando-me e arrancando um grito agudo da minha garganta.

— Escuta aqui, sua cadela de merda! Você não vai me tratar assim.

Cravei as unhas em seus braços e olhei feroz nos seus olhos escurecidos pela raiva e furor, ele parecia o cão do inferno, possesso e fragmentado. Então esse é o Ângelo completamente despido?

O tempo todo esteve se guardando para ele... _Me ouvindo resmungar com fúria, ele me enforcou, empurrando-me agora para o lado de fora da porta da mansão, jogando-me contra a parede de pedra. — Ai, caralho! Filho da puta! _Consegui o dar um tapa na face e ele me segurou fortemente, pressionando o seu corpo no meu e tentando me matar asfixiada.

— Senhor Ângelo? Algum problema? _Vislumbrei a torre maldita do seu segurança emergindo dos pilares da escada. Eu jamais pediria socorro a qualquer um dos seus subordinados.

Esperando um momento de distração do Ângelo, e quase morrendo sem ar do aperto dos seus dedos fechando em meu pescoço e olhar compenetrado em ver a morte em meu rosto, o dei uma ajoelhada violenta no seu membro entre as pernas e fui rápida ao enfiar a mão no bolso da sua calça, pegando a chave do seu carro e correndo para sair pelos portões da mansão, respirando forte e ciente que ele permitiu que eu escapasse e que ele não fazia qualquer esforço para me matar de fato, ele queria extravasar por eu não ter reagido bem a descoberta, eu sabia que tinha algo errado com o quanto esse maluco protegia as cicatrizes. O cara virou um lutador de rua quando morava nas ruas, se tornou matador de aluguel e dono de vários clãs, eu nunca teria chance contra ele caso ele quisesse me matar.

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora