47° CAPÍTULO

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Lavínia Fadel



Minha visão se encontrava embaraçada, tudo desgraçadamente desfocado pelas lágrimas. Era como estar submersa no mar mais profundo da face da terra, em um oceano e nadando no meio do espiral que desejava drasticamente me engolir para as profundezas. A ardência em minha pele por conta das lágrimas permaceu por todo o percurso. Eu havia chego no bordel e para a minha infelicidade ali dentro do escritório estava também sob o mirar de uma arma o responsável pela cerimônia, pois o cardeno aberto sobre a mesa e com uma caneta ao meio, ambos virados em minha direção me fez ver que o desgraçado pensou em tudo. Eu estava fudida...

— Minha noiva chegou. _Ele riu, erguendo-se da sua poltrona e retirou sua arma do cós da calça, destravando e apontando para mim ao contornar a mesa e vir para perto. — Todos estão presentes. Eu, o noivo. Você, a noivinha. As duas testemunhas, que é meus homens e o cerimonialista que oficializa tudo. _As lágrimas pingam dos meus olhos e eu as barro, olhando-o furiosa. — Podemos começar. _Avisou e se colocou ao meu lado.

— Antes de mais nada... gostaria de falar da importância do casam...

O velho cortou as palavras falhas e medonhas do cerimonialista ao apontar a arma para ele, o assombrando.

— Seja sucinto. Corte a droga da baboseira e vá direto ao que importa. _Exigiu arrogante.

— Está bem... _O senhor com medo e trêmulo, me olhou, estendendo-me a caneta preta. — Senhora, assine por favor.

Sentindo o olhar do infeliz sobre mim, eu estreito o olhar no seu rosto.

— Não. _Declaro.

A arma do velho colou em minha testa e eu apertei os olhos diante da subjugação que me causava tremor. Eu não queria fazer isso. Não queria pertencer a esse monstro. Eu não o amava.

— Tem certeza? _Seu tom de voz era baixo, porém rasgando em cada ar que ele respirava a minha morte lenta e dolorosa.

Abro os olhos.

— Enquanto eu não souber que o Ângelo foi salvo eu não irei assinar absolutamente nada. _Fui firme, mesmo as lágrimas correndo por minha face e me colocando em posição de fraca perante o demônio do inferno.

O quanto eu pudesse prolongar aquela merda eu faria. Eu só desejava ter notícias do Ângelo e do seu estado, a Aurora ainda não tinha me ligado e eu estava numa espera eterna por essa ligação, não importava realmente qual seria o meu destino cruel depois disso. Eu preciso saber do Ângelo e como ele está.

De repente, meu celular tocou e eu rapidamente o tirei do bolso, visualizando a tela. Era o número desconhecido que esse desgraçado apontando uma arma para mim usou para me ligar ainda na mansão, então não havia dúvidas, era a Aurora. Imediatamente atendo.

— Lavínia? Sou eu o Popkov. A Aurora pediu para que eu te ligasse desse celular para você ter ciência que encontramos o Ângelo. Trouxemos uma ambulância para fazer os primeiros socorros e estão agora soltando o Ângelo das correntes, ele tem sinais vitais, só está desacordado. Vamos levar ele e a moça para o hospital. Ela está com a perna quebrada, o filho da puta quebrou. _Eu choro por ouvir que eles os encontraram e que o Ângelo ficaria bem. — Eu não sei que merda está acontecendo, mas é óbvio que está acontecendo alguma coisa. Você não descobriria que o Ângelo estava justamente em dos locais de turtura dele e não viria conosco. Porra! Vocês não estavam juntos?

O olhar do pai do Ângelo sobre mim era impaciente e o cano da arma em minha nuca e o dedo no gatilho me fez perceber que ele tinha pressa para acabar com isso.

— Cuida do Ângelo, por favor! E não tira os olhos da Aurora, mantenha ela na mansão... _Eu respiro embargada, tomando coragem. — Eu preciso agora pagar uma dívida...

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora