A MERETRIZ - Predestinada a morte

42° CAPÍTULO

Lavínia Fadel

Na manhã do dia seguinte eu acordei com o toque incessante do meu celular. Com o rosto afundado em meu travesseiro muito confortável, passei a mão sobre o móvel ao lado da cama, tateando e encontrando a droga do celular, imediatamente deslizo o dedo sobre a tela de modo automático e trago o aparelho gelado pelo frio até minha orelha.

— Alô? _Atendo sonolenta, e os cabelos todo bagunçado em minha face. Eu devo está com o rosto todo amassado.

— É inacreditável que minha líder esteja na cama uma hora dessas. _Era a voz de um dos matadores. Reconhecendo-o, abro os olhos e retiro os cabelos do meu rosto.

— Popkov.

— Tem outro assassino delicinha igual eu, minha jóia? _Fez graça e eu quis me esganar por ter atendido a ligação. A interjeição que deixo escapar e que demonstra todo o meu mal humor para suas piadas ridículas o faz limpar a garganta e falar o que realmente quer comigo tão cedo. — Seu pai está sedado. Estamos o arrastando agora para o jato sem levantar suspeitas da polícia ou do estado. Querida Lavínia, afirmo com toda a minha convicção de matador que não brinca em nenhuma missão, ainda nessa madrugada o velho já estará na Suiça para àquela sua reunião sanguinária de família. _Revelou em tom sarcástico.

Com tudo, ao ouvir suas palavras me sinto definitivamente acordar e viro meu corpo na cama, sentando-me e sorrindo largo.

— Leve-o diretamente para o local onde o Ângelo usa para torturar. _Ordeno, me arrastando e pulando da cama. De repente, acordar me encheu de disposição para aproveitar o dia.

— Devemos alimenta-lo?

— Não! Quero ele fraco. Eu preciso de respostas e só esse maldito pode me dar. _Abro a janela e respiro o ar puro, fechando os olhos e sentindo que muita coisa será esclarecida. —Vou desligar. Esteja em alerta. _São minhas últimas palavras e finalizo a ligação. Então observo o céu nebuloso e úmido completamente cinza indicando a poluição da atmosfera. No fundo tenho esperanças que meu pai não tenha me entregado ao bordel. Não sei... sinto que isso passaria de todos os meus limites para perdoa-lo. Ele matou o homem que eu estava apaixonada e foi um desgraçado por toda a vida, mas sempre dizia que era sua forma de proteção.

Balanço a cabeça subitamente, negando o absurdo que penso e matando de vez qualquer pensamento misericordioso da Lavínia boa, da Lavínia que tinha um coração que podia amar, da Lavínia que só queria ser feliz. Essa Lavínia não existia mais, ela estava morta e não podia se padecer com mais nada, ela foi destruída, humilhada e vendida. Essa Lavínia foi abusada e quebrada de tantas maneiras que ninguém podia entender a fome que eu tinha de querer me mostrar a todos tão forte. O Ângelo Fontana fez despertar em mim o anseio de querer parecer com ele.

Bem que dizem que o mal corrompe.

Mas não importava mais lutar por ser boa, agora eu e o meu carrasco lutariamos do mesmo lado e por vingança. Nós dois faríamos justiça e com nossas próprias mãos. Estamos mortos mesmo, então vamos massacrar quem jogou terra no nosso túmulo após nos matar.

***

De braços cruzados e encostada no batente da porta, eu observava cheia de orgulho o meu irmãozinho tendo o seu primeiro dia de aula na biblioteca da mansão. Eu, com roupa de treino, aguardava o matador 27 chegar da rua para treinarmos juntos, ele havia me ligado para dizer que se atrasaria, confesso que meu sexto sentido apitou e eu senti como se ele estivesse me evitando. O Ângelo também não estava na mansão, não o vi no café da manhã, sinto que ele ficou muito chateado comigo por eu ter o "rejeitado" essa noite, saiu possesso do meu quarto igual um demônio quando não convence uma alma de que o inferno é melhor que o céu. Mas eu não iria facilitar para ele, por mais que eu queira, não vou mais deixar que ele entre no meu corpo do jeito que bem quiser, não sem antes ele vir falar comigo e confessar que está disposto a me PERMITIR TOCA-LO.