4° CAPÍTULO

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Ângelo Fontana


— Ela faz tudo sem exceção.
— Tudo?
— Tudo! Exatamente tudo. Qualquer fantasia que o senhor desejar.

De repente, minha conversa com a desgraçada da cafenita invadiu a porra da minha cabeça e torturava-me.

Se a moça acaba de dizer que eu fui o seu primeiro cliente fica claro que a velha mentiu para mim.

Encarei a moça com horror, mas horror de mim mesmo, do que eu fiz com ela naquele dia.

Eu acreditei na velha e a estuprei.

Possuído e infeliz, olhei para a moça nua na cama, ela estava cabisbaixa, sentada, encolhida, amedrontada e chorando muito baixo, com medo de me provocar uma súbita raiva e eu ser rude e impiedoso com ela, como já fiz um dia.

Minha cabeça dói e eu preciso olhar para outro ponto que não seja ela. Estou furioso e meus lábios separados sinto que tremem de ódio, me encontro como um cão raivoso tentando se controlar.

Eu bati nela.

Mordi.

Marquei seu corpo.

Entrei nele o quanto eu quis.

Eu a xinguei e a ameacei.

Eu fui um monstro.

Mais uma vez tornei a olhar para ela tão murchinha. Parecia um animalzinho indefezo. O que eu fiz?

Nervoso, pulo da cama e quase cambaleio ao caminhar. Se eu fui o seu primeiro cliente é nítido que ela não sabia fazer muita coisa, a cafetina mentiu para mim e assim pode lucrar uma fortuna com ela, como deve está fazendo o tempo todo e todos os dias. Como fez hoje a entregando nas mãos de três homens.

Com tudo, virei-me e a avaliei.

É só parar e perceber o que acabou de acontecer nesse quarto. Ela nunca havia estado com dois homens e ficou apavorada quando eu me atrevi a invadi-la também.

— Você era virgem? _Questiono. Nesse momento eu não acredito mais nem no lixo do pai dela que me pagou para encontra-la. Devagar, ela ergueu o rosto. — Você não sangrou, mas algumas mulheres não sangram. Preciso saber se você era virgem.

— Não.

Ouvir sua resposta não me deixa mais aliviado. Eu a estuprei.

— Eu fiz muita coisa com você naquele dia. Tudo que eu fiz com você, você nunca fez antes? _Ela negou e eu a assisti puxar o lençol para se cobrir.

Puta que pariu!

A velha maldita me fez acreditar que ela fazia de tudo.

O que droga eu fiz? E que droga eu estava prestes a fazer de novo?

Se o senhor estivesse me ajudado a relaxar, eu acho que eu conseguiria ficar com os três. _Ela falou e limpava os olhos. Estou espantado com tanta merda. — Por que o senhor está assim? _Me olhou triste.

— Por que eu cometi um erro terrível com você.

Ela riu sem querer e alisava o próprio braço.

— Não cometeu. O senhor pagou por àquilo. Assim como pagou por hoje. O senhor esqueceu o que eu sou? Eu apenas sirvo vocês nesse lugar. Sirvo quem paga mais. _Sua voz suou tão cheia de dor.

Nego, a dando as costas e parando, olhando para trás e voltando para a cama, não me importando com a minha nudez.

— Quem é você? _Pergunto de joelhos, segurando o seu rosto e com o olhar fixo nos seus de cor âmbar.

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora