Ângelo Fontana
Vendo-a conversando entretida com os rapazes, desci após o banho e fui para a cozinha.
— Você vai dividir?
Ouço ao retirar uma garrafa d'água da geladeira. Viro-me e o encaro.
— Dividir o que? _Não tenho muita paciência e esse infeliz sabe.
— A Lavínia. Não foi pra isso que você a trouxe?
O olhei de cima abaixo com resquícios de desprezo.
— O que te faz pensar que eu trouxe ela para dividir com vocês? _Questiono, seguindo para encher meu copo d'água.
— Você sempre compartilha. _O 27 preparava a mesa. Todos tinham nome, mas no clã era denominado pelo número. — Lembra quando nós 4 fudemos uma mulher com uma cobra... usando o rabo da cobra? _Ele recordou de uma tortura há mais de um ano e parecia maravilhado.
— Sabe muito bem que não era para sentir prazer naquele dia.
— Foi inevitável. Eu gosto dessas coisas meio invulgar. Não viu como fiquei duro na época? _Falou e parou para pensar, mergulhando nas lembranças daquele dia. — A mulher era uma desalmada, ela havia molestado o filho ainda bebê. Nada mais justo que enfiar uma cobra viva na buceta daquela infeliz.
— E eu sou o doente. _Ironizo, bebendo minha água e molhando minha garganta seca.
— Então não a trouxe para dividir com a gente?
— Eu teria que morrer para que algum de vocês tocasse indecentemente num fio de cabelo da Lavínia.
O 27 riu e balançou a cabeça.
— Ela é linda. Muito melhor do que na foto.
— Sim, ela é.
— Encontrou o garoto?
— Ainda não. Mas é só questão de tempo.
— Quando a vi pensei que já havia a sequestrado. Mas ai lembrei que você nunca a traria para a mansão e sim para a floresta.
— Que bom que você me conhece tão bem.
— Por que ela está aqui? _Questionou.
— Hoje a noite vai umas pessoas estranhas no bordel, suspeito que tenha investigador no meio. _Revelo.
— Será que o velho descobriu que o corpo não era da filha dele?
— Saberemos em alguns dias. Enquanto isso vou ter que está de olho nela.
— Por que não matamos logo ele?
— Por que não ia ter graça se fosse tudo muito rápido. _Sorrio com escárnio.
— O 1 deve tá explanando tudo. _Comentou, alertando-me.
— Ele sabe bem o que dizer ou não dizer. Eu não me importo dela saber o que sou e o que somos. _Observei o corredor. É bom que ela saiba mesmo quem sou, assim vai manter aquela língua atrevida e afiada dentro da boca.
***
É óbvio que eu não confiava em nenhum homem perto da Lavínia e por isso estava discretamente atento aos três conversando com ela. Aqui todos sabem o que ela é e acredite, por mais que evitemos imaginar ela de forma libidinosa é impossível esquecer que a Lavínia é uma meretriz, ainda que ela tenha sido obrigada pelas circunstâncias a se tornar uma.
Como homem digo que sei o que se passa na cabeça de outro que está diante de uma mulher bonita que ganha a vida trepando. No entanto, fico até mais tranquilo por os três estarem agindo como se ela fosse uma convidada e a fazendo sorrir na mesa.
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A MERETRIZ - Predestinada a morte
RomanceDARK ROMANCE Lavínia foi raptada do seu país para se prostituir na Suiça, mas seria capaz de fugir da morte? Seu algoz está à espreita. Resta saber se vai mata-la, ou corrompe-la. Pois ele se ver como o demônio sugador de almas.